Entrevistas

Magda Burity: "Nunca tinham visto 'ninguém como eu', na televisão portuguesa"

Comunicadora nata, Magda Burity soube, desde cedo, que queria ser jornalista. Com carreira em Moçambique e Angola, é em Portugal que tem desenvolvido os mais recentes projetos. À SELFIE, Magda Burity falou sobre o percurso até aqui e desvendou os sonhos que ainda tem por realizar.

Filha de mãe angolana e pai moçambicano, sente-se, hoje, 100% portuguesa?
Esta pergunta, hoje, nunca foi tão fácil de responder, depois de ter vivido 15 anos entre Moçambique e Angola. Hoje, sinto-me 100% completa, com tudo o que o meu sangue pode agregar. Nasci em Lisboa, no Verão Quente de 1975. Logo num ano histórico, pós-25 de Abril. Tenho mãe angolana, neta de um transmontano, e que veio para Portugal com três anos. Sendo assim, a minha mãe, apesar de ter crescido numa casa angolana, na Alameda Dom Afonso Henriques, só regressou ao país onde nasceu em 2005. Por sua vez, o meu pai, no tempo colonial e porque já tinha o 12.º ano, foi destacado para vir cumprir o serviço militar, em Lisboa, e foi aqui que se conheceram. Sendo ele moçambicano, fala a língua local do sul de Moçambique, que é changana, mas cada província tem a sua língua e o seu português é muito bem mais aprimorado do que o meu [risos]. Por isso, com todas estas influências e a dos meus avós maternos, que ajudaram a minha mãe a educar-me, não posso dizer que sou 100% isto ou aquilo, porque, em todo o mundo, há pessoas como eu. Fruto destas misturas que só agregam valor e têm o privilégio de beber de várias culturas. É a mesma coisa que perguntar a uma miúda de Lisboa, filha de um algarvio e de uma nortenha, se ela prefere muxama! [risos]. Eu sou do cozido à portuguesa, do funge e do caril de amendoim.

Formou-se em Portugal, trabalhou na TVI online, na Capital... A comunicação sempre foi a sua paixão?
Sempre. Comecei a escrever diários aos 12 anos, quando recebi o primeiro. E escrevia mesmo muito. Acho que era uma catarse, mesmo sem eu saber que já me manifestava dessa forma. Lá em casa, era obrigatório assistir ao jornal das 13:00 e ao das 20:00 horas. Só havia o Canal 1 e a minha vida escolar e as refeições eram muito norteadas por esses dois horários. O meu avô, como figura principal da casa, acabou por ser o pivô principal, pelo despertar do meu spirit of inquiry [vontade de questionar, em tradução literal], porque, ao vermos o noticiário, havia sempre um espaço para debate, durante as notícias. Por isso, sim, a comunicação sempre foi uma paixão, e, aos 15 anos, já sabia que queria ser jornalista.

Aos 28 anos, foi para África com um propósito. Como foi a adaptação? Foi, literalmente, começar do zero?
Eu fui para Moçambique, em 2003, conhecer o meu pai e a minha família paterna. A vida nem sempre é linear e tive esta oportunidade, que coincidiu com o nascimento da minha sobrinha, Yunilla, que, agora, já tem 17 anos. É ela a quem, de alguma forma, devo esta viragem na minha vida e esta Magda que sou hoje. Tive a oportunidade de sair da zona de conforto e de ser, apenas, uma miúda de Lisboa que achava que a Europa e o mundo ocidental eram o máximo. A adaptação não foi fácil. Os ritmos são outros, o clima quente molda todas as atividades e ações e eu era muito hiperativa e queria tudo para ontem. Nos primeiros seis meses, estive de férias, mas não aguentei. Comecei a procurar, nas páginas amarelas, os contactos de todos os diretores de televisão. Havia três, na altura, e acabei como repórter de uma estação privada, ainda nas férias. O meu primeiro salário foi de 12 milhões de meticais, o equivalente a 500 dólares [cerca de 430 euros]. Correu tão bem que, quando regressei a Portugal, em 2004, convidaram-me para ser editora de uma revista cor-de-rosa, que era a Fama Magazine. Tive algumas peripécias, mas o começar do zero foi mais fácil, em 2005, em Maputo, do que em Portugal, em 2017, mesmo com toda a bagagem que trazia comigo [risos].

