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A primeira entrevista de Cristina Reyna após adeus à TVI/CNN Portugal: "Acredito que o mundo é dos audazes"

Em conversa com a SELFIE, Cristina Reyna explica o adeus ao jornalismo e revela como viveu o último dia na redação da TVI e da CNN Portugal.

Estava na TVI desde o inicio das emissões do canal e, há poucos meses, tinha assumido a condução do principal noticiário da CNN Portugal, o "Jornal da CNN". No dia 16 de junho, contudo, Cristina Reyna surpreendeu os telespectadores ao anunciar o respetivo adeus ao canal... e ao jornalismo.

Em exclusivo à SELFIE, na primeira entrevista que concede desde a despedida do pequeno ecrã, Cristina Reyna explica os motivos por detrás desta decisão e fala sobre o futuro. E aborda também a consensualidade que, sem ter noção, alcançou junto de profissionais de todas as estações.

Ao fim de 28 anos de jornalismo e 30 de TVI, porque sai?
Saio porque também estou um pouco cansada. É uma profissão esgotante. E cheguei a uma idade em que quero fazer coisas novas e diferentes. E preciso desse estímulo.

Que o jornalismo, de certa forma, já não estava a dar?
Eu acho que uma vez que se é jornalista é-se sempre jornalista, porque é sempre uma forma de ver as coisas. Há um método de trabalho que eu acho que se entranha em nós e que nunca nos deixa. Outra coisa que tem que ver com o jornalismo é a capacidade de nos espantarmos com as coisas. E eu acho que isso eu tenho ainda [sorri]. Mas foram 30 anos e achei que era um bom momento para sair. Para mim, era importante sair num bom momento.

Foi fácil tomar a decisão ou houve um grande período de hesitação?
Foi fácil, porque é uma decisão de muito tempo. É muito amadurecida e muito refletida. E, de certa maneira, também ansiada.

Como foi vivido o último dia?
No último dia, deveria ser proibido apresentar noticiários. Foi um dia de despedidas, de abraços, de declarações de amizade e de desconcentração total [risos]. Portanto, deveria ser proibido. Mas, ao mesmo tempo, também não fazia sentido sair de outra maneira. Se aquilo era o meu trabalho e era a minha semana do "Jornal da CNN", claro que fazia sentido sair da maneira que saí. E acho que as coisas se conjugaram de uma maneira... perfeita.

Sai com a sensação de que é uma figura consensual? Não é muito comum vermos tantas manifestações de apreço públicas, não só de colegas da estação onde se trabalha como de das concorrentes, como aconteceu com a saída da Cristina.
Eu não tinha noção dessa consensualidade e foi muito agradável sentir essa simpatia e esse carinho. Mas, olhando para trás, sinto que foi muito bom e, portanto, também estou orgulhosa disso. Porque foi o produto de muito trabalho, de muitas tentativas, de olhar sempre para os bons, de ler os melhores e de seguir o meu instinto, a minha criatividade e o meu espírito. Sempre. Se isso é reconhecido, fico muito, muito, muito contente e muito orgulhosa.

Acredito que seja difícil, até porque a Cristina assumiu várias funções. Mas, em 30 anos, consegue destacar o momento mais importante que viveu? Aquele que teve mais impacto em si?
Para mim, o que teve mais impacto, porque era um assunto que estudava muito e sobre o qual escrevia muito, foi o conflito israelo-palestiