Ana Rocha de Sousa está a atravessar uma fase difícil, a nível pessoal. Através do Instagram, a realizadora, de 42 anos, lamentou o falecimento da avó.
"Nascemos. Vivemos. Morremos. Perdi a minha avó. Sabia que esse dia ia chegar. Sabemos todos. Mas não sabemos. Achamos que sim, que é natural. Que faz parte. A morte dos nossos mata-nos. Mesmo quando é suposto ser natural. Perdi a minha avó. Mas, muito antes disso, ela pensou ter-nos perdido a nós. Sem entender que o mundo mudou radicalmente, devido a um vírus qual guião série Z", começou por desabafar Ana Rocha de Sousa, na legenda de uma série de fotografias antigas da familiar.
De seguida, a artista teceu rasgados elogios à "preciosa avó": "O rosto da coragem. Absolutamente à frente do seu tempo. A elegância. No estar. No vestir. No ser. No escolher. Tudo. Mulher de força. Não precisava de falar. Aniquilava corações, só de passar. Respirava bom gosto. Sempre linda, nem que fosse para ir ao pão ou ver o correio. Uma mulher a quem levaram tudo. Mulher que, quando todos fugiam da guerra, teimava firme para defender o que era dela. A última a baixar os braços. Fez frente a homens armados. Sem medo. Mulher incrível, que intimidava quem a olhava nos olhos. Brava mais brava, não havia. Bela e brava. Não lhe faziam frente. Teimosa. Séria. Linda. Era vê-los a tombar e outros a cair. Não lhes ligava. Amou o meu avô. História de filme, naquele tempo. Até ao dia em que perdeu um filho, o meu tio. O seu maior amor, a sua maior dor. Quando, um dia, lhe bati à porta, sem aviso, assim que me viu... sentiu. Como ia ela sobreviver à morte de um filho? Mulher fortíssima. Nunca mais foi a mesma. Nenhum de nós. Seguiu sobrevivendo. Vivendo também, muito por nós. Uma força da natureza que ficou mais calada. Sempre forte. Frontal."
"Ri-me tanto, mas tanto, ao longo da vida, com ela. Genial, na sua graça séria. Dizia o que achava, na elegância que tinha. Eu, o meu irmão e os meus primos, morríamos de amor por ela. Todos. Era épica. Única. Cinematográfica. Sem esforço nenhum de ser. Anos a fio diziam que era igual à Amália Rodrigues. E foi. Tão parecida ao ponto de lhe pedirem na rua para cantar. Porém, tinha um brilho só dela. Absolutamente dela. Parava lugares, ruas inteiras, cidades. E quem não acredita é porque nunca a viu passar. O mundo literalmente parava só para a ver passar. A minha filha chama-se Amália por ela. Por ela. Onde quer que estejas... Que saibas, sempre, do meu amor por ti."