A discriminação existiu? Cá ou em África?
Em ambos. A de cá foi muito subliminar. Só me apercebi de que passei por discriminação, em Portugal, quando comecei a construir uma carreira sénior lá fora e a entender por que motivo é que, aqui, não passava dos estágios profissionais. A diversidade não era uma prioridade nas redações e continua a não ser, até hoje. Por isso, o buzz à volta do novo pivô da SIC [Cláudio Bento França, pivô luso-angolano, que se estreou este sábado, dia 26]. Mesmo eu, quando fui comentadora do "BB2020", recebi muitas mensagens de pessoas espantadas a elogiar o meu trabalho, porque nunca tinham visto "ninguém como eu", na televisão portuguesa. E isso diz muito sobre discriminação. Pode parecer um elogio e, da parte daquelas pessoas, elas acham que foi, mas, na realidade, não é. O não verem ou estarem habituadas a consumir um determinado tipo de estereótipo e biótipo faz com que se dirijam a mim com aquele carinho todo, que tenho a certeza de que é genuíno, por isso agradeço. Também percebi que os telespetadores começam a ser mais exigentes e a quererem um Portugal real, no qual mulheres como eu também fazem TV. Já em Moçambique e Angola, tive situações caricatas [risos]. O meu sotaque lisboeta causava estranheza e os meus colegas oriundos desses países achavam que eu forçava a minha forma de falar para me destacar. Isso causava algumas animosidades, mas, no fim, o bem vence sempre e tenho amigos e colegas de quem, todos os dias, tenho saudades e falamos, rimos e trocamos whatsapps. Além disso, há profissionais que formei e que, hoje em dia, me orgulho de os ver brilhar.

Escreveu, produziu e protagonizou o seu próprio reality show, "O Meu Peso Perfeito", que foi o primeiro reality show produzido em Angola...
Certíssimo. O "Big Brother" era produzido na África do Sul! Estive dois anos a trabalhar para este projeto. Fui jornalista sénior da revista Lux Angola e aceitei o convite, porque era a forma mais rápida de conhecer a sociedade angolana, que era a outra costela que me faltava conhecer. Um ano depois, despedi-me do projeto para me dedicar ao programa "O Meu Peso Perfeito". Tinha atingido os 97 quilos, com aquela vida agitada de noites mal dormidas, produções fotográficas e má alimentação. Já tenho propensão para engordar, mas houve um dia em que acordei, e pensei: vou fazer 40 anos e esta vida não é para mim. Já fui editora de uma revista cor-de-rosa e não preciso de andar a correr atrás de famosos. Estou a ser muito honesta. [risos]. Em Maputo, tinha a minha empresa de comunicação, que continuava a operar, que se chama Madame Comunicação, e a minha assistente dava conta do recado. Regressei para lá e terminei o projeto. Lembro-me de ter uma reunião com as pernas a tremer, no Hotel Avenida, com o Nuno Santos, na altura, Diretor de Conteúdos da Multichoice para o mercado português de um grupo que distribui para o continente africano e Dubai. O tamanho do edifício é quase igual à Costa da Caparica [risos]. O Nuno ouviu a ideia e disse-me o que eu tinha de melhorar e, a partir daí, passei a gerir o projeto com os diretores do canal, que estavam em Joanesburgo. Foram muitas viagens e reuniões por Skype. Houve muito investimento pessoal, entre Maputo, Joanesburgo e Luanda, até o projeto ser comprado.

No programa, abordava a sua luta diária para atingir o peso ideal. Sentiu que conseguiu inspirar muitas pessoas? Qual é, hoje, a sua relação com o corpo e com a imagem?
Foi uma aventura que não foi só minha. O programa passava em vários países e, enquanto estava a gravar, tinha o principal compromisso para com as pessoas que me acompanhavam, todas as semanas, mas, principalmente, para com a estação que o comprou e para com os patrocinadores e parceiros que assumiram comigo aquela viagem para perder 15 quilos. Naqueles três meses, a responsabilidade era só minha. Mas não querendo fugir à pergunta, uma produção desta magnitude, e com este nível de compromisso, desgasta, mas inspira pessoas, sim, e é o projeto da minha vida. Por ser mulher, por ter perdido o peso a que me propus e, por hoje em dia, acima de tudo, a minha relação com o corpo ser muito mais tranquila. Porque, se consegui ser autora, produtora executiva e protagonista do meu próprio programa, com a qualidade de conteúdo e imagem que ele tem, posso sempre atingir os meus objetivos com tranquilidade. Foi a prova de fogo da minha vida.

