Selfie Sem Filtros

Sónia Tavares, como nunca a viu, na SELFIE SEM FILTROS

Convidada da rubrica SELFIE SEM FILTROS, Sónia Tavares recorda a infância e a adolescência passadas em Alcobaça, antes de se mudar para Lisboa, onde estudou Antropologia, até que o sucesso dos The Gift não lhe permitiu continuar a estudar. A cantora abre, ainda, o coração para falar sobre a fibromialgia, um problema de saúde que a acompanha desde criança e que se tem agravado com o passar dos anos, e para falar sobre o amor que sente pelo marido, o músico Fernando Ribeiro, dos Moonspell, com quem tem um filho, Fausto, de oito anos.

Criada em Alcobaça, Sónia Tavares guarda muitas memórias boas da infância e da adolescência.

"Tive uma infância, enquanto filha única, neta única, sobrinha única, portanto, era uma menina mimada, não em demasia, mas o suficiente para ser uma pessoa feliz. E a minha adolescência foi super descontraída, na medida em que a liberdade que o meu pai me dava e a confiança que depositava em mim, provavelmente, não seriam as mesmas se vivêssemos em Lisboa. Podia voltar às 04:00 horas, sozinha, a pé pela rua, que não havia problema nenhum e, ainda hoje, não há", recorda a cantora, de 43 anos.

Mas nem tudo são memórias felizes. Nessa altura, Sónia Tavares foi vítima de bullying, algo que a marcou até hoje: "Fazia parte do grupo das miúdas populares, que eram três ou quatro miúdas, bonitas, de Alcobaça, e eu, por acréscimo, ali andava misturadas com elas, mas a receção que elas tinham pelas pessoas era completamente diferente da receção que me faziam a mim e eu percebia. Era mais feia, mais magra, tinha borbulhas, elas tinham as suas formas femininas a aparecer, as miúdas e os miúdos olhavam para elas e eu sempre em patinho feio... e abusavam um bocadinho. Já sabiam que eu era o patinho feio e que me sentia o patinho feio e abusavam um bocadinho, ainda mais, por isso. Nunca mais me esqueci. Não quer dizer que seja uma pessoa diferente por causa disso, se calhar, sou, não faço a mínima ideia, mas nunca mais me esqueci."

Apesar de, na altura, tentar responder a quem a magoava, admite: "A minha voz ainda não era tão forte. Metaforicamente, a minha voz ainda não era tão forte."

Os looks alternativos e as mudanças de visual funcionavam como um escape: "Acho que, mais do que tudo, queremos é passar despercebidas, entre os pingos da chuva. Não sobressair, mas, sim, camuflar-me e, mesmo assim, a camuflagem resultou pior, eu só comecei a ser uma miúda mais feliz e com mais confiança a partir dos meus 15/16 anos, quando já me estava a borrifar. A pré-adolescência, os 12/13 anos, para mim, foram duros."

Ultrapassada esta fase, Sónia Tavares veio para Lisboa estudar Antropologia: "As adversidades que uma cidade destas nos propõe, numa fase em que enfrentamos tudo aquilo que é a faculdade e o sair de casa dos pais…vim sem preparação nenhuma, na realidade, foi isso. [risos]. Até tinha medo de andar no autocarro, estava com vergonha de me enfiar no autocarro e perder-me. Aquele espirito saloio: sais da aldeia, mas a aldeia não sai de ti [risos]."

A música também esteve sempre presente na vida da cantora: "Fazia parte de uma orquestra, desde miúda, portanto, a música esteve, sempre, presente na minha vida. Os meus pais também gostam muito de música. [...] O meu pai é um fervoroso adepto de concertos e de bandas novas, de música portuguesa, e, portanto, quando lhes disse que estava neste projeto... era visto como um hobbie, portanto, as coisas acabavam por se fazer no final do liceu, à tarde, vínhamos até ao sótão do Miguel e fazíamos umas coisas, nada de muito especial..."

Depois, já em Lisboa, o sucesso dos The Gift foi tal que deixou de ser possível conciliar com os estudos: "As coisas correram bem e isso motivou-me bastante. E o facto de a minha voz ser um bocadinho diferente, também… Enfim, as pessoas achavam piada ao facto de sermos diferentes. Muita gente perguntava se eu era um homem, não sabiam bem, e isso deu-nos alguma motivação. Tive que optar. Lembro-me que, em 2000, vinha no avião, da China, a pensar: 'Não vou conseguir fazer os exames, vou ter que os deixar para dezembro'… Nunca cheguei a fazer."

