O que a levou a participar no MasterChef?
Ter visto, pela primeira vez, um anúncio de casting para um programa de televisão do qual sou fã, especialmente do "MasterChef Austrália". Pensei de imediato: adoraria, um dia, poder entrar por aquela mítica porta do "MasterChef" e preparar um prato, na cozinha mais conhecida em todo o mundo!
Considera-se uma pessoa competitiva?
É verdade que sou uma pessoa muito determinada e lutadora, mas, mais do que competitiva, considero-me muito mais uma pessoa de espírito conciliador. Desde criança que tenho a capacidade (os meus amigos chamam-lhe dom) da conciliação dos opostos, procurando, sempre, escutar, compreender e colocar-me no lugar do outro e tentando que, entre ideias e feitios opostos, cada um mostre o melhor de si e que esse melhor sirva para enriquecer um trabalho em equipa, ou em comunidade, e o próprio progresso individual da pessoa.
A competição foi renhida?
A competição foi, sem dúvida, renhida. E é assim que tem de ser, caso contrário, não seria uma competição. Como dizia, muitas vezes, a minha madrinha de Crisma, 'que seja quente ou seja frio, nunca seja morno..." Uma competição não pode ser morna. Mas pode e deve respeitar o outro e esta teve essa particularidade. Arrisco dizer que, dificilmente, surgirá em televisão, um grupo de concorrentes tão educado, bem formado e correto uns com os outros. Combinamos frequentemente almoços e jantares em restaurantes e patuscadas na casa uns dos outros. Lutámos todos, pelo melhor lugar na cozinha, sem suspeitarmos de que iríamos ganhar o maior prémio de todos: amizades para a vida.
Qual foi a prova mais difícil?
A prova da primeira batalha que, apesar de ter corrido bem e me atribuir o avental, me cortou o coração, quando vi que uma das minhas colegas que não passara tinha os dois filhotes pequenos a chorar, quando perceberam que a mãe não tinha ganho o avental... Tenho um filho pequeno e custou-me imenso ver os miúdos a chorar.
De que é que mais gostou?
De ter tido o privilégio de ser uma dos 15 finalistas "MasterChef", de ter tido a oportunidade de receber formação e inigualáveis conselhos, por Chefs de renome, de ter feito amizades entre os concorrentes e produção que sei que ficam para a vida e de ter assistido a alguns gestos de humildade e extrema educação que o espectador não vê, como o Manuel Luís Goucha, no dia do Macrocasting, sob um calor e sol avassaladores, a ajudar a distribuir águas pelos participantes. Achei-o um cavalheiro. A humildade e sinceridade nos gestos são, a meu ver, a elegância sem preço ou necessidade de manutenção.
O que espera ter alcançado com esta participação?
Espero que os espectadores reconheçam o sentido de humor, alegria e o amor pelos pratos e produtos da minha terra (Palmela/Setúbal) que são característicos em mim e que surjam, a partir daqui, oportunidades de conseguir fazer chegar a mais pessoas, a minha boa disposição e à vontade para comunicar.
Como é que descobriu o gosto pela cozinha?
Aos 20 anos, fui para Inglaterra, fazer Erasmus, curso de Televisão, Cinema e Vídeo. A comida da universidade era muito mazinha... Preferia cozinhar as receitas da minha mãe e da minha avó, que levava escritas num pequeno caderninho a que chamei 'Pratos da Pratas'. Descobri que cozinhava mais ou menos, quando uma colega dinamarquesa me assaltou o frigorífico, numa madrugada e comeu, frio, o meu guizado de carne de vaca, que tinha sobrado e que seria o meu almoço no dia seguinte.
De quem é que herdou este gosto ou com quem é que aprendeu a cozinhar?
Mais do que herdar o gosto, ganhei a necessidade de cozinhar. Enquanto estudei, vivi em Faro, depois um ano em Inglaterra e quase cinco anos nos Estados Unidos. Aprendi - com a necessidade de me alimentar melhor do que nos refeitórios das universidades - quais os produtos mais semelhantes aos nossos e quais os pratos que me suscitavam interesse em cozinhar pela primeira vez, como o bife e tarte de maçã americanos ou o perú recheado, do Dia de Acção de Graças.
Qual foi o primeiro prato que aprendeu a cozinhar?
Está registado no tal caderninho de receitas: como cozer um ovo! Aos 17 anos, preparando-me para ir viver sozinha para Faro, perguntei à minha avó materna (incrédula com tal pergunta) se o ovo se deitava na água ainda fria ou a ferver. Mas antes disso, já tinha aprendido com a minha avó, a fazer filhoses e um bife ao alhinho que, mais ninguém sabia, ou saberá, fazer tão bem como a minha avó Maria Isabel.
O que é que não gosta nada de cozinhar?
Comida, à pressa ou congelada. Gosto de estar na cozinha (minha ou de outra pessoa) e sentir que sei o que estou a fazer, que estou a fazer bem, com gosto, com amor e com produtos frescos.
Segue receitas ou gosta mais de criar coisas novas?
Gosto de comida tradicional portuguesa mas também gosto de procurar receitas, de experimentar pratos que nunca cozinhei e de comprar loiças e utensílios interessantes para empratamento. Gosto muito de ver uma mesa 'bem composta', como se diz no Alentejo.
Qual o prato favorito?
