Crónicas

Aquilo que somos nem sempre é o que os outros veem

"Espelho meu: o que sou e o que outros veem." Foi este o mote para uma conversa inspiradora e um workshop promovidos pela Barral, na segunda edição do Selfcare Market & Summit.

Coordenadora editorial da SELFIE
  • 21 mar, 18:26

A segunda edição do Selfcare Market & Summit contou com uma conversa inspiradora e um workshop promovidos pela Barral, marca portuguesa, centenária e que certamente está nas casas de todos nós.

Na primeira parte, a psicóloga Tânia Correia e autora da página de Instagram 3m's Menina, Mulher, Mãe teve a oportunidade de nos explicar por que razão tendemos a ser vistos pela nossa imagem e pelos nossos comportamentos e não tanto pela nossa essência.

Nesse sentido, foi essencial o testemunho na primeira pessoa de Raquel Rodrigues, assessora de imprensa e autora da página raquel_happytime, que perdeu bastante peso e foi duramente criticada pela mudança, que, na verdade, surgiu na sequência de um problema de saúde. "Estás feia de magra" ou "Deves estar com a mania das dietas..." são apenas exemplos dos vários comentários que recebeu.

E porquê? Porque aquilo que somos nem sempre é o que os outros veem. E, mais, o que trazemos dentro de nós nem sempre é aquilo que mostramos ou que queremos mostrar aos outros.

Neste caso, estávamos a falar de um problema de saúde, mas poderíamos estar a falar de algo aparentemente tão simples como uma mudança de visual, um novo penteado, uma nova cor de cabelo... Quem é que nunca foi criticado por uma mudança? Mas será que alguém parou para nos perguntar se mudámos porque precisávamos daquela mudança para nos sentirmos bem connosco?

Somos alvo de juízos de valor e também nós fazemos juízos de valor sobre os outros. Mas será que faz sentido colocarmos o outro na posição de ter de nos dar explicações? 

Damos por nós a ter de dar justificações sobre a nossa imagem ou sobre aquilo que estamos a sentir. Para quem sofre de ataques de ansiedade ou de pânico, não é fácil explicar por que é que pode ser relativamente tranquilo ir a um festival, mas extremamente difícil ir a um supermercado... E por que é que simplesmente não aceitamos que uma pessoa pode passar aos outros uma imagem de calma e tranquilidade e ser na verdade uma pessoa ansiosa?

Por mais que tentemos desvalorizar e acreditar que os outros não questionam/criticam por maldade, a verdade é que aquilo que nos dizem tem impacto em nós e na nossa auto-imagem, porque, no fundo, todos procuramos aprovação.

Em jeito de conclusão, a psicóloga Tânia Correia abordou uma série de mecanismos que podemos usar para nos protegermos, de forma a que as palavras "auto-cuidado" e "amor-próprio" estejam gravadas na nossa mente e que não nos esqueçamos nunca de cuidar de nós por dentro e por fora.

Este foi o mote perfeito para uma série de atividades, nas quais a psicóloga convidou ainda a plateia a participar. Muitas das mulheres ali presentes nem sequer se conheciam, mas abraçaram-se, sorriram e choraram juntas. Permitiram-se a dar e a receber. Permitiram-se a mostrar um lado mais vulnerável. Porque, às vezes, tudo aquilo de que precisamos é de alguém que nos veja e nos acolha.

Cátia Soares
Coordenadora editorial da SELFIE

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