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Em lágrimas, Luís Lourenço garante: "Não fui culpado pela morte do meu pai"

Numa entrevista emotiva, o ator Luís Lourenço recordou o falecimento do pai.

"Esta situação foi muito complicada, fui muito atacado na altura, até por família". É desta forma que Luís Lourenço começou por recordar o falecimento do pai, em maio de 2011. "Era muito amigo do meu pai e ele era um homem muito positivo e, quando as coisas saíram do controlo, foi o desespero que o assolou naquele momento", acrescentou, nesta entrevista ao "Alta Definição".

Visivelmente emocionado, Luís Lourenço contou como encarou este falecimento. "Pensei: 'Ele fez aquilo e não posso ceder perante a família toda, vou ter de tomar uma atitude.' Fui muito pragmático, nunca fiz o luto. […] Pus tudo em causa, acabou a minha carreira por causa daquela atitude que ele tomou", explicou, frisando que decidiu assumir o restaurante do pai, já que o negócio acumulava dívidas, o que já tinha motivado várias discussões com o familiar. 

"Estava tudo mal, nós tínhamos uma casa, havia uma hipoteca, essa hipoteca estava associada ao restaurante e, se o restaurante continuasse no mau caminho, a minha mãe perdia a casa. […] Então, o meu pensamento foi esse: 'Vou pegar nisto, porque a minha mãe não vai ficar sem casa, não pode ficar.'", recordou.

De acordo com Luís Lourenço, o pai já tinha tentado tirar a própria vida meses antes: "Ele ligou-me na passagem de ano de 2010 para 2011 e eu não atendi, porque estava chateado. Na altura, os meus pais já estavam separados e não tinha ninguém. Então, ele ligou-me, mas não atendi. A minha mãe disse-me, depois, quando ele fez o que fez em maio, que ele tinha ligado para ela a dizer que, se eu tivesse atendido, ele tinha morrido."

"Não fui culpado pela morte dele, mas a verdade é que foi uma atitude minha que fez com que ele fizesse isso. Mas, se calhar, se ele me ligasse em maio e eu atendesse o telefone, ele ia fazê-lo na mesma. Portanto, ele fez aquilo e eu nunca mais o perdoei até há pouco tempo", referiu, já em lágrimas.

Luís Lourenço não hesitou em afirmar que a respetiva vida ficou "virada do avesso": "Trabalhava no restaurante, eu dormia na porta do restaurante. […] Chegava ao restaurante às 05:00 horas, deixava o peixe, saía da porta, entrava no carro, dormia no carro, saía do carro, ia amanhar o peixe e e estive um ano nisto. A minha vida foi só isto, foi só o restaurante. […] Já se achava que tinha desistido da carreira, porque estava dedicado à restauração. Foi uma fase muito má."

Entretanto, após mais de uma década, Luís Lourenço garante que perdoou o pai: "Disse: 'Só o vou perdoar no dia em que a minha vida der uma volta.' Fui o único que perdeu tudo. Perdi todo o dinheiro que tinha, na altura; perdi a minha namorada; perdi o trabalho todo que tinha projetado; fui convidado a meio do processo para uma produção e tive de dizer 'não', porque estava enfiado numa cozinha a amanhar peixe."

"Perdoei, porque a vida deu uma volta, de facto. Disse: 'Acho que está na altura de ir lá.' E fui ao cemitério dizer que está tudo bem. Não quer dizer que acredite ou não, mas achei que era um gesto a fazer", concluiu.

 

Caso esteja a sofrer de algum problema psicológico, tenha pensamentos autodestrutivos ou sinta necessidade de desabafar, deverá recorrer a um psiquiatra, psicólogo ou clínico geral, podendo, ainda, contactar uma das seguintes entidades:

- Conversa Amiga (entre as 15h e as 22h) - 808 237 327 (número gratuito) e 210 027 159

- SOS Voz Amiga (entre as 16h e as 24h) - 213 544 545 

- Telefone da Amizade (entre as 16h e as 23h) – 228 323 535

- Telefone da Esperança (entre as 20h e as 23h) - 222 030 707

- SOS Estudante (entre as 20h e a 1h) - 239 484 020

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