Prato Português: Caldeirada à Setubalense. Adoro todo o tipo de peixe, feito numa boa cama de tomate, cebola e pimento e um prato onde molhe quilos e quilos de pão do Alentejo, da Lagoinha ou da Quinta do Anjo. Prato internacional: Steak e Ribs americanos e também as sopas com lemongrass e as espetadas de frango que fiquei a conhecer, quando visitei a Tailândia.
O que detesta que lhe façam quando está na cozinha?
Que, de repente, me comam um guizado que me iria servir de almoço, para o outro dia... Mas essa história, já contei.
Quem é o maior fã dos seus pratos?
Toda a criatura de Deus que vem a um almoço ou jantar em minha casa e que diz: tens de me ensinar como se faz isto! Família e amigos, são sempre os maiores curiosos e apoiantes. Nem que seja, para voltar a convidá-los.
Há alguma celebridade para quem gostaria de cozinhar?
Durante a primeira batalha, creio que foi o Chef Miguel Rocha Vieira que me perguntou se os Chefs jurados do programa poderiam ir almoçar uma caldeirada a minha casa. Respondi que sim, caso a caldeirada ficasse boa... Parece que foi aprovada pelos três. Estão convidadíssimos para a Caldeirada à Setubalense, com Espumante de Moscatel e Água do Mar seguida de um creme de fígado de tamboril! Manuel Luís Goucha, também está convidado, claro.
Formada em comunicação, já foi professora universitária e locutora de rádio, já apresentou um magazine de celebridades no «Biography Channel», já editou um livro e, agora, é wedding planner. Qual é a sua grande paixão?
A minha grande paixão é a vida. Muitas vezes, tomamos a vida, as pessoas e, o que gira em seu torno, como garantidos. Acredito que a vida é feita daquilo que fazemos com ela, por ela e sobretudo, por nós e pelos nossos. E eu procuro fazer um pouco de tudo, até só conseguir fazer ponto cruz... aos 99.
Como é que surgiu a ideia de se dedicar ao planeamento de casamentos?
Quando ainda estava a terminar o programa de doutoramento, convidaram-me para um casamento, em Napa Valley (região de excelentes vinhos), na Califórnia e vi, pela primeira vez, uma Wedding Planner, num casamento. Fiquei fascinada. Anos mais tarde, verifiquei que havia uma lacuna nesta área em Portugal e, depois de me formar, em Londres, durante um ano e, conseguir a certificação, abri empresa e, em apenas um mês, surgiu o meu primeiro casal de noivos: da Finlândia. Soube, de imediato, que era o caminho certo a seguir, pois envolve tudo aquilo que eu mais gosto profissionalmente: pessoas, histórias de vida e criatividade. Com o tempo, tenho sido convidada a dar palestras e formação a profissionais na área e corporate a grandes Grupos hoteleiros em Portugal e estrangeiro.
Está atualmente a trabalhar no seu 2.º livro. O que é que nos pode revelar já?
Posso adiantar que vai ser o livro antes do terceiro...
Quer falar-nos sobre os noivos que inspiraram o livro?
Não diria noivos, mas sim solteiros, com muitas crises e privações existenciais. Mas com alguma esperança em milagres e santos das causas impossíveis...
Em que medida o programa lhe deu inspiração para o livro?
Creio que, ainda este ano, irão saber.
Quais são as grandes preocupações dos noivos, em geral?
Para além da escolha da indumentária (o vestido ideal, fato do noivo e acompanhantes), escolha das alianças e decoração, uma das principais preocupações dos noivos é a qualidade, apresentação e diversidade do seu menu de casamento. Ajudar os noivos, aconselhando os pratos que mais resultam para 30 ou 300 convidados, é o que mais me honra fazer, durante uma degustação de menu.
Sente que os noivos de hoje em dia dão muita importância aos "pormenores"?
Os noivos preocupam-se, sobretudo, em viver o melhor dia das suas vidas, recorrendo ao maior número de pormenores possível, muitos deles, inspirados noutros casamentos. Acredito que, cada casamento, deve espelhar única e exclusivamente a história do casal; aquele casal e mais nenhum outro. Aconselho, sobretudo, a que os noivos desfrutem desse dia. O dia do casamento passa demasiado rápido e há que saber e querer desfrutar de cada momento.
O que mais valoriza na organização de um casamento?
Valorizo a história dos noivos, o concretizar e o prolongar do seu sonho, os familiares que me contactam para sugerir, recomendar, agradecer... Valorizo o facto de muitos casais, algum tempo mais tarde, me ligarem para informar que sou novamente 'tia'. Tenho a sorte e a alegria de ser 'tia' de muitos miúdos cujos pais foram noivos a quem organizei o casamento. Em suma, valorizo muito os laços de amizade que vou criando com as pessoas e que se vão mantendo.
Que conselho daria a quem vai começar a planear um casamento?
Aconselho a que contrate um(a) professional Wedding Planner, devidamente certificado(a), com experiência comprovada e que confie no seu trabalho. E claro, que seja uma pessoa, para além do profissional...com capacidade de escutar, mais do que ouvir e com alma, coração e amor pelo que faz. E que os noivos desfrutem de todo o processo, pois o dia do casamento chega e passa rápido e, o dia a seguir, com os sintomas de noiva que não sabe o que planear agora... o chamado Síndrome de Cinderela, também... Desfrutem. Sempre.
Que aprendizagens tem retirado enquanto wedding planner?
Que cada casamento nos ensina, sempre, algo de novo. Que cada casal de noivos conta uma história viva que, cabe-me a mim, enquanto profissional, acolher, interpretar e ajudar a tornar memorável, não só para os noivos, mas também para os seus familiares e amigos.