Entrevistas

João Espírito Santo revela segredo de 20 anos de relação: "Uma mulher não se conquista uma vez"

Juntos há 20 anos, João Espírito Santo e Mariana Seabra têm três filhos em comum e o médico dentista revela que o segredo para a longevidade da relação passa por terem "objetivos comuns".

Celebra 20 anos de relação: como começou a história de amor?
Estudávamos na mesma faculdade e frequentávamos o mesmo curso. Por volta do quarto ano, começámos a conversar, pois tínhamos um amigo em comum, e, a partir daí, fomo-nos conhecendo. Curiosamente, terminámos as nossas relações ao mesmo tempo. Houve o tradicional período de luto. Só passados nove meses é que começámos a namorar. A relação foi evoluindo, com as peripécias normais de quem está a terminar um curso, de quem tem os seus objetivos e uma missão de criar uma família e de criar uma vida a dois. A partir daqui, é a viragem de uma vida de solteiro para uma vida de casado, com um objetivo de ter filhos.

Como foi o pedido de casamento?
Falar da nossa história de amor não é fácil, mas tem um propósito que é sermos felizes. É isso que tem vindo a perdurar ao longo destes anos, ser feliz, criar família, sentir a missão de vida. Tudo tem as suas fases, desde o pedido de namoro, ao pedido de casamento e acima de tudo à decisão de sermos pais.
O pedido de casamento foi feito a testemunhar outro casamento. De uma forma simples, acima de tudo, com a certeza de que tudo tinha que correr bem, porque surpreender ou conseguir ter a certeza que tudo vai funcionar, é difícil. Então, achei que a melhor forma era fazer o pedido numa igreja, quando um padre estava a abençoar outro casal.

Como conquistou a sua esposa? E que outras características foi descobrindo ao longo dos anos e que continuam a contribuir para o fortalecer deste amor?
Uma mulher não se conquista uma vez. Uma mulher vai-se conquistando, vai-se estimulando para que haja interesse. Porque as relações sem interesse não têm sentido e muito menos sentimento. Quando uma pessoa tem uma relação, para ser feliz e para se sentir feliz, devemos respeitar, valorizar as conquistas do outro como nossas e as conjuntas que são aquelas a que nos propusemos: criar família.

Quando subiram ao altar, quais os principais planos que tinham enquanto casal? Concretizaram-se?
Eu sou o único noivo que conheço a entrar na igreja a chorar, pois, efetivamente, tinha muita emoção. Os planos que tinha e tínhamos enquanto casal são os exatamente os que temos hoje: sermos felizes e ter uma família. Conseguimos concretizá-los, até à data, e esperamos continuar a conseguir concretizá-los, com alguma privação, mas acima de tudo, com foco.  Pretendemos passar o exemplo aos nossos filhos - o de sermos pessoas felizes e de bem.

Como gerem a carreira com a paternidade?
Consideramos que gerir paternidade e maternidade com a vida profissional é um verdadeiro desafio permanente, porque temos que saber pôr à frente o que é prioritário, sabendo que temos que nos privar de umas coisas para ter as outras. O equilíbrio da relação faz-se na reflexão: agora vai um, agora vai outro, agora fazes tu, agora faço eu, e outras coisas que fazemos juntos.

Pensam aumentar a família?
Aumentar a família foi algo feito sempre quando achámos que era pertinente. Quando saí de coma [após o grave acidente de viação, em outubro de 2019], disse que queria o quarto filho. Felizmente, a minha mulher estava lúcida (risos) e disse que não, porque voltar agora às fraldas era perder a qualidade que temos com os nossos três filhos. Podermos partilhar de momentos especiais em que eles nos dão, também. já alguma liberdade, por serem um bocadinho teenagers. E isso é bom. Poder conviver, ter aventuras, fazer desporto de aventura e partilhar uma série de diversões em que eles veem os pais como jovens e amigos.

