Psicóloga Tânia Correia: "O Dia da Mãe pode ser um dia de vazio"

Num artigo de opinião, a psicóloga Tânia Correia deixa uma reflexão sobre como o Dia da Mãe não é vivido da mesma forma por todos.

Psicóloga, mestre em Psicoterapia Cognitiva-Comportamental na área da infância e adolescência / OPP: 24317
  • 7 mai 2023, 18:05
Tânia Correia
Tânia Correia

Dia da Mãe pode ser um dia de… vazio pelo abandono que sentiu ao longo dos anos, do abraço que não fez parte, da palavra de consolo que faltou, da pergunta verdadeiramente interessada sobre como está, do colo que ficou por receber.

Pode ser um dia de confusão pelas tentativas pouco articuladas ao longo dos anos para chegar até si, de uma maneira que só afastava, da afirmação de que "estou só a cuidar de ti" quando, na verdade, o/a sufocava, das decisões tomadas sem o/a consultar sob a desculpa de que foi para evitar o seu sofrimento.

Pode ser um dia de zanga por lhe ser cobrada uma proximidade que faltou construir lá atrás, por se sentir forçado/a a dar o que nunca recebeu.

Pode ser um dia de mágoa por recordar as ofensas, os insultos, os rótulos, as humilhações com que foi tratado/a.

Pode ser um dia de insuficiência por ficar sempre aquém, por não estar (supostamente) bonito/a como podia estar, por a prenda não ser bem aquela, por o seu comportamento não agradar, porque os filhos dos amigos eram e continuam a ser sempre melhores.

Um dia não apaga o ano, os anos, uma vida, e por isso esta data não pode ser celebrada por todos da mesma forma. Para alguns de nós o Dia da Mãe serve para tornar mais evidente a sensação de se ter crescido sem receber o amor de uma mãe de maneira pura (sem manipulações), segura, envolvida e incondicional.

Um abraço para si, que não está só.

Tânia Correia
Psicóloga, mestre em Psicoterapia Cognitiva-Comportamental na área da infância e adolescência / OPP: 24317

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