Entrevistas

Ana Lúcia Matos tem novo desafio: "Apareceu numa fase de cura"

A SELFIE esteve à conversa, em exclusivo, com Ana Lúcia Matos, que trabalha, atualmente, como professora de yoga.

Como é que o yoga surgiu na sua vida?
Na verdade, o yoga sempre fez parte da minha vida, mas sem ter consciência dele. Por vezes, a vida tem que nos tirar o chão, para depois nos colocar no caminho certo. A maior parte de nós vive de forma inconsciente. Esquecemo-nos da verdadeira essência da vida, que é viver. O yoga acabou por me trazer consciência, viver de uma forma consciente num estado presente, porque o presente é isso mesmo, um presente, é uma prenda. Viver no aqui e no agora, porque andamos constantemente a reboque da nossa mente, que está sempre ou no passado ou no futuro. E, vejamos, o passado é algo que não podemos alterar e o futuro é meramente uma ilusão, porque nem sabemos se estamos cá amanhã. O yoga e a meditação aparecem numa fase de cura, de autodesenvolvimento. Acabou por ser a minha tábua de salvação, depois de ter passado por uma experiência traumática. Já tinha passado por traumas na minha infância, que deixaram feridas e, quando essas feridas não estão curadas, porque quando somos crianças não temos capacidade para isso, a vida faz com que se repitam padrões, situações e relações. E isto acontece porquê? Para aprendermos a lição. Ou seja, como não nos curámos no passado, a vida repete certas e determinadas situações que são o gatilho, para despertar a mesma dor, o trauma e o sofrimento. Então, isto foi uma aprendizagem, no meio de uma fase em que levei um grande abanão. Tive de mergulhar de tal forma em mim, tão fundo, tão fundo, que me apaixonei pelo yoga e acabei por virar professora.

O que a fez tornar-se professora?
Pensei: "As pessoas precisam de saber como curar-se". E eu tenho esta capacidade, não só pelos quase 20 anos de carreira como apresentadora de televisão, em que cheguei a tanta gente. Acho que nada é por acaso. Se eu puder ser a porta-voz, chegar a mais pessoas... Quero que a minha história seja uma inspiração de cura para pessoas que também possam estar a passar por situações semelhantes, de grande desespero, de grande trauma, de grande dor e sofrimento.

Mas fazia parte dos seus planos tornar-se professora?
Sinceramente, não estava nos meus planos. Quando fiz tudo o que eu fiz, foi um trabalho muito interno. Foi um trabalho muito profundo, de autodesenvolvimento e de cura. Tive colegas inspiradoras que já tinham essa consciência, que sabiam que iriam dar aulas. Mas eu não. Estava ali, sobretudo, para mergulhar mais em mim e tentar perceber e aprofundar o que se estava a passar na minha vida, tentar encontrar respostas. O diploma é a cereja no topo do bolo, mas não é por essa razão que eu estou aqui. Apaixonei-me, de facto, por esta filosofia e senti que tinha o dever e a missão de a levar a mais pessoas pela minha verdade, acima de tudo. Nunca tive necessidade de provar nada a ninguém, porque estou resolvida comigo mesma e sei da minha verdade. E, quando estás bem contigo, não precisamos de provar nada a ninguém. Somos reflexo uns dos outros, aquele que mais nos desafia é quem mais nos ensina. Cada um está no seu caminho, no seu processo de evolução e crescimento enquanto almas.

Como foi o seu curso?
É difícil falar de todo o caminho que fiz para chegar até aqui. Durante o curso, encontrei seres maravilhosos de puro amor, tornámo-nos irmãs umas das outras e, agora, cada uma está num ponto diferente do País. Das ilhas ao norte e sul. Criou-se mesmo uma irmandade, que traz uma missão muito importante para o mundo. Só de falar emociono-me, tive os melhores mestres e sou muito grata por todos os ensinamentos que me tornaram não só na professora que sou, mas no ser humano mais consciente que me tornei. Foi aqui que eu recebi muito amor, muito colo. Puro amor. Quando acabei a minha formação, surgiu, de imediato, a hipótese de começar a dar aulas e recebi, entretanto, um convite do Aquafitness, um ginásio com o qual já trabalho há muitos anos, dou a cara e visto a camisola desde sempre.