O pai sempre foi e continua a ser o grande apoio de Sónia Tavares: "Desde menina, pequenina. Não me passou, sempre, a mão pelo pêlo, aliás, passou de outra forma, mas apoiou-me, sempre, esteve sempre presente. [...] Era aquela confiança da menina do paizinho, e o papá sempre fez questão de me suportar todos os meus devaneios e todas as minhas decisões, sempre com a sua opinião sábia de pai e os conselhos que me tem dado, ao longo da vida, ainda são válidos. Foi, sempre, o meu papá. É o meu maior fã. Ele ainda chora nos concertos, depois de 700, num ano. Eu, às vezes, digo: 'Agora, vou cantar esta canção e já estou a ver o meu pai a lacrimejar...', super envergonhado e danado."

Já sobre o futuro enquanto cantora e vocalista dos The Gift, Sónia Tavares não tem dúvidas: "No dia em que os The Gift terminarem, arrumo as minhas cordas vocais, porque não tenho estrutura psicológica para começar tudo de novo, sozinha ou sem eles, e não me apetece, também. É com eles que me sinto bem, é aos The Gift que dou a voz. Às vezes, até me convidam para imensos projetos e eu digo que não. Para mim, não faz sentido sozinha ou com outras pessoas."

Questionada sobre a forma como lida com a fibromialgia, o problema de saúde que a acompanha desde criança e que se tem agravado, com o passar dos anos, a cantora confessa que já passou por momentos difíceis, em palco.

"Há dias muito mais difíceis do que outros, mas, normalmente, nos fibromialgicos, o processo mais complicado ainda é quando acordam, porque tudo isto está colado com 'super cola' e, primeiro que descole, é complicado. A noite, apesar de me trazer um grande cansaço, traz-me uma mobilidade muito maior. [...] Já fiz concertos, obviamente, em dor profunda, mas, paciência, tem de ser. No inverno, sofro imenso, já sei quando vem aí a chuva… aliás, quatro dias antes de chover, já sei que vai chover. Toda a minha vida tive dores que me apoquentavam o corpo, mas só depois de ter tido o Fausto é que tive um aumento absurdo de cansaço que não conseguia perceber… Estive grávida, tive um filho, mas eu já tinha corrido o mundo, não fazia sentido... As dores eram cada vez mais e o meu estado de espírito também a ir naquela negritude de dor e cansaço, até que o médico me diagnosticou a fibromialgia e, aí, deixei de ser hipocondríaca [risos]. Fui diagnosticada aos 35, quando tive o Fausto, precisamente. [...] A partir do momento em que soube o que era, em que tenho uma explicação para o que tenho… sou a pior. Já não vou ao médico há mais de sei lá quanto tempo, não vá eu descobrir alguma coisa de que não goste" [risos], conta.

Sendo a fibromialgia uma doença invisível e muito associada a estados depressivos, Sónia Tavares também teve de recorrer a fármacos que a vão acompanhar, sempre: "Lido com fluoxetina, basicamente, já há muitos anos e vou ter de continuar a lidar, para o resto da minha vida, senão… Apesar de ser uma pessoa extremamente agradável e simpática, não produzo serotonina, então, tenho de tomar esses comprimidos para me deixarem o humor minimamente regulado, porque isto é muito complicado, não só viver com esta doença como perceber que quem vive connosco, também, vive mal. Enfim, só mesmo uma pessoa como o Fernando é que me podia apoiar quando tenho as minhas crises e perceber-me perfeitamente e levar-me o pequeno-almoço à cama, porque não consigo levantar-me. Nem toda a gente é assim e eu, felizmente, tive a sorte de encontrar um amor de pessoa."

