Estando a viver uma intensa fase profissional, Paulo Pires esteve, até há uns meses, em cena com a peça "O Filho".
Numa entrevista, concedida ao programa "Goucha", o ator, de 56 anos, contou que esta peça o mudou enquanto pai: "Acho que sim. Acho mesmo que sim. E espero que sim. Estou a arrepiar-me, ao falar de 'O Filho'. Se esta peça não me mudou como pai, é porque não soube aprender com ela. Porque esta peça, não sendo serviço público, acaba também por ter essa função."
"O ponto de partida da peça é muito simples. É uma família que se destabilizou, porque um jovem se sente dividido ao meio, 'partido ao meio', como ele diz. Ele acusou muito a separação dos pais. E a moral da peça não é. 'Ah, os pais não se podem separar, porque as crianças e os adolescentes sofrem muito com isso.' Não. Quer dizer, as pessoas têm de viver a vida delas. Só que há vários gatilhos possíveis na vida de uma pessoa, não necessariamente só de um adolescente. Neste caso, este adolescente acusa muito isso, sofre muito pela ausência do pai, o pai depois tem uma segunda família e um segundo filho, e é o ponto de partida para alguém que se sente perdido e sem objetivos", acrescentou.
Paulo Pires confessou que se comoveu bastante na preparação para este trabalho: "Tinha visto a peça em Londres. A peça não me tocou muito, na altura. Mas acho que foi uma falha minha. Vi a peça em inglês e, apesar de falar um pouco nessa língua, a peça não me chegou da mesma forma como me poderia ter chegado na minha língua. Entretanto, quando agora fiz a peça, na primeira leitura, ficámos todos... Houve quem chorasse, ficámos todos arrepiados com a peça e eu, quando comecei a estudar o texto em casa, chorei várias vezes. Era mesmo tocante. Toda aquela fragilidade que o miúdo sentia..."
Veja, agora, na íntegra, a entrevista concedida por Paulo Pires ao programa "Goucha".