É, então, neste ginásio que trabalha atualmente?
Sim. Iam abrir um espaço de praia e precisavam de uma professora de yoga para dar aulas na praia. E, devido ao meu contacto com a natureza e com a praia, o lugar era para mim. Portanto, as coisas têm fluído. Eu acho que, quando entramos no fluxo do amor, as coisas acabam por fluir de uma forma tão subtil, tão natural e tão bonita. É só mesmo estar de coração aberto.

Em que dias são as suas aulas?
Todas as terças e quintas-feiras, às 09:00 horas, na praia da Fonte da Telha, no Aqua Beach. Quem quiser aparecer, pode aparecer e inscreve-se no momento, lá no bar de praia. Quem é do ginásio, pode inscrever-se através da aplicação.

O seu projeto chama-se Yoga by ALMA. Qual o significado?
As iniciais do meu nome, Ana Lúcia Matos, e da palavra amor formam a palavra alma.

E os seus filhos? Já acompanham a mãe?
Estão ótimos. Sim, eles têm vindo a acompanhar-me e já começam a sentir os benefícios do yoga, já fazem algumas posturas e é muito engraçado vê-los a praticar. Tenho tido a oportunidade de dar aulas também aos mais pequeninos na escola dos meus filhos e é uma grande bênção. As escolas deveriam incutir estas práticas, para desde cedo as crianças começarem a lidar com as próprias emoções. Quanto mais cedo soubermos trabalhar as nossas emoções, mas preparados estamos para lidar com os desafios. Quando controlamos as nossas emoções, evitamos sérias doenças. Porque todas as doenças, até o cancro, estão relacionadas com o lado emocional. Quando entramos em desequilibro emocional, estamos a dar origem a doenças. Meditar, é sempre um convite a escutarmos o nosso sábio coração e a sentir as emoções, encontramos as respostas que muitas das vezes andamos à procura no exterior, sejam opiniões, validações ou reconhecimento. Na verdade, andamos todos à procura do mesmo: ser amados. Mas esse amor tem de vir de dentro de nós mesmos.

E, falando em cura, hoje em dia já se sente curada?
Temos várias camadas, somos energia e vibração. Já curei muitos traumas e sinto-me livre a viver em consciência. Quando ganhamos consciência que tudo o que acontece na nova vida é da nossa inteira responsabilidade, mesmo o que atraímos para nós curarmos, começamos a viver de uma forma mais leve, em verdade e amor. Sei que a minha história é uma história de cura.

Qual o seu objetivo nesta sua nova profissão?
Ainda estou a dar os primeiros passos de bebé, mas já alcancei grandes feitos e estou muito orgulhosa do meu caminho. Todos os dias chegam-me pessoas novas e com vontade de despertar para uma nova consciência. Acredito, plenamente, que este é o meu caminho e ainda agora comecei… Tenho o sonho de, no final deste verão, chegar ao final do dia com a praia completamente cheia de pessoas a praticar yoga e meditação, unidos num só coração ao serviço do amor. O objetivo do yoga não é apenas ter um corpo livre de doença. O yoga pretende ajudar o ser humano a alcançar o seu maior potencial, aproveitando o poder da mente. Somos aquilo que pensamos e a forma como respiramos define como vivemos. Parar para respirar, silenciar e escutar o nosso sábio coração permite encontrar as respostas que há tanto procuramos no exterior para a nossa vida. Por vezes, falta-nos a coragem para abrir o nosso coração e sentir além do racional uma inteligência superior, uma consciência maior. Há quem chame universo, mas eu chamo-lhe Deus.

Veja, agora, o vídeo de apresentação do projeto Yoga by ALMA.

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