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Luís Aleluia foi vítima de violência doméstica: a emocionante história de vida do ator

SIC e TVI homenagearam, na tarde do passado sábado, dia 24, o ator Luís Aleluia.

Luís Aleluia morreu na passada sexta-feira, dia 23, e a SIC e a TVI mudaram as respetivas programações de sábado, devido à triste notícia. Os canais exibiram entrevistas concedidas pelo ator a Daniel Oliveira e Manuel Luís Goucha, respetivamente.

No programa "Alta Definição", da estação de Paço de Arcos, Luís Aleluia não deixou ninguém indiferente ao recordar que foi vítima de violência doméstica, às mãos do padrasto.

"O meu pai faleceu quando eu tinha nove anos. Embora não vivesse com ele, ele apoiavam-me sempre. Ele estava no hospital do Caramulo e pediu ao médico para vir passar comigo o Natal. Passámos uma semana belíssima, fez-me todas as vontades. Foi uma semana muito feliz. Quando terminou a semana, apanhou o comboio para o hospital e faleceu. Havia ali quase um prenúncio de despedida. Não percebi logo o que era uma morte", começou por dizer o ator.

"Fui para a Casa do Gaiato, de Setúbal. Acabei por perder a mãe, porque houve um corte de relação, não de afeto, mas de presença. Acabo por ficar orfão aos nove anos. Faz sofrer, dói muito, ainda hoje tenho essas mágoas. Estou a contá-las, aqui, por isso", continuou.

Daniel Oliveira quis saber por que motivo Luís Aleluia foi viver para a Casa do Gaiato.

"Vivia num agregado familiar no qual se passava alguma violência doméstica. Fui vítima de violência doméstica até, pelo menos, aos nove anos. O meu pai nunca soube, como estava doente, eu era, quase, proibido de lhe contar, para que não houvesse conflitos. Da parte do meu padrasto, nunca da minha mãe", recordou, visivelmente emocionado.

"Eu e a minha mãe fomos vítimas dessa violência. Por causa do vinho e do futebol. Perdia o Vitória [Futebol Clube], levávamos pancada, ganhava o Vitória, levávamos pancada. Éramos postos na rua, a chover, sei lá, montes de coisas. Ele trancava a porta de casa, mas por dentro, com a chave, para não podermos entrar. Lembro-me de, com sete, oito anos, subir pelo telhado, para tirar a chave. São coisas que uma criança não deve passar, não deve viver, porque isso vai marcar-lhe a vida toda", disse.

"Muitas vezes ela [a mãe] apanhou, porque se pôs à minha frente. Foi a mulher que mais me amou, sem dúvida nenhuma. Já faleceu, mas tenho uma relação de afeto, respeito profundo. Se há santas, ela é a minha santa pessoal", frisou.

Luís Aleluia revelou, ainda, que não mais voltou a ver o padrasto. Algo que garantiu que também não queria que tivesse acontecido. "Repugna-me a violência doméstica. Criou em mim uma grande necessidade de autodomínio. Decidi nunca fazer ao outro aquilo que me fizeram a mim", rematou.

Caso esteja a sofrer de algum problema psicológico, tenha pensamentos autodestrutivos ou sinta necessidade de desabafar, deverá recorrer a um psiquiatra, psicólogo ou clínico geral, podendo, ainda, contactar uma das seguintes entidades:

- Conversa Amiga (entre as 15h e as 22h) - 808 237 327 (número gratuito) e 210 027 159

- SOS Voz Amiga (entre as 16h e as 24h) - 213 544 545

- Telefone da Amizade (entre as 16h e as 23h) – 228 323 535

- Telefone da Esperança (entre as 20h e as 23h) - 222 030 707

- SOS Estudante (entre as 20h e a 1h) - 239 484 020

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