É um dos assuntos do momento: Marina Machete entrou para a história como a primeira mulher transgénero a ganhar o título de Miss Portugal. Uma vitória que dividiu opiniões.
Filipa Gonçalves não se mostrou indiferente a esta controvérsia e, em exclusivo à SELFIE, mostrou-se crítica em relação a quem se opôs a esta vitória. "Com toda a informação que já existe sobre este assunto, parece que a sociedade hoje em dia continua a ter um adjetivo para rotular as pessoas. Acho que isso é errado, é crime, é bullying. Acho que as pessoas deviam parar de o fazer, porque somos todos seres humanos, todos temos direitos e aplaudo a coragem da Marina Machete. Gostei de ter sido ela a ganhar", começou por referir.
"Todos nós somos seres humanos. Somos espírito, somos alma, independentemente de sermos homens ou mulheres. E adjetivar alguém - como vi que adjetivaram... Acho que o nosso país precisa de avançar", acrescentou.
"Se ela participou no concurso e se ela ganhou, é porque legalmente é uma mulher. Não é um transexual. Não é aquilo que algumas pessoas andam para aí a dizer. As pessoas podem ser diferentes, entre aspas, mas devem ser respeitadas. Isto é algo que defendo desde que fui pioneira e consegui fazer com que as leis mudassem", garantiu ainda.
Para Filipa Gonçalves, algumas críticas foram até "muito graves": "Quando temos pessoas que aparecem na televisão, e até são formadas, a dizerem o que dizem, é grave. É muito grave. E temos de nos unir todos, porque nunca sabemos o que vai acontecer com um familiar nosso. Temos de nos unir, seja para o que for. As pessoas têm de seguir o que sentem para serem felizes, sejam lésbicas, gays... As pessoas têm de se aceitar como são, porque só assim é que isto vai andar para a frente".
"Estou do lado dela", sublinhou, aproveitando para revelar: "Aliás, há uns dias, até trocámos umas mensagens pelo Instagram. Ela disse-me que foi graças a mim que ela tinha tido coragem, porque eu tinha sido uma 'luz no fundo do túnel'. Fiquei sentida com as palavras dela. E quase que a apadrinhei. Não é justo o que estão a fazer com a rapariga. Cá para mim, quem a ataca são pessoas mal resolvidas."
Filipa Gonçalves reforçou ainda o quão complexo é o processo de transição de género: "É um processo que envolve muita coisa: psicólogos, psiquiatras, endocrinologistas, o Bastonário da Ordem dos Médicos... Tem de haver três avales positivos para a pessoa ir em frente, porque é algo muito complexo. É muito injusto o julgamento que fazem com alguém que passa por um processo tão longo e, muitas vezes, não muito feliz", afirmou, quase emocionada.
"É maldade o que lhe estão a fazer. Hoje em dia, com as redes sociais, julga-se muito, aponta-se muito o dedo", completou.
Veja, agora, imagens de Marina Machete, na galeria de fotografias que preparámos para si.