Será que, afinal, o amor cura? Sónia Tavares sublinha: "Ajuda… a curar, não, mas dá um conforto extra. Um conforto psicológico, um conforto tipo 'não te preocupes, não te consegues mexer, mas eu estou aqui para aguentar a tua cena'. Às vezes, quando o Fernando estava em tournée, e eu não conseguia vestir o meu filho para ele ir para a escola, eu ficava tipo 'sou a pior mãe do mundo' e, depois, isto é tudo uma bola de neve e a nossa cabeça começa a entrar numa espiral de 'sou a pior coisa que podia ter acontecido ao mundo', mas, felizmente, tive aconselhamento com o meu médico, que me explicou tudo e que explicou tudo ao Fernando, porque é muito importante que as pessoas que nos rodeiam entendam o que é que se passa, porque é mais fácil passarmos por preguiçosas ou por 'ela não está nem aí'… Não, eu estou! Só que não consigo. E é muito importante que as pessoas percebam isso, porque é uma doença efetivamente invisível e tu só acreditas que eu a tenho, porque te estou a dizer, tu não vês nada efetivamente. Vês a minha cara assim um bocado mais desconjuntada, mas nada que não me permita trabalhar, por exemplo."

Depois de ter passado por um relacionamento tóxico, e antes de se apaixonar por Fernando Ribeiro, Sónia Tavares estava desacreditada no amor.

"Já não tinha esperança absolutamente nenhuma no amor. Para mim, já estava o caso encerrado. Ia viver felicíssima, sozinha, com os meus gatos, uma vida inteira. E teria vivido e estaria a viver, se não fosse o Fernando. Quando conheci o Fernando, já estava tão pessimista na minha vida que qualquer coisa que viesse era recebida como um ganho, ou seja, nada me desiludia - o pessimista não se desilude", recorda a vocalista dos The Gift.

Foi em 2009, quando se juntaram para fazer o projeto "Amália Hoje", que o amor surgiu: "Para mim, foi imediato, na medida em que ele tinha qualquer coisa que me fazia olhar para ele de forma diferente: um respeito, uma admiração, sobretudo, porque ele é super divertido, super inteligente, super culto, romântico... É uma pessoa super especial e eu sabia que se, algum dia, alguém tivesse que me aturar tinha que ser uma pessoa especial como ele, e calhou. Tinha uma amiga que me dizia assim: 'Gostava tanto que encontrasses um Fernando para ti', por ele ser, efetivamente, muito boa pessoa. E eu, olha, não só encontrei um Fernando, como fiquei com o original [risos]. Ele conhece-me como ninguém e só ele é que me podia entender assim. Os segredos que nós temos que são impartilháveis."

Apesar de se assumir como uma mulher pouco afetuosa e romântica, hoje em dia, Sónia Tavares não vive sem os pequenos gestos de amor do vocalista dos Moonspell: "Sou horrível. Não dou beijos, nem abraços. Não sou carinhosa, nem com o meu filho, nem nada. Sou um trambolho. O contacto físico faz-me um pouco de impressão e sempre fez. Isto agora do Covid, para mim, é uma maravilha. Ninguém se beija, ninguém se abraça [risos]. Não sou nada romântica, antes pelo contrario. Até sou uma pessoa bastante embirrante nesse sentido, que acha que é tudo bastante lamechas. Sempre achei o Dia dos Namorados absolutamente ridículo e sempre achei uma série de coisas ridículas, mas, hoje em dia, aprecio imenso os atos de romantismo que o Fernando tem e demonstra. Eu tento, enfim, fazer outras coisas..."

Este lado menos romântico atribui-o a uma relação tóxica, que teve no passado e que a marcou até hoje: "Fiquei uma pessoa bastante mais amarga, claro. Mudou-me. Tudo nos muda, obviamente, para mal ou para bem. Mas acho que sou uma pessoa mais amarga e, se calhar, até, menos romântica, por causa disso."

Felizmente, teve a sorte de encontrar um companheiro à imagem do pai, que era condição essencial para a cantora, de 43 anos, ser mãe: "Sempre achei que nunca teria um filho se não encontrasse um pai como o meu pai foi para mim e sempre disse isso. 'Nunca vou casar, nem ter filhos porque só admito um pai para o meu filho se for um pai como o meu foi para mim'… Olha... e encontrei. Não andei à procura, até porque não queria ser mãe, mas, depois de conhecer o Fernando, percebi que, se calhar, quem sabe… e correu bem. Normalmente, dizem que as miúdas procuram nos namorados [a imagem dos pais]… sempre achei que isso era absurdo, mas não é. Efetivamente, o Fernando e o meu pai, até, são bastante parecidos. Possivelmente, a empatia e aquilo que me atraiu no Fernando foi alguma familiaridade, nesse sentido. Hoje, não preciso tanto do meu pai, porque o Fernando segura muito a minha barra [risos]."

