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Adeus, Linda de Suza: da estreia como cantora num restaurante aos recordes de vendas

Morreu Linda de Suza, a voz do êxito "Mala de Cartão". Recorde, agora, a carreira de êxito de alguém cuja história chegou mesmo a ser adaptada à televisão.

e Agência Lusa

A cantora Linda de Suza, intérprete de êxitos como "Um Português", morreu, esta quarta-feira, dia 28, aos 74 anos, vítima de covid-19, anunciou o agente à agência France-Presse.

Recentemente, Linda de Suza tinha passado por um período de dois meses de internamento, tendo recebido alta hospitalar em meados de novembro. Na altura, o filho, João Lança, revelou à SELFIE que a cantora estava "numa casa de repouso, perto de Paris, para recuperar com calma".

Um mês antes, o também cantor tinha explicado à SELFIE o que desencadeara o internamento da progenitora. "Quando houve a Covid-19, ela teve uma infeção pulmonar. O que não ajudou também a que ela melhorasse é que ela é uma grande fumadora. Só agora é que deixou de fumar, porque no hospital é impossível - só o futuro dirá se ela vai continuar sem fumar, mas espero que sim. Depois, houve umas subidas de febre e, no dia 23 de agosto, achámos por bem que fosse às urgências e ela ficou internada", disse, na altura.

Linda de Suza é o nome artístico de Teolinda Joaquina de Sousa, nascida há 74 anos em Beringel, no concelho de Beja, que emigrou em 1970 para França, onde fez carreira na área da música.

Linda de Suza estreou-se como cantora no restaurante Chez Loisette, em Saint-Ouen, a cerca de 6,5 quilómetros a norte de Paris, onde foi descoberta pelo compositor André Pascal (1932-2001) que a apresentou, posteriormente, ao compositor Alex Alstone (1903-1982).

A etapa seguinte foi a apresentação da cantora na televisão, no programa "Rendez-Vous du Dimanche", de Michel Drucker, onde interpretou a canção "Un Portugais" (Vine Buggy/Alex Alstone), cujas vendas do ‘single’ atingiram o Disco de Platina em França em 1979.

A cantora assinara, entretanto, contrato com a discográfica Carrere, depois de recusada pela Barclay, e estava lançado o mote da sua carreira com "Um Português (Mala de Cartão)", na qual cantou os lamentos da saudade de quem deixou o país, seguindo-se o single "Uma moça chorava".

Linda de Suza tornou-se a cantora da comunidade emigrante portuguesa, cantando as suas dificuldades e saudades do país distante, em temas como "J'ai deux pays pour un seul coeur" ou "La Symphonie du Portugal". No seu repertório incluiu temas do cancioneiro popular, nomeadamente "Lírio Roxo" e "Malhão, Malhão", e gravou "Coimbra/Avril au Portugal".

A cantora atuou em Portugal, em 1979, e continuou a bater recordes de vendas na década de 1980, publicando o álbum "Amália/Lisboa" e singles como "Canta Português", "L'Etrangère" ou "Comme Vous".

A sua história foi adaptada à televisão, numa minissérie intitulada "Mala de Cartão" (1988), protagonizada por Irene Papas (1919-2021).

Na década de 1990, Linda de Suza deu ainda voz a sucessos como "Simplement vivre", "Tu seras mon père", "Pars sans un adieu" e "Tiroli, Tirola".

Do seu repertório fazem parte "Holà! La Vie", de sua autoria com música de Jean Schmitt, "La Tristesse ne fait de bien à personne", de sua autoria com música de Vine Buggy, "Rien n'arrête le bonheur", "Mulher, ó Mulher", "No olhar do homen que nos ama", "Les oeillets rouges", "C'est toi que j'attendais", "Orfeu Negro", "Maria Dolores", "Canta Shimilimila" ou "Nasci para cantar"

A cantora passou por vários contratempos pessoais, que tiveram eco na imprensa: em 2010, tornou públicas as suas dificuldades financeiras e acusou o companheiro de lhe roubar a identidade; na época, afirmou que vivia com cerca de 400 euros mensais, todavia, Linda de Suza voltou aos palcos e, entre 2014 e 2017, realizou várias digressões.

Em 2020, apresentou um novo projeto, "Postais de Portugal", com qual preparava uma nova digressão que a pandemia de covid-19 obrigou a cancelar.

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