"Aterrei em Telavive com 28 anos e com a convicção de que só havia um lado certo no conflito israelo-palestiniano", começa por revelar o jornalista André Carvalho Ramos, numa publicação que reúne várias imagens de uma viagem que o repórter realizou à região agora em conflito.
"Passei vários dias na Cisjordânia com pessoas que rapidamente se tornaram amigos. Recordo-me perfeitamente do dia em que parámos num telhado em Jerusalém e olhámos para uma nuvem muito carregada que estava a chegar à cidade. Perguntei à Yara e à Asal, duas palestinianas com a minha idade, se sentiam que uma tempestade estava para a chegar. Responderam-me que ela já tinha chegado. Ignorámos por aqueles minutos a ocupação e seguimos a falar sobre a vida no geral que, na verdade, é igual à de todos nós", continuou.
"Percorri todo o território ocupado, nos dias seguintes, e pude sentir como a vida dos palestinianos é exatamente como os momentos antes de uma grande trovoada: conseguimos sentir no ar que algo está para vir", explicou o jornalista, antes de afirmar: "Este fim de semana, mais uma vez, a tempestade abateu-se."
"O mais impressionante, para mim, foi chegar à conclusão de que há dois lados que conseguem ser simultaneamente o lado certo. Tanto os palestinianos como os israelitas sofrem com este conflito e os Governos alimentam-se do ódio que instigam e que cresce com esta gente desde o berço. O Hamas não representa nem a Yara, nem a Asal, nem tão-pouco toda a população palestiniana que vive sob uma ocupação feroz e que mata. Mas essa ocupação também não representa todos os israelitas. A diferença é que o Hamas é um grupo terrorista e Israel é um Estado. Isto confere maior responsabilidade a Israel pelo respeito do Direito Internacional e dos Direitos Humanos", refletiu André Carvalho Ramos, antes de deixar um desejo: "Espero, genuinamente, que a luta contra o terror não se transforme numa licença para matar."
Veja, agora, na galeria, as imagens partilhadas por André Carvalho Ramos.