Além do reality show, teve um programa de rádio, em Moçambique, "Kultura Kitsch, no qual entrevistava artistas, músicos e produtores, foi diretora de conteúdos de dois "Big Brother Angola"... Sentiu que lhe deram mais valor ou reconhecimento lá?
Sinto, no presente, que o meu percurso tinha que passar por sair de Portugal, e ainda bem que assim foi. Não sou a única jornalista que, entre 1994 e 2004, teve trabalhos precários. Tenho a consciência disso. Continuo a achar que os estagiários são sempre aproveitados demais, não há futuro risonho para eles. Ser jornalista, nesta área, é quase como um cargo político. Muda a direção, são escolhidas as pessoas de confiança desse diretor. E não devia ser assim. Mas, se calhar, também já agi assim. Já convidei pessoas da minha confiança para projetos, em detrimento de outras. Por isso, não vou ser hipócrita. Mas há a confiança e há a diversidade e a pluralidade, e eu continuo a reiterar que as pessoas negras não são, nunca, primeira opção, nesse grupo de quadros de confiança, e não lhes é dada sequer a oportunidade, na maior parte das vezes, para uma reunião. Na media, o networking é essencial e, se não o tens, nunca vais conseguir falar com a pessoa certa. Já tive experiências amargas, em Portugal, desde muito novinha, mas nunca desisti, só que não passei de estagiária [risos]. O mais engraçado é que, quando me mudo para Maputo, fui correspondente do Expresso África, durante três anos, entre 2005 e 2008. Escrevi para o Sol, para a Visão, fiz suplementos especiais de Angola e Moçambique para o jornal i e era fonte, sempre que os meus colegas portugueses precisavam. Sendo que há um estudo do Sindicato dos Jornalistas que define quem deve ser fonte, em Portugal: sempre caucasiano e, de preferência, homem. Isso já quer dizer tudo. E basta estar atento aos blocos televisivos e noticiosos.

Ao longo dos anos, tem investido bastante na sua formação. Sente que é esse o caminho?
Sinto que o meu caminho é estar, sempre, informada e, claro, formada. Mesmo vivendo em Maputo, cheguei a estar um ano na Alemanha a estudar cultural management, porque também sou produtora cultural e gosto de organizar festivais de música, o que também é uma forma de comunicar. Tenho um projeto, desde 2012, que se chama "Jardins em Festa" e é implementado nos jardins da cidade de Maputo e foi inspirado no Out Jazz, aqui, de Lisboa. Como a verticalidade profissional é a minha bússola, na altura, falei com o José Filipe Rebelo Pinto, a comunicar a minha ideia, mesmo sendo do outro lado do mundo, e ele deu-me imensa força. Também fiz cursos de escrita criativa e sou media coach pelo ISCTE [Instituto Universitário de Lisboa] e por um Instituto holandês. Ultimamente, tenho investido muito no digital - o futuro -, porque os meus sobrinhos, de 17 e 14 anos, já sabem mais do que eu, mas ainda não são certificados em SEO [risos]. Além disso, tenho melhorado a minha postura e fonologia em televisão. Tive um ano sabático, em que parti o tornozelo e não podia fazer mais nada, então, fiz todos os cursos que podia no CENJOR [Centro Protocolar de Formação Profissional para Jornalistas]. Por lá, encontrei a Fernanda de Oliveira Ribeiro e o João Abreu e o Hugo Matias, da TVI, que foram muito importantes como formadores para este desafio que tive no "BB2020".

Quando regressou, há três anos, o que trouxe consigo desses 15 anos, em África? E o que ficou de si, em África?
Está tudo em mim, todos os dias. Nada mudou, nos últimos três anos, porque sou uma mulher com uma consciência humana maior e, num só dia, consigo estar atenta aos três países, sem perder o foco de onde assentei as estacas, que é Portugal.

Os anos fora ajudaram-na a olhar "fora da caixa"?
Completamente. Não dou importância ao supérfluo, à fofoca. Nunca dei, porque a minha avó nunca gostou de crianças "kuribotas", um termo angolano para "leva e traz". E, ao longo dos anos, apercebi-me de que nós somos a educação que temos em casa. Aplico muito isso na minha vida profissional e, agora, também, nas relações pessoais. Já fui muito rebelde. A expressão "entra a 100, sai a 1000" parecia que era mesmo verdade. Hoje, acredito que nada saiu a 1000 e que já olhava para fora da caixa mesmo antes de sair de Portugal. Senão, não tinha tido sempre autoestima equilibrada.

O que encontrou, quando regressou a Portugal? Muitas diferenças?
Muita lamentação. Poucos sorrisos. Muito frio. Muitas portas fechadas e o clichê de "por que motivo não vais trabalhar para a RTP África"? [risos]. Porque, na cabeça das pessoas, a pessoa vem de África e só percebe de assuntos africanos. Então, presumo que encontrei, também, muita ignorância. Encontrei um país dividido em extremos, e não foi assim que o deixei. Quando se vem de férias, não dá para perceber.

Não é pessoa de baixar os braços, pois não? Nunca teve medo de arriscar?
Nunca. Se tenho um contacto na área de comunicação ou da televisão e estou à procura de algo, eu procuro essa pessoa e explico os meus objetivos. A maior parte das vezes, aqui, em Portugal, é sem sucesso, mas o "não" é aquilo de que devemos estar à espera. Passo muitas horas a ver televisão. Nacional e internacional. E vejo onde posso encaixar o meu perfil, de acordo com o que está no ar, porque sei que nunca serei convidada. Fui eu que me convidei para o "BB2020". Mas, naquela altura, o Nuno [Santos, na época, Diretor de Programas da TVI] não sabia se eu estava a viver cá ou em Luanda. Agora, toda a gente já sabe que vivo cá. Quando digo que já sei que não vou ser convidada é porque as pessoas ou os decisores não conhecem o meu trabalho. E não vai ser no Instagram que vão conhecer [risos]. Por isso, é que acho importante que haja continuidade nas oportunidades que nos são dadas.

Alguma vez pensou em desistir?
Nunca pensei em desistir. Nem em Portugal, nem em Luanda, nem em Maputo. Os três lugares, onde a minha atividade tem mais visibilidade. Não sei o que se faz, quando se tem vontade de desistir. Só sei que devemos ter outras fontes de rendimento, e eu sempre tive a Madame Comunicação, que fazia Relações Públicas e Comunicação. Agora, com a pandemia, tive de me reinventar e tenho a Kaya be safe, que é uma empresa de máscaras sociais comunitárias e higiénicas. Neste momento, estamos a abrir o leque para outros produtos. É essencial um plano B para quando tens vontade de desistir. Chora. E, no dia seguinte, de manhã, ajeita a "coroa" e segue o teu caminho.

Nada acontece por acaso?
Nada. Aprendi isso quando parti o tornozelo, em 2018, e tive de ficar um ano parada. Foi um sinal de que tinha de parar para redefinir o meu percurso, em Portugal, e passar mais tempo com a minha avó, que partiu, em dezembro de 2019. E, assim, foi. Já que me mudei para cá por razões familiares.

Quem sempre acreditou em si?
A minha mãe e o meu pai, que, mesmo à distância, têm um orgulho imenso deste percurso, aqui e em Moçambique, a minha tia Alberta Burity, a minha irmã Andreia, e em TV, em Portugal, a Fátima de Campos Ferreira, e a Adriana Prista, da Multichoice.

A família é o seu pilar?
É, principalmente a parte das minhas matriarcas. Tenho uma espécie de board [conselho de administração], que ausculto, antes de tomar uma decisão, e um primo, em quem confio muito, e só, depois, sigo em frente.

Sabemos pouco da sua vida pessoal. O que nos podes contar?
Que ela é pessoal... [risos]

Depois de ter sido comentadora do "BB", na televisão, está, agora, com a SELFIE, onde escreve artigos de opinião sobre o que se passa na casa mais vigiada do país. É apaixonada por reality shows?
Sou mesmo. Só não gosto dos realitys em que dizem muitas asneiras. Esses não vejo e não aceitaria convite para comentar ou não me auto-convidaria [risos]. O meu reality surgiu, porque, naquela altura, havia um único canal na minha vida, que era o TLC, e ficava até às 4:00 horas a assistir, em Luanda, com a minha madrinha Faty. Foi uma fase muito boa!

Além da SELFIE, como podemos acompanhar o seu trabalho?
Tenho um trabalho corporativo. A Kaya lida com empresas, fornecedores e networking, por isso, não é um trabalho mediático. Trabalho a partir de casa ou, então, em ambiente de coworking, quando estou cansada de olhar para o mar, já que é a minha vista. E, aí, escolho um espaço muito agradável para trabalhar, que é o Sítio. Esta aventura, com a SELFIE está a ser muito interessante, porque é o regresso à escrita, em Portugal, e uma continuação do que fazia em televisão. Recebo o feedback do que escrevo, no meu Instagram, e, assim, consigo avaliar o alcance que tive como comentadora. Sinto que, com este projeto, estou a colher os frutos que plantei, naqueles três meses, por isso, está tudo certo, desde que o faça de coração e com verticalidade. Sempre que tenho tempo, também escrevo crónicas para o Jornal de Angola e para o jornal moçambicano carta.mz. Outro projeto que gostaria de destacar é o convite que recebi para um documentário, que vai ser gravado em Portugal. Serei a responsável por toda a produção executiva. Vai mexer muito com a nossa História de Portugal e Angola, contada na primeira pessoa, porque vamos ter de fazer pesquisas na Torre do Tombo.

Em termos profissionais, o que gostava mesmo de alcançar?
Já fiz de tudo um pouco, na área da comunicação, em termos profissionais. Neste momento, estou a produzir, executivamente, dois projetos para fora de Portugal. Estão numa fase embrionária e podem avançar ou não. Faz parte. Mas é disso que gosto, da adrenalina de poder acontecer. Se me perguntares o que gostava de fazer, em Portugal, e não alcançar, porque já tenho 45 anos e não sou uma miúda de 25, cheia de expetativas, era ver-me representada em televisão, em crónicas de opinião, que já estou a fazer, e que não me associem sempre a assuntos sobre o racismo, porque sou muito mais do que isso, como este "BB2020" provou. Ter espaço para criar, propor e ser ouvida, que é o que acho que ainda não aconteceu. Se fui diretora de conteúdos de um "Big Brother", o meu conhecimento pode agregar valor, nos bastidores. Dar a cara é importante, mas sentir que se contribui para um bem maior é ainda melhor. Sendo que essa página já está virada, para o futuro, eu gostava de estar envolvida em projetos de cidadania e televisionar essa cidadania, que abrange tantos temas e todo um Portugal que está sedento de ver cidadãos abalizados, como eu, apesar da contra-informação. Essa cidadania também pode ser em formato reality, porque a televisão é feita ao segundo. Gostaria de ter uma rubrica sobre bem-estar, num programa de daytime, porque sou, exatamente, o oposto do que se está à espera. Na qualidade de entrevistada sobre preconceito todos nós já vimos, mas como parte da solução positiva, já experimentámos?

Pensa voltar para África?
Agora, não! Estou bem aqui e tenho uma ótima rede a nível internacional, desde Berlim, Londres a Bruxelas, pelo que plantei, ao longo da minha carreira. Durante três anos, fui coordenadora nacional de comunicação da ActionAid Moçambique, uma ONG inglesa, que está em mais de 56 países, e aprendi muito sobre advocacia e justiça social. É muito mais fácil viajar de Lisboa para estes países do que de Maputo ou Luanda e, com o mundo digital, podemos estar em todo o lado. Mesmo sendo a representatividade um dos meus temas, o mundo é o meu lugar e estou a adorar o carinho que estou a receber dos portugueses e da comunidade orgânica que estamos a construir juntos, tranquilamente.

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