Carolina Deslandes abriu o coração, no Instagram, e decidiu escrever um sentido texto dedicado a Sara Tavares, que morreu, no passado domingo, dia 19, aos 45 anos.
"Receber um disco, nesta altura, era como receber um tesouro. Não havia este trânsito de mil músicas a sair ao mesmo tempo. Não existiam tendências, nem hashtags. Existiam emissores dedicados e receptores devotos. Era um fascínio abrir um disco, ler os créditos e os agradecimentos, deixar o disco acabar e rezar que existissem faixas surpresa, já depois do suposto fim. Foi com essa ânsia e felicidade que recebi este disco [ilustrado na fotografia partilhada por Carolina Deslandes] - era meu e eu podia passar com ele todo o tempo que quisesse, e foi isso que fiz", começou por escrever a jovem.
"Os grandes artistas não são distantes de nós. São de casa, sem saberem. Os verdadeiros fãs querem lá saber se eles sabem ou não, querem só que eles existam. A Sara foi professora de crioulo, foi professora de respiração, naquela frase 'mistura de semba com samba de mambo com rumba, tua mão na minha e a minha na tua'. Como é que ela respira ali? Até hoje não sei. Foi professora da autenticidade, por nunca largar nada do que a distinguia para vender mais, foi minha amiga no meu quarto de adolescente, enquanto a ouvia cantar o amor, foi a minha inspiração", continuou.
"De braço dado com a sua cultura, a Sara tocou-nos e tocou o mundo. Uma diva não é uma presença arrogante e exigente, é uma presença que se auto-anuncia e que capta a atenção, e quando a Sara cantava até as pedras dançavam, e quando cantava baladas, o silêncio imperava nas salas. Nem o vento se atrevia a falar", recordou.
"Nestas últimas horas, perguntei-me muitas vezes: 'Será que a Sara sabia deste amor? Será que ela sabia que, no dia em que nos deixasse, o País inteiro ia estar de luto?'. Não sei. Mas sei isto: a vida é rápida. E cheia de coisas. E é urgente é imperativo que verbalizemos o amor. Com a palavra e a profundidade que ele merece. A maior e melhor forma que temos de honrar a Sara é essa - dizer o amor. Fazê-lo. Cantá-lo. Obrigada, Sara. Até já. A única coisa maior do que o legado que deixas é a saudade que fica", rematou Carolina Deslandes.
Veja, agora, a imagem partilhada pela artista.