Os adultos fazem com cada "birra"...
Os motivos são, muitas vezes, os mesmos das crianças: fome, cansaço, sede, emoções que não estamos a conseguir processar, pedidos que não sabemos como fazer.
E se nesses momentos os nossos filhos reagissem connosco como nós tendemos a reagir com eles?
"Para já com isso! Não quero mais birras";
"Lá estás tu a tentar manipular-me! Não vais conseguir o que queres";
"Que feia a reclamar com tudo e a bater com os armários";
"Olha, mãe, assim já não vou gostar mais de ti".
Há dias, enquanto jantávamos, num momento meu de EIN em que reclamava com a minha filha sobre um comportamento que, na verdade, nem tinha nada de especial, ela pousou os talheres, levantou-se, encostou-se a mim e disse: "Mãe, estás mesmo a precisar de um abraço" (o que habitualmente faço com ela).
Ela abraçou-me e eu senti-me automaticamente a abrandar. Foi como se aquele abraço tirasse todas as camadas e chegasse ao centro, onde eu me sentia com medo de uma decisão de precisava de tomar - era este o meu verdadeiro problema, a minha necessidade maior.
Talvez se vos dissesse que noutro momento fiz o mesmo com a minha filha me dissessem: "Vai fazer de ti o que quer, estás a habituá-la mal". E porquê? Porque as crianças têm sempre piores intenções do que os adultos?! Precisamos de questionar estas crenças.
Durante uma EIN, as crianças estão com necessidades que não sabem responder e sentem-se em perigo. Dar-lhes segurança, proximidade, afeto (se aceitarem) e amor é tão importante como nós o recebermos nos nossos momentos de maior desorganização interna.
Todos temos EIN e todos precisamos e merecemos ser acolhidos durante elas.
Estamos juntos.
"Os adultos fazem com cada 'birra'"
A psicóloga Tânia Correia fala sobre "birras", que designa por por expressões intensas de necessidades - EIN.
- 26 jul 2023, 15:56
Tânia Correia
Psicóloga, mestre em Psicoterapia Cognitiva-Comportamental na área da infância e adolescência / OPP: 24317