A propósito do programa "Globalistas", que se estreou, recentemente, na plataforma TVI Player, a SELFIE esteve à conversa com Filipe Caetano, que integra esse podcast.
Nesta entrevista, o jornalista, que deixou a Media Capital após mais de duas décadas, fez um balanço positivo dessa longa experiência profissional: "Saí da Media Capital como funcionário, depois de 24 anos. É, de facto, uma vida, só posso estar agradecido por todas as oportunidades que tive. O balanço é fabuloso. Passei por muitos setores: comecei na Internet, no MaisFutebol, depois estive num projeto que nem sequer já existe - o Portugal Diário -, colaborei com o Rádio Clube Português, fui o editor fundador do site da TVI24 e depois acabei por ter dois programas na TVI24, passei a ser jornalista no Internacional, a ser editor no Internacional, fartei-me de viajar pelo mundo."
"Foi uma decisão pessoal de querer mudar um pouco a minha estrutura de vida, mas continuarei a ser repórter e jornalista, independentemente do que possa vir a fazer. Neste momento, estou entusiasmado com este tempo de mudança e com o facto de, felizmente, no momento em que saio da empresa, é quando tenho um projeto na empresa, não como funcionário da Media Capital, mas tendo esta oportunidade para trabalhar [nos "Globalistas"]", acrescentou.
Sem dúvida que um dos momentos mais marcantes no trabalho com a Media Capital foi a recente cobertura da guerra na Ucrânia: "Deu-me uma realização profissional muito grande, porque, quando era jovem, queria ser repórter de guerra. Mudou-me imenso. Levou-me a refletir mais sobre o que acho relevante para a minha vida e também me fez perceber, mais tarde, depois da guerra, que há vida para além do trabalho e nós, muitas vezes, nos concentramos, durante muito tempo, no trabalho e achamos que o trabalho é essencial na nossa vida. É importante, mas há muitas mais coisas."
Filipe Caetano fez uma viagem no tempo e recordou um episódio marcante, vivido na guerra: "Deparei-me com uma situação entre a vida e a morte. Foi quando eu e o David Luz [operador de câmara] estávamos nos arredores de Kharkiv, na Páscoa de 2022, numa aldeia que tinha sido reconquistada pela Ucrânia - quando a Rússia ainda cercava a cidade de Kharkiv - e fomos alvo de um ataque de mísseis russo. Salvámo-nos por uma questão de sorte. Foi um episódio marcante. Não me deixou marcas a nível psicológico, mas fez-me mostrar que muito do trabalho de jornalista tem tanto de voluntarioso, como de inconsciente, como de louco. Estamos imbuídos numa espécie de adrenalina que nos deixa algo drogados. Estamos numa espécie de missão, mas com um colete à prova de balas, um capacete e bombas a caírem sobre nós, sem termos forma de nos defendermos."
"É uma situação relevante que demonstra como os jornalistas podem colocar a vida em risco só para poderem relatar o que está a acontecer", completou.