Fale-nos do momento em que disse aos seus pais que queria mudar de sexo.
Tivemos uma longa conversa, de coração aberto. Disse que era essa a minha verdadeira felicidade e o meu verdadeiro caminho. Eles ouviram e, no fim, disseram: 'Vamos fazer tudo para seres feliz, porque os pais querem-te bem, feliz e realizada.'
O seu pai é ex-futebolista. Como foi crescer no meio desportivo? Era um mundo bastante machista?
O meu pai - sendo um homem muito respeitado e acarinhado pela carreira, postura e carácter enquanto jogador e pessoa - fez-me crescer de uma forma muitíssimo protegida. Tenho os melhores pais do mundo, porque sendo o futebol um mundo machista, os meus pais sempre tiveram todos os cuidados para que não sofresse com isso.
A Roberta Close foi importante, para si e para os seus pais, no processo de transformação?
A vida deu-nos o privilégio de conhecer e privar com a Roberta Close. Ajudou-nos das mais diversas formas. Foi um anjo enviado por Deus, porque, na altura, conseguiu acalmar e esclarecer muitas dúvidas que tinha.
Além do apoio dos pais, sempre sentiu apoio de toda a família?
O apoio dos meus pais foi fundamental! Poucos foram os familiares que apoiaram e compreenderam a situação delicada que vivia.
O processo de mudança de sexo começou aos 14 anos e, aos 18, submete-se a uma operação. O que lhe passava pela cabeça nesse grande dia, em que iria mudar de sexo?
Que, finalmente, ia ter e sentir a plenitude que sempre desejei e sonhei.
Quando e como é que, finalmente, concluiu o tão desejado processo de mudança de sexo?
O processo ficou concluído numa das minhas viagens à Suíça (onde me operei com o melhor).
Quais as primeiras impressões ou sensações que teve, finalmente, após a mudança de sexo?
Senti uma paz de espírito absoluta. Após tantas batalhas, tinha, finalmente, encontrado a serenidade, felicidade e calma no coração e espírito. A maior sensação que tive foi de uma liberdade total!
Passou por um longo processo de mudança de identidade?
O meu processo de mudança de identidade durou dez anos, fui na altura, em Portugal, a uma pessoa para fazê-lo. Senti-me uma vencedora!