Questionada sobre se costuma ouvir os temas do marido e se este costuma ouvir The Gift, Sónia Tavares responde, sem hesitar: "Músicas um do outro? Não. Não tenho paciência, nem ele para as minhas. Aí, não há correspondência. Normalmente, quando vamos no carro, vamos a ouvir os 'Power Rangers', porque o pequenito [o filho, Fausto] é quem vai a dominar o Spotify." [risos]

A propósito do papel de mãe, Sónia Tavares confessa: "Não sou a melhor mãe do mundo, não sou, confesso. Não sou mãe galinha, não coso as meias aos meu filho - o meu filho anda com o buraco com o dedo de fora -, sou péssima. Mas o amor que tenho por ele é um amor que não tenho por mais ninguém. Não sei o que é o amor de irmãos, não faço a mínima ideia, sei que o amor de um filho é uma coisa muito especial e muito de porcelana, porque, muito facilmente, ficamos felizes como, facilmente, somos as pessoas mais frustradas do mundo. Sinto-me a pessoa mais frustrada do mundo, às vezes, quando ele me diz alguma coisa que não aprecio ou que não foi assim que lhe disse para fazer. Penso assim: 'Onde é que estou a errar? Não tenho mesmo jeito nenhum para isto!' Acho que é mesmo o amor que nos une".

"Sou a pior das cozinheiras, sou a pior das fadas do lar, não tenho jeito nenhum. Não sei fazer mais nada além de cantar e entreter as pessoas, não tenho jeito. Muito provavelmente, por causa da minha mãe, porque ela foi, sempre, empregada de escritório e trazia a comida do self-service para nós comermos, à noite, e não havia aquela cena de jantarmos, juntos, à mesa… Não me lembro de jantar com o meu pai ou a minha mãe, desde os meus três ou quatro anos. Isso não acontecia e eu trouxe para esta família, precisamente, o que não devia. O Fernando, que vem de uma família enorme, que faz o Natal, à mesa, com 30 pessoas, hoje em dia, come no sofá, com tabuleiro, portanto, consegui desconstruir todo o ideal de família que ele tinha, mas criámos uma coisa muito gira, os três, e temos a nossa cena muito especial", continua. 

Apesar de não entrar nas brincadeiras do filho, Fausto, Sónia Tavares é quem o ajuda nas tarefas da escola: "Sou horrível, uma pessoa horrível. Não tenho paciência nenhuma para as brincadeiras dele, porque são brincadeiras de miúdo, não tenho paciência. O pai brinca imenso com ele. Ele gosta de levar porrada e tem uma cena para dar socos, eu não quero saber. Ajudo-o imenso na escola, obviamente, com os trabalhos manuais, e, depois, as professoras acham, sempre, que ele tem uns trabalhos fantásticos e giríssimos, que sou eu que os faço. Ajudo-o nessa parte, mas é o pai que é o pilar dele, e eu fico muito feliz. Eu sou um péssimo exemplo." [risos]

Se ter filhos nunca fez parte dos planos, ter mais do que um nunca foi opção para a cantora: "Nunca quis ter mais filhos, até porque o meu filho só dormiu com dois anos e meio, portanto, andei, durante dois anos e meio da minha vida, a dar concertos com ele sem dormir. Foi o melhor tempo da minha vida e o pior tempo. O amor que nós temos por ele é tão grande, no entanto, a vida vem mudar de uma maneira, que só o amor é que faz com que tudo se mantenha, porque, senão, não tem sustento. Pensei que estava a ficar maluca. Eu e o Fernando já discutíamos baixinho para não acordarmos o menino, sabes? É muito complicado. Ele fazia sestas de 20 minutos e andou assim até aos dois anos e meio. Diziam-me: 'Tens de ter outro, porque pode ser que seja diferente'… 'E se não for? E se for pior? Vou ficar maluca!' E, para além disso, passo tanto tempo com tanta preocupação, que não tinha capacidade para dois. E ele já passa tanto tempo sem mim e sem o pai que já não ia fazer isso a mais nenhum."

Questionada sobre as características que Fausto, de oito anos, herdou da mãe, Sónia Tavares revela: "A personalidade forte, mas não quer dizer que o Fernando não tenha uma personalidade forte, claro que tem, mas é uma pessoa muito mais serena, muito mais ponderada, muito mais educada. E o Fausto não herdou nada disso dele. As coisas más herdou-as de mim. Às vezes, é malcriado, quando é contrariado, 'cai o Carmo e a Trindade', mas, depois, é um miúdo super sensível e super querido, que me diz 'amo-te', todos os dias, e que me beija, que não tem problemas nenhuns em vir fazer-me festinhas e vir, de manhã, meter-se na cama, comigo, e abraçar-me, portanto, vivo bem com a personalidade forte dele. Quero, sobretudo, que ele não se sinta filho único, aquele síndrome do filho único, eu nunca tive..."

Já sobre se Fausto é mais fã dos The Gift ou dos Moonspell, a cantora, de 43 anos, não esconde: "Ele não aprecia. Para ele, as nossas bandas são o trabalho do pai e da mãe. Significa: 'Vou para casa do avô, já não posso estar com o pai e com a mãe, hoje, à noite'… É tudo mau. Às vezes, levo-o aos concertos do Fernando e ele aguenta cinco minutos, nos meus, aguenta dois, portanto, está bom. Nem vale a pena insistir, também não quero que ele seja músico."

Se, um dia, o filho lhe disser que quer enveredar pelo mundo da música, o discurso já está ensaiado: "Dizia-lhe assim: 'Filho, pensa bem, há caminhos muito melhores, muito menos trabalhosos e não tão pobrezinhos...' [risos]. Obviamente que quero que ele que faça o que quiser, desde que não seja toureiro, pode fazer o que ele quiser, mas não lhe desejaria a música. É um mundo muito complicado, que mexe muito connosco, em termos psicológicos. Nós estamos a dar a nossa arte, o que vem mais profundo em nós e aquilo que nós sentimos e aquilo que nós amamos... e somos tão mal recebidos, de vez em quando, e isso faz muito mal à nossa cabeça. Vocês não imaginam o que é ter de lidar com isso. Todos os anos, dás o teu melhor, o filho mais bonito que tiveste, com a melhor das intenções, e, depois, dizem-te assim: 'Que grande porcaria! És horrível'. Tu ficas destroçada... e é assim uma vida inteira."

Também o ódio gratuito, de que é alvo nas redes sociais, a faz expor-se cada vez menos: "Ultimamente, deixei-me um pouco mais de redes sociais e só faço uma brincadeirazinha, muito levezinha, só para mostrar às pessoas que gostam de mim que estamos aqui, que estamos a trabalhar e que está tudo bem. Nunca gostei de me oprimir e sinto-me oprimida. Sou a cantora dos Gift, portanto, não tenho voto na matéria para dizer mais nada sobre assunto nenhum, e chateia-me tanto as pessoas serem tão mazinhas, que prefiro não dizer nada, prefiro partilhar a minha opinião com quem a admire, com quem a entenda, com quem possa não estar de acordo comigo, mas que não me vai ofender por causa disso. Não vou dar pérolas a porcos. Sou uma gaja fixe, não têm que me fazer mal. Lido super mal e, às vezes, até acho que é por isso que me vão lá um bocadinho 'picar a burra'... e a burra fica chateada, porque a burra é um bocado sensível. Lido muito mal, porque não admito, não consigo perceber e faz-me confusão, não só comigo, mas com colegas meus, com o meu marido. As pessoas destilam tanto ódio e o homem não é ministro, não faz leis, só faz música. Por que é que me hão-de odiar? A música é uma coisa que, supostamente, traz felicidade. Às vezes, estou, em casa, a olhar para os meus gatos e para as minhas plantas, e penso assim: sou feliz. Não sei se era tudo o que queria ter, porque, na realidade, nunca sonhei com nada. A única coisa que sonhei era ser uma pessoa feliz, e sou. E olho para aquilo que tenho feito e para aquilo que vou deixar e sou uma pessoa muito feliz, apesar de tudo."

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