José Alberto Carvalho terminou o "Jornal das 8", de 26 de abril, com mais uma mensagem de esperança e acabou por revelar um dos passatempos a que se dedica: a construção de Legos.
Foi durante o discurso em que fez questão de salientar que a Covid-19 não pode acabar com os sonhos, que o jornalista usou uma representação do mito de Sísifo, com mais de 1300 peças, para fazer uma analogia entre o momento que vivemos e o mito grego representado na escultura.
"Ao longo destas últimas semanas, a nossa vida mudou como jamais tínhamos imaginado que fosse possível. Há nesta altura mais de 1 milhão portugueses, de empresas privadas, que estão a receber menos por causa do lay-off e que têm muitas dúvidas sobre o que o futuro lhes reserva. Todas as famílias, sem exceção, têm dúvidas sobre o futuro. Estamos suspensos, refugiados no nosso último reduto: a nossa casa. Essa que a maioria tem de continuar a pagar, onde habitam os nossos sonhos e os nossos medos. Temos todos procurado preencher o tempo e o da nossa família com conversas, filmes, jogos, desenhos, conversas apaziguadoras com os mais novos ou também revoltadas, sobretudo quando falamos connosco próprios. Alguns dedicam-se ainda mais aos seus passatempos. É um tempo em que, mais isolados do que nunca, sentimos necessidade de partilhar mais de nós", começou por afirmar o jornalista, mostrando, de seguida, a construção: "Partilho, pela primeira vez, uma coisa destas, correndo o risco de não ser bem entendido, coisa que não desejo."
José Alberto Carvalho explicou que aquele é um dos passatempos que mantém há longos anos e contou como surgiu aquela peça. "Este objeto foi desenvolvido por um engenheiro americano a quem pedi as instruções há vários anos e depois consegui reunir as mais de 1300 peças necessárias. Construí, depois, ao longo de várias semanas, esta peça. É uma recriação do mito de Sísifo. Uma lenda da mitologia grega acerca do mais arguto e astuto dos seres do Olímpo. Sisifo era tão arguto que enganou Zeus e o próprio Deus da morte. Num julgamento final, Zeus condena-o a uma pena perpétua: Empurrar uma pedra pela montanha acima, avisando logo que, sempre que estivesse perto de completar a tarefa, a pedra ia tombar. Assim, ele teria que voltar a começar a tarefa de novo, porque essa era a decisão de Zeus."
Depois, o jornalista prosseguiu na explicação: "Tudo isto parece ser um pouco estranho nesta altura, mas estou a encaminhar-me para uma conclusão. Estamos a aproximar-nos daquela que deverá ser uma nova fase nesta pandemia, mas estamos rodeados de incertezas. Temos que acreditar na ciência mais do que nunca e nas pessoas que tomam decisões em nome de todos. E precisamos dos poetas tanto como dos cientistas porque esta doença não pode aniquilar o sonho, não pode torvar o desejo de um futuro melhor, não pode amordaçar-nos apesar de usarmos máscara."
No final, José Alberto Carvalho recitou um poema de Miguel Torga, sublinhando: "É com isto que quero dizer 'até breve'."
Veja, agora, o vídeo com o final do "Jornal das 8" de domingo.