Entrevistas

Cuca Roseta vive momento único: "Não consegui conter as lágrimas"

Foi na inauguração da primeira Exposição Imersiva sobre Amália Rodrigues, em Marvila, Lisboa, da qual Cuca Roseta é uma das embaixadoras, que a fadista fez algumas revelações à SELFIE.

Tendo em conta a importância que a Amália tem para a sua vida profissional, é uma honra ser embaixadora desta exposição?

Sim, sem dúvida. É mesmo uma honra enorme. Não só por aquilo que a Amália representa para o país, mas também pela experiência que este museu proporciona. Acho que é mesmo um contributo incrível para o nosso país. É a primeira experiência de realidade virtual, com holograma, com uma parte interativa e destaca uma Amália, que é muito mais do que apenas a Amália fadista. É a Amália que canta, mas também é a Amália como mulher, que nos inspira. Como a maior personalidade portuguesa do século XX, que teve projeção mundial. E como poetisa. Os seus pensamentos, a sua inteligência emocional, como seguia a sua intuição, a mulher irreverente que era muito, era muito à frente do seu tempo e, por isso, esta experiência não é só a Amália fadista, é quase como a Amália enquanto a alma e a mulher. E, nesse sentido, ser embaixadora deste projeto é mesmo algo que me orgulha muito.

 

Na sua opinião, o que mais se destaca nesta exposição?
Acho que o que é mais impressionante é ver a Amália viva no holograma. Poder ver ou ouvir a Amália, a cantar ao vivo e a cores e a falar e em tamanho real foi o que me impressionou mais. Mas, por exemplo, a experiência 360º... É um mergulho mesmo emocionante. Quando fui ver pela primeira vez, não consegui conter as lágrimas. Há ainda uma sala das cerejas, que também é esteticamente muito bonita, mas acho que toda esta experiência é muito sensorial. E acho que é isso que faz este museu ser tão especial mesmo, do primeiro minuto ao último. Nunca é maçudo, não é cansativo. É interativo, moderno e é a voz da Amália que nos guia. Guiamo-nos por ela. É mesmo como se ela fosse uma experiência viva da Amália, da sua casa, do que ela era. Então, é difícil escolher, mas acho que a mais espetacular é o holograma.

 

Havia algo da Amália que não sabia e que descobriu com esta exposição?
É difícil encontrar alguma coisa da Amália que eu não saiba, porque devo ser a maior fã. Li os livros todos dela, as entrevistas todas que lhe fizeram. Mas houve ali algumas imagens inéditas que apareceram na experiência 360º, que foram retiradas há pouco tempo, porque foi o marido que que fez uns vídeos dela e nunca tinha visto essas imagens.

 

A Amália era uma mulher de espírito livre?
Completamente. Acho que a Amália era uma mulher com um espírito muito livre e principalmente para a altura em que era, porque era muito mais difícil. Nós, hoje em dia, temos muito mais liberdade do que tínhamos nessa altura, não é? E, mesmo assim, acho que ela sempre fez o que quis. E conseguiu, mesmo com um país a dizer que ela não era fadista e que ela não podia fazer isto e que ela não podia fazer aquilo... Ela seguiu o seu instinto com uma coragem incrível. Por isso é que digo que ela era uma grande inspiração como mulher, para mim, era mesmo um mulherão, um furacão.

 

E há algum fado em especial da Amália que lhe toque particularmente?
É assim, é difícil escolher, porque acho que já cantei todos e mais algum. Talvez o "Com que Voz". Gosto muito do Luís de Camões, também é dos meus poetas favoritos. E foi um fado de que sempre gostei muito, desde nova, mas demorei bastante tempo a cantá-lo, porque precisava de de sentir essa  experiência para conseguir ter alguma verdade nas palavras. Também gosto muito da 'Rua do Capelão'. É um fado que me marca muito e marcou muito a minha carreira.

Relacionados

Patrocinados