Entrevistas

João Póvoa Marinheiro: "Gostava de voltar à Ucrânia"

A propósito do programa "Globalistas", que se estreou, recentemente, na plataforma TVI Player, a SELFIE esteve à conversa com João Póvoa Marinheiro, que integra esse podcast.

João Póvoa Marinheiro - Apresentação "Decisão 22"
João Póvoa Marinheiro - Apresentação "Decisão 22"

De onde surgiu o gosto pela área internacional?

Acompanha-me desde sempre. Talvez a minha educação, felizmente, me tenha dado mais essa abertura ou curiosidade, com esse contacto com o mundo lá fora. Toda a minha educação foi numa escola internacional, numa escola francesa, a escola francesa de Lisboa, que, essencialmente, acaba por cultivar esse lado em toda a gente, havendo o contacto com alunos de outros países - nomeadamente, países francófonos, mas o próprio ensino em si dá muita importância àquilo que se passa lá fora, na aprendizagem das línguas, na aprendizagem de História, na aprendizagem de Geografia. Sinto que vem muito daí. Mas poderá vir, talvez, também de outras paixões, como o cinema. Sou um cinéfilo desde muito cedo. Desde muito cedo que consumo filmes e todo o tipo de filmes.

 

O que espera de 2024?

2024 está preenchido de temas que me apelam naturalmente. Por exemplo, a nível internacional, a guerra na Ucrânia continua a suscitar muita da minha atenção. Estive lá no ano passado, na altura do primeiro aniversário desde o início da invasão. É um tema que me marca muito pessoalmente, depois de ter estado lá. É um tema que me acompanha desde a universidade. Portanto, tenho uma ligação bastante profunda com a Ucrânia, com o que está a acontecer por lá. Não descarto, eventualmente, profissionalmente, um regresso à Ucrânia. Gostava de lá voltar, sinceramente.

 

Houve algum episódio marcante na cobertura da guerra na Ucrânia?

Houve... O trabalho acaba por ser muito duro não apenas pelo risco, mas também pelo contacto com as pessoas, com as pessoas que sobreviveram a ataques, que sobreviveram a tragédias familiares absolutamente arrasadoras. Houve um momento de stress, de perigo em Kharkiv. Estávamos prestes a deixar Kharkiv e houve explosões bem perto. Quando estamos lá, temos de aprender a gerir isso. E temos de aprender a gerir essa perceção do risco e essa ansiedade. Se não gerirmos, não vamos conseguir fazer o nosso trabalho. E, portanto, acabamos por ficar com um foco que acaba por nos proteger do risco e do que está mesmo a acontecer e que pode mesmo acontecer em qualquer momento. As histórias que mais me marcaram foram as histórias de sobreviventes. Houve uma reportagem em particular, em Dnipro, sobre um prédio que foi rebentado por um míssil russo e houve uma cozinha de uma casa de uma família que ficou completamente intacta. Conseguimos falar com a mulher, mãe de dois filhos. Uma história que me marcou muito.

 

O programa "Globalistas" pode ser visto na plataforma TVI Player.

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