"Um corpo conta uma história": psicóloga Tânia Correia sobre polémica com Maria Botelho Moniz

Enquanto alguém elogiava o corpo elegante de uma mulher que chegou à terapia, ela lutava com uma depressão profunda que a impedia de comer.

Um corpo conta uma história. Se nalguns casos pode ser uma história de segurança e empoderamento, em muitos outros é a tela das feridas da história da pessoa, daquilo que não consegue dizer, de comparações, humilhações, comentários depreciativos ao longo dos anos, de maus-tratos, de desafios pelos quais está a passar.

Criticar um corpo é, muitas vezes, criticar a vida, o passado, a saúde mental, o que de mais íntimo existe em cada um de nós. É tão mais profundo do que aquilo que se pode ver. Pode abrir feridas que custaram tanto à pessoa a tratar.

Se te preocupas, aparece, interessa-te em saber como a pessoa está, o que precisa, envolve-te. Aceita se a pessoa estiver confortável como está, ela não tem de corresponder à imagem que desejas.

Comentar o corpo de alguém tem apenas um propósito: responder a uma necessidade que é tua. Sim, é sobre ti, não sobre o outro.

Estamos juntos.