Selfie Sem Filtros

Sónia Tavares recorda passado de bullying: "Sabiam que eu me sentia o patinho feio e abusavam"

Convidada da rubrica SELFIE SEM FILTROS, Sónia Tavares recorda a infância e a adolescência passadas em Alcobaça, antes de se mudar para Lisboa, onde estudou Antropologia, até que o sucesso dos The Gift não lhe permitiu continuar a estudar.

Criada em Alcobaça, Sónia Tavares guarda muitas memórias boas da infância e da adolescência.

"Tive uma infância, enquanto filha única, neta única, sobrinha única, portanto, era uma menina mimada, não em demasia, mas o suficiente para ser uma pessoa feliz. E a minha adolescência foi super descontraída, na medida em que a liberdade que o meu pai me dava e a confiança que depositava em mim, provavelmente, não seriam as mesmas se vivêssemos em Lisboa. Podia voltar às 04:00 horas, sozinha, a pé pela rua, que não havia problema nenhum e, ainda hoje, não há", recorda a cantora, de 43 anos.

Mas nem tudo são memórias felizes. Nessa altura, Sónia Tavares foi vítima de bullying, algo que a marcou até hoje: "Fazia parte do grupo das miúdas populares, que eram três ou quatro miúdas, bonitas, de Alcobaça, e eu, por acréscimo, ali andava misturadas com elas, mas a receção que elas tinham pelas pessoas era completamente diferente da receção que me faziam a mim e eu percebia. Era mais feia, mais magra, tinha borbulhas, elas tinham as suas formas femininas a aparecer, as miúdas olhavam para elas e eu sempre em patinho feio... e abusavam um bocadinho. Já sabiam que eu era o patinho feio e que me sentia o patinho feio e abusavam um bocadinho, ainda mais, por isso. Nunca mais me esqueci. Não quer dizer que seja uma pessoa diferente por causa disso, se calhar, sou, não faço a mínima ideia, mas nunca mais me esqueci."

Apesar de, na altura, tentar responder a quem a magoava, admite: "A minha voz ainda não era tão forte. Metaforicamente, a minha voz ainda não era tão forte."

Os looks alternativos e as mudanças de visual funcionavam como um escape: "Acho que, mais do que tudo, queremos é passar despercebidas, entre os pingos da chuva. Não sobressair, mas, sim, camuflar-me e, mesmo assim, a camuflagem resultou pior, eu só comecei a ser uma miúda mais feliz e com mais confiança a partir dos meus 15/16, quando já me estava a borrifar. A pré-adolescência, os 12/13 anos, para mim, foram duros."

Ultrapassada esta fase, Sónia Tavares veio para Lisboa estudar Antropologia: "As adversidades que uma cidade destas nos propõe, numa fase em que enfrentamos tudo aquilo que é a faculdade e o sair de casa dos pais…vim sem preparação nenhuma, na realidade, foi isso. [risos]. Até tinha medo de andar no autocarro, estava com vergonha de me enfiar no autocarro e perder-me. Aquele espirito saloio: sais da aldeia, mas a aldeia não sai de ti [risos]."

Leia a entrevista, na íntegra, AQUI.

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