Entrevistas

Maria João Vaz defende a primeira Miss Portugal transgénero: "Somos seres humanos como os outros"

A SELFIE esteve à conversa com Maria João Vaz sobre a primeira Miss Portugal transgénero, Marina Machete.

Marina Machete entrou para a história como a primeira mulher transgénero a ganhar o título de Miss Portugal e este tem sido um dos assuntos do momento.

Na antestreia dos "Morangos com Açúcar", da TVI, que aconteceu na passada quinta-feira, dia 19, a atriz Maria João Vaz, transexual, falou sobre a conquista da jovem, de 28 anos, em conversa com os jornalistas.

"Eu acho que foi ótimo e ela podia não ter dito nada. Assumiu a sua condição e acho isso muito importante. O fundamental é as pessoas perceberem que somos seres humanos como os outros", começou por dizer.

"Nós, mulheres trans, somos mulheres, acima de tudo. Somos seres humanos e mulheres como outras quaisquer. A nossa proveniência biológica, digamos, sofreu ali um desvio. Mas não deixamos de ser mulheres e é assim que queremos ser vistas e interpretadas pela sociedade! Isto faz muita confusão a algumas pessoas e depois evocam que, para ser mulher, é preciso fazer isto ou ter aquilo. Há muitas mulheres que lhes foi atribuído, à nascença, o género feminino, que também não têm as mesmas capacidades por umas razões ou outras. Não é isso que define uma mulher", continuou.

"Portanto, acho muito importante que se continue a falar. Há muito preconceito, ainda. Mas eu tenho esperança, tenho sempre esperança em tudo", frisou Maria João Vaz, que ficou conhecida quando ainda era João Vaz e interpretou o pastor de um anúncio de uma marca de telemóveis nos anos 90, no qual dizia "Tou xim? É p'ra mim".

O facto de Marina Machete ter concorrido ao concurso de Miss Portugal foi, na perspectiva da atriz, "uma exposição muito grande e deu muita visibilidade ao tema". "Mas houve pessoas que se revoltaram ferrenhamente contra aquilo. Até psicólogas [falando especificamente do comentário de Joana Amaral Dias]! Que apoio é que estas pessoas podem dar aos seus clientes? Não tem capacidade, não tem empatia alguma. Fez-me muita impressão. As pessoas que se metam nas suas vidas. Vivam as suas vidas e sejam felizes, deixem-nos sermos felizes. Há espaço para toda a gente. Devemos ser livres de viver como queremos", rematou.

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