De regresso a Portugal, Rita Egídio muda de nome e responde a tudo, sem tabus

Depois de dois anos a viver em Inglaterra e cinco na Holanda, Rita Egídio está de regresso a Portugal, com o marido, Paul Quentin, e os seis filhos do casal. Com uma carreira de sucesso internacional como DJ Rocky G, a ex-modelo e atriz apresenta-se, agora, como Rocky Valente e prepara o lançamento de um álbum.

Consegue fazer-nos um resumo do que foram os últimos anos?

Resumir em poucas palavras é complicado, mas posso dizer que foi uma oportunidade enorme de crescer, alargar horizontes e ganhar asas para voar e para viver os meus sonhos.

De certa forma, estava zangada com Portugal? ​

A minha mentalidade sempre foi um pouco diferente daquilo que, no geral, Portugal esperava, em especial para uma mulher e para uma mulher com tantos filhos. Não sei bem, mas, talvez, por ter crescido fora de Portugal, preferi ir à procura de espaço lá fora.

Olhando para trás, o que faria de diferente?

Penso que nada… ou, talvez, tivesse ido diretamente para Amsterdão, ao invés de ter ido, primeiro, para o Reino Unido.

Sente que, hoje, com as redes sociais, ser figura pública é diferente?

Eu penso que há duas grandes diferenças: a primeira é que o espaço das redes socais pode ser rentabilizado. A segunda é que, com o acesso às redes sociais, todos nós ‘passamos a ter voz’, ou seja, se há sempre uma hipótese de contrapor alguma ideia, justificar situações, o que não era possível há alguns anos ou era mais difícil.

Depois de dois anos a viver em Inglaterra e cinco na Holanda, o que a traz de volta a Portugal?

O meu marido queria muito vir para Portugal e, tendo em conta que parte da essência dos meus filhos é portuguesa, também achei que era necessário trazê-los para viver o país, a língua e a cultura. Para além disso, penso que ninguém fica insatisfeito de viver em Portugal.

Será um regresso temporário?

É um regresso muito fresco, ainda. Posso viver em qualquer parte do mundo, depende do que a minha família deseja e de como se adapta. A meu ver, criar crianças em Portugal é maravilhoso, criar teenagers em Portugal é muito saudável, comparativamente com outros países e cidades, o que é muito importante para nós, mas vamos ver. Não tenho nada decidido. O plano inicial seria ficar entre um a dois anos, mas creio que as coisas são capazes de estar a mudar e vamos ver o que vai acontecer, podemos, eventualmente, até ficar mais tempo.

Empresária, atriz, modelo e DJ. Qual é a sua grande paixão?

Defino-me como DJ ou produtora de música. Eu sou muito mais Rocky Valente do que Rita Egídio. Aliás, internacionalmente ninguém sabe quem é a Rita Egídio. É este o meu foco, desde há, sensivelmente, dez anos. Tudo o resto foram coisas que fui fazendo. Passei a ser conhecida quando tinha cerca de 24 anos, e, nessa altura, era interessante fazer capas de revistas e eu fui apanhada um pouco na snow ball desse momento, muito nova, sem grande experiência, sem grande estrutura familiar (sem pai disponível, nem mãe, porque faleceu, embora tivesse avós) e houve uma altura em que eu ‘tive de tocar todas as guitarras que havia para tocar’, até porque tinha uma família grande para sustentar. Há muito tempo que essa não é, felizmente, a minha realidade, há muito tempo que essa realidade já não existe, e o que faço permite-me ter uma vida maravilhosa. Estou muito focada no novo álbum, que sairá daqui a, sensivelmente, dois meses e pouco com uma grande editora, a Elevate, editora internacional muito respeitada no âmbito da música Techno. Esse vai ser o meu foco. 

Aos 38 anos, e 5 filhos biológicos depois, mantém uma forma física invejável. Qual é o segredo?

Neste momento, estou a trabalhar com um personal trainer, o Ricardo Costa. Pretendo estar mais em forma, ganhei uns quilos desde que vim para Portugal. Não é só pela questão física, mas também e principalmente porque o ser DJ implica, por vezes, um esforço físico grande. O treino também me permite melhorar a minha resistência para fazer face à exigência dos espetáculos.

Que tipo de alimentação faz e que cuidados tem?

Fui vegetariana nos últimos dois anos, mas, quando cheguei a Portugal, confesso que comecei a comer algum peixe e marisco. Tenho de admitir que estava com saudades da gastronomia portuguesa. Não pretendo comer carne. Não só por uma questão moral, mas, também, por uma questão física. Provavelmente, voltarei ao vegetarianismo. Neste momento, evito beber leite, comer iogurtes e não bebo refrigerantes. Tenho o meu calcanhar de Aquiles, que são os doces. Tenho estado a trabalhar nisso.

Essa alimentação é acompanhada de um plano de treino rigoroso?

Eu devia ter mais cuidado com o corpo do que tenho. Não sou muito obcecada com o treino e a forma física, mas obviamente que gosto de apostar em alguns cuidados e mimos. Gosto de fazer a minha limpeza de pele, de fazer massagens, por exemplo.

Depois de ter posado para várias revistas masculinas, aos 35 anos, foi capa da Playboy. Voltaria a fazê-lo?

Foi uma altura muito especial da minha vida, em que eu queria, de certa forma, fazer um statement e chamar a atenção das mulheres: dizer que é possível estarmos bonitas e em forma, mesmo depois de termos muitos filhos, e as mulheres deviam acreditar nisso. Eu costumo dizer que não podemos dar o que não temos. Acho que, no geral, na cultura portuguesa, a mulher e a mãe se diminuem muito em prol dos filhos, o que sempre nos foi ensinado, mas se não cuidamos de nós não vamos ter a qualidade de carinho, atenção e disponibilidade para dar à família e filhos, que merecem.

Como é que se define hoje, enquanto mulher?

Sou uma pessoa bem-disposta, positiva, valente e um pouco unapologetic se assim podermos dizer. É uma expressão que não tem exatamente uma tradução para português, mas tento fazer aquilo que quero sem me preocupar muito com o que os outros pensam. Tento só me preocupar com a opinião daqueles que eu amo e me amam.

Gosta do que vê ao espelho?

Mais hoje em dia do que quando tinha 24 anos. Sinto-me muito mais bonita hoje do que nessa altura.

Em 2014, casou-se com Paul Quentin. No campo do amor, continua feliz? E os filhos continuam a ser a grande prioridade da sua vida?

Claro que sim, senão não continuava casada. O ser casado é um trabalho, é uma empresa é uma profissão, implica também algum esforço de parte a parte, mas também é muito prazeroso e eu estou muito bem onde estou. São seis filhos, e eles são a minha prioridade, nem seria possível de outra forma. É claro que tudo na vida tem momentos e os filhos, quando começam a ser adultos (tenho um com quase 18 e outro com 19 anos) têm, por vezes, uma forma de ver o mundo diferente da nossa. Podemos não concordar com essa forma, mas os meus filhos são o que mais amo no mundo. Também amo o meu marido e a minha carreira.