"Duas reflexões sobre o final desta duas semanas, particularmente, intensas. Hoje, foi sepultada uma pessoa da minha família, que sempre foi muito importante na minha vida. Sucumbiu aos 93 anos, não foi vítima de Covid-19, mas o vírus tirou-me outra coisa: impediu-me que me despedisse dela. A cerimónia fúnebre foi reduzida a meia dúzia de pessoas apenas, sem um abraço de conforto, sem aquele pegar na mão para dizer 'força'. O vírus rouba-nos até esta exigência moral da humanidade que é despedirmo-nos dos nossos mortos", começou por desabafar o pivô da TVI.
"E nunca, nem nos campos de batalha mais sangrentos, se deixam os mortos para trás. Estamos perante uma das doenças mais devastadoras da história da humanidade que nada tem de parecido com gripe", lembrou.
Mais à frente, o jornalista falou sobre os profissionais de saúde com quem mantém contacto, relatando um caso que não deixa ninguém indiferente: "Preciso de desabafar sobre outro exemplo onde a humanidade se esvai [...] Sei de um [médico] que alugou uma auto-caravana para poder acenar aos filhos e ver-lhes o rosto".
Estes sacrifícios justificam que todos resistam à tentação de sair de casa "sem razão, muito menos para ver como está o tempo ou a praia", ou qualquer outro motivo não urgente.
O jornalista falou ainda dos números alarmantes com que o país se depara, atualmente: "Em média, em Portugal, um em cada dois doentes infetados com o novo coronavírus que chega aos cuidados intensivos morre".
Assista, agora, ao vídeo que comoveu os portugueses.