Foi numa conversa com o jornalista Rui Miguel Tovar que Dolores Aveiro fez algumas revelações inéditas sobre Cristiano Ronaldo.
Sportinguista, a mãe de CR7 recorda como o filho mais novo foi levado para Alvalade, mas acaba por confessar um segredo: "O Ronaldo também era do Benfica por causa do pai. Mas, mal chegou ao Sporting, tornou-se sportinguista. Até hoje".
Definida por muitos como a mãe perfeita de um jogador de futebol, Dolores Aveiro reage: "Sou órfã desde garota, tinha seis anos quando perdi a minha mãe. Quando me tornei adulta e mãe, privilegiei sempre a família e quis dar aos meus filhos tudo aquilo que não tive: carinho. E, agora, também transmito esse sentimento para os meus netos. Quero dizer com isto que só quis o melhor para o meu filho e sempre respeitei as decisões do Sporting".
Dolores conta, ainda, como foram os primeiros tempos de Cristiano Ronaldo em Lisboa. "Foi prestar provas aos 11 anos e ficou a viver em Lisboa a partir dos 12. Era muito novo e aquilo foi duro, muito duro. Tanto para nós, família, como para ele. Mais para ele, claro", explica, desvendando que lhe telefonava todos os dias: "Numa primeira fase, ainda nem havia telemóvel. Umas vezes a chamada corria bem, outras nem tanto e chorava. Podia perceber o seu estado de ânimo no primeiro segundo do telefonema. Mal ele atendia, já sabia. Nas chamadas mais chorosas, eu dizia-lhe: 'Filho, a mãe vai aí, mas tens de continuar a lutar pelo futebol, se é isso que queres'."
Depois, a matriarca do clã Aveiro garante que foi a resiliência do filho que o fez chegar onde chegou. "Está aí, mais palavras para quê? Meteu na cabeça que ia ser jogador de futebol e trabalhou para ser o que é. Chegou o mais alto possível e ainda tem muito para dar", assegura, mas recorda que, também, houve contratempos. Na primeira vez em que o Sporting foi ao Funchal, o filho não foi: "Ficou de castigo. Más notas na escola, desatenção nas aulas".
Cristiano Ronaldo terá ficado revoltado. "Até quis abandonar", relata a mãe do, agora, jogador da Juventus, antes de contar o conselho que deu ao filho. "Se estivesses com a mãe, eu castigava-te. Com eles, do Sporting, é igual. Tens de saber dar a volta", conta Dolores Aveiro, que assegura: "Foi pena, mesmo. Mas se fez asneiras, tinha de ser castigado. E ele aprendeu a ser homem nessas alturas."
Dolores Aveiro acrescenta, também, que foi desde cedo que o filho descobriu a paixão pela bola. "Desde sempre, ele dizia-me que seria o futuro dele desde os cinco, seis anos. Dizia-o com uma certeza absoluta. Às vezes, até penso que tudo isto ainda é um sonho", afirma a mãe de CR7, que recorda o jogo que mais a marcou: Portugal-Inglaterra, no Estádio na Luz, no Euro-2004. "A seguir ao golo do Rui Costa, a emoção foi tão forte que desmaiei. Quando estava a ser vista pelos médicos, já fora da bancada, disseram-me que Portugal tinha ganho nos penáltis. Foi uma alegria imensa", desvenda Dolores Aveiro que, no mesmo Europeu, viveu a maior desilusão: o jogo da final com a Grécia. "Porque tinha desmaiado com a Inglaterra, o Ronaldo pediu-me: 'mãe, por favor, não vejas o jogo no estádio, vê em casa'. Fiquei em casa e fiquei destroçada com as imagens do Ronaldo a chorar. Outro jogo que o Ronaldo pediu-me para não ir foi a final da Liga dos Campeões na Luz, entre Atlético e Real. Fiquei em casa e desmaiei. E, desta vez, fiquei com a cara toda negra", descreve Dolores Aveiro.
"Lembrei-me agora de outro momento triste, o da final do Euro-2016 com a França. Digo triste quando ele desatou a chorar no relvado, lesionado e sem forças para continuar. Custou-me muito, muito, muito. Mas, depois, valeu a pena, ganhámos a taça!, recorda a mãe de CR7, que viveu um outro susto: "Outro momento de muita tensão foi quando se descobriu que tinha um problema no coração. Ele cresceu muito depressa e o coração não acompanhou. Felizmente, o doutor resolveu o problema [com uma operação a laser]. Foi um sucesso e um alívio enorme".