Daqui a pouco tempo, vamos poder fazer isso em casa, no televisor da sala. Escolhes o canal, vais ao menu e selecionas as notícias que queres ver, através de uma lista. Simples.
E esta realidade nem sequer é virtual. Já existe, impelida por avanços tecnológicos imparáveis e cada vez mais surpreendentes.
Ainda sou de tempo em que as notícias se faziam em filme de 16 mm, que precisava de ser revelado antes de cortado e colado numa máquina Steenbeck. Depois chegou o vídeo em cassete eletromagnética. E depois a cassete digital. E depois o cartão digital. E depois… sabe-se lá o quê mais.
Estas transformações são espetaculares e estão a mudar a televisão em todos os níveis: no modo de ver e no modo de produzir. Hoje é tudo muito mais rápido, vertiginoso e próximo. Nunca a televisão foi tão pujante, variada e interessante como hoje. Milhares de canais, milhares de opções, concorrência revigorante e um mercado que não para de crescer e de deslumbrar.
Neste robusto mercado da televisão, o jornalismo ganha uma importância crucial e decisiva. É a intervenção do jornalista que credibiliza e valida as notícias, separando o trigo do joio e ajudando a combater a praga das fake news e das publicações pretensamente informativas das redes sociais. Se há momento na história da Comunicação Social em que o papel do jornalista é absolutamente imprescindível, é este.
É através do jornalista que o público confia nas notícias. E é através do jornalista que as realidades são interpretadas e enriquecidas, sem distorções nem manipulações.
O futuro da televisão que muda vai continuar a passar pelos jornalistas. E somos nós que vamos ter de liderar as transformações que a tecnologia nos oferece. A existência de uma playlist de notícias, à disposição do espectador, não vai acabar com os noticiários. Vai, isso sim, obrigar a reinventar os noticiários, com uma aposta clara nos eventos em direto e em conteúdos muito personalizados. Provavelmente, teremos daqui a pouco tempo “noticiários de autor”, em vez dos habituais telejornais clássicos. Haverá interatividade. Tu escolhes as notícias que queres ver num menu. Nós escolhemos os eventos em direto e interpelamos-te, convidamos-te a participar e envolvemos-te nas notícias que deixam de ser “do dia” para passarem a ser “do momento”. Vai ser um mundo admirável, irresistível, uma permanente sedução entre quem faz as notícias e quem as vê.
A televisão que muda está aqui. E vai tornar-se irreversível assim que todas as famílias tiverem na sala uma smart tv ligada à internet e a um operador de conteúdos. Quando esse dia chegar, temos de estar preparados. Para tudo o que conseguimos prever e para o que ainda estiver para vir.