Foi no passado dia 13 de maio que faleceu Maria João Abreu, aos 57 anos. Nas redes sociais, têm-se multiplicado as homenagens de fãs e amigos.
Zé Manel é uma das figuras públicas que não ficaram indiferentes ao falecimento da atriz. Através do Instagram, o artista, de 33 anos, partilhou uma música que compôs para Maria João Abreu.
"Amar-te, João. Não sei explicar-vos de que forma a partida da Maria João Abreu mexeu comigo. A verdade é que tenho a perfeita noção de que não sei lidar com a morte. Com exceção dos meus avós, só quando o meu pai me deixou, consegui ganhar outra noção de finitude e perspetiva do tempo, bem como do que com ele fazemos", começou por refletir Zé Manel.
"A morte da João acicatou em mim a mesma revolta que senti, quando terminei de ver o filme 'Variações'. Que raio de gente somos nós que ignoramos em vida para celebrarmos após a morte? Hoje, todos sabemos a falta que Maria João Abreu nos faz. Pelas memórias que nos deixou, pela sua transversalidade e pela Humanidade com que tratava aqueles com quem se cruzava. As verdadeiras estrelas não se comportam como tal e é isso que faz delas pessoas de exceção. Isso faz-me questionar porque é que só há coisa de três ou quatro anos Maria João Abreu foi protagonista de uma novela em horário nobre. Por acaso, líder de audiências. Podíamos não ter ido a tempo. Não acham que lhe devíamos muito mais? Isso faz-me pensar noutras pessoas, como o Luís Represas, a Serenella Andrade, o Carlos Cunha, a Isabel Angelino, a Dulce Pontes e o Carlos Areia, que fazem parte da nossa cultura, são familiares de todos nós e constantemente são preteridos em prol de novatos sem qualquer experiência ou mérito, numa geração em que a idade parece assustar mais do que a falta de brio e todos fazemos apologia de uma frescura falaciosa que pouco conteúdo traz", acrescentou o músico.
No final, Zé Manel deixou um apelo: "Que a João nos permita pensar que não gostaríamos que estes e tantos outros possam partir sem terem tido a oportunidade de viverem com a grandeza que têm, para darmos lugar a quem ainda muita sopa tem que comer. Bem sei que cobrarão menos e estarão dispostos a fazer mais. Naturalmente que certos nomes e certas carreiras não se constroem para que façamos o mesmo que fazíamos há dez anos por um terço das condições... Não sei. Pensem nisso. Se calhar, temos que reduzir em número para aumentar em qualidade e, realmente, recompensar, justamente, quem o justifica. Quem o público conhece, ama e aplaude. Que não seja depois da morte. Ela já cá não está para ouvir esta... mas eu fi-la para ela. Os meus sentimentos ao João Soares, José Raposo e aos filhos."
Veja, agora, a música que Zé Manel compôs para Maria João Abreu.