Algum dos filhos já mostra vontade de seguir a carreira dos pais? E os pais gostavam que o fizessem?
Nenhum dos meus filhos, até agora. disse que queria ser médico dentista e, também, não procuro isso, nem a Mariana. Queremos, acima de tudo, que eles sejam felizes, que encontrem o seu caminho, que percebam qual é a sua razão e que consigam fazer acontecer coisas boas para a sociedade, que se sintam integrados neste mundo, que é um mundo de pouca relação humana e de muita virtualidade. Só queremos mesmo que sejam crianças felizes, jovens bem formados e adultos respeitados.

Onde vão ser agora as férias?
Na praia.

Além das férias com os filhos, costumam fazer férias a dois?
Temos por hábito fazer férias em família. O nosso lema é um só: para onde vai um, vão todos. Quer sejam mais agradáveis ou menos agradáveis, porque, se um gosta de fazer umas coisas e o outro gosta de outras, temos de conjugar sempre o objetivo, os cinco. Enquanto eles puderem andar connosco e nós com eles, acho que é essa a nossa a vontade, o de estarmos sempre todos juntos.

O que mais gostam de fazer em família e como gerem os gostos de todos?
Gostamos todos de fazer ski, de andar de bicicleta em família, de ver televisão e, acima de tudo, partilhamos o amor. Há momentos que são só nossos e gostamos muito de sentir que temos os nossos momentos, coisas tão simples como o conseguirmos tomar o pequeno almoço de manhã, o conseguirmos jogar às cartas, o conseguirmos fazer o outro rir. É bom ser feliz com coisas simples e isso é a essência de uma família.

O grave acidente de viação, que sofreu há quase três anos, fê-lo mudar a forma de estar na vida: prioriza (ainda mais) a família? De que forma teve impacto na família?
O acidente marcou a minha família. Os meus filhos, sem exceção, sofreram imenso. Hoje em dia, tenho uma maneira de estar com os meus filhos diferente. Priorizo-os muito, cada vez mais. Sou um pai mais presente, sou um pai mais dedicado, sou um pai, acima de tudo, mais esforçado para que eles se sintam, cada vez mais, acompanhados. Quando digo acompanhados, não é do pai que facilita. É acompanhados com a presença do pai e terem o pai como um exemplo e uma pessoa a seguir. É um papel que a Mariana sempre fez e eu, depois do acidente, comecei a fazer. Efetivamente, o acidente fez-me pensar, refletir e perceber que aquilo que nós fazemos tem um efeito direto neles e eu quero que o efeito seja positivo.

E no casamento? A relação saiu reforçada depois dessa prova de fogo?
Eu nunca tive dúvidas da super mulher que é a Mariana, e o acidente veio comprová-lo. Percebemos todos que a Mariana é uma super mulher, mãe, amiga, companheira, namorada, que consegue fazer tudo acontecer, porque tem amor. Sentirmos que alguém tem amor por nós é muito bom. A relação saiu não vou dizer reforçada... Posso dizer que a relação atingiu uma maturidade muito importante para nós, que nos ajudou a superar as consequências que, também, resultaram do acidente. E essa maturidade deve-se à partilha da palavra e objetivos comuns.

Qual o segredo de uma relação tão duradoura?
Respondo da seguinte forma. Ter amor e respeito. A partir dessa base, tudo se constrói com mais ou com menos. A verdade e o respeito entre o casal faz com que perdure tudo durante mais tempo. O segredo de manter uma relação duradoura é, também, ter objetivos comuns.

Como vão celebrar os 20 anos de relação?
Com os nossos filhos, levando-os a sítios que fazem parte da nossa história, onde já renovámos votos, onde já fizemos férias. Vamos partilhar a nossa história. Recordar, também, é viver e partilhar é fazer com que percebam o legado de uma relação de 20 anos, que faz com que tenhamos, acima de tudo, amor. Festejamos hoje, celebramos hoje o amor que temos um pelo outro.

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