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Psicóloga Teresa Paula Marques sobre Catarina Gouveia: "Houve algum exagero na busca de uma imagem perfeita"

Tempos houve em que o tema do parto era um tabu, raramente se abordava, já que se considerava um assunto do foro íntimo.

Psicóloga Doutorada em Psicologia
  • 31 mai 2022, 08:53
Teresa Paula Marques lança livro "Odiolândia"
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Num segundo momento, o parto começou a ser romantizado, o que o levou a ser descrito como maravilhoso, único! É inegável que, no sentido simbólico, é esta a realidade, uma vez que gerar uma vida é algo ímpar, daí que se apelide de "dar à luz", o que significa mostrar ao mundo!

Mas, com o passar dos anos, algumas mulheres encheram-se de coragem (porque é preciso tê-la) e vieram desmontar esta ideia, ao dizerem que "sim, é maravilhoso ser mãe, mas o ato em si não deve ser romantizado, porque, na realidade, acarreta bastante sofrimento".

Tudo isto é ultrapassável, claro está, até porque a oxitocina, também chamada de hormona do amor, faz bem o seu trabalho e, ao começar a ser libertada pelo organismo, permite que a parturiente, rapidamente, desvie o foco de si mesma e o dirija para o bebé.

Estas corajosas mulheres foram mais longe e mostraram como os seus corpos tinham mudado e, muitas vezes, até partilharam a dificuldade em perder o peso que ganharam durante a gravidez. Quer queiramos, quer não, esta é a verdade crua e nua.

Depois de tudo isto, eis que surge a fotografia do pós-parto da atriz Catarina Gouveia. Uma fotografia bonita, sem dúvida alguma, mas que, dificilmente, corresponderá à realidade.

O que me ocorre dizer é que a atriz desejou seguir os passos do James Bond, porque só o 007 consegue entrar em lutas, saltar, correr e nunca ficar despenteado e com a roupa amarrotada!

Tudo isto para vos dizer que as críticas de que foi alvo são perfeitamente compreensíveis. Houve algum exagero na busca de uma imagem perfeita, num momento que, em si mesmo, já é bonito, uma vez que a fotografia de uma mãe com o filho nos braços é, por si só, algo enternecedor.

Entretanto, leio que algumas figuras públicas vieram apelar para a união entre mulheres, a tão falada sororidade, repudiando os comentários menos abonatórios. Curiosamente, são as mesmas que, também, defendem que as mulheres devem mostrar-se como realmente são, combater o estereotipo de beleza que nos é constantemente transmitido pelos media e pelas redes sociais, oporem-se às magias do Photoshop, mostrarem as estrias, assumirem os cabelos brancos... Então em que é que ficamos? Haja coerência!

Teresa Paula Marques
Psicóloga Doutorada em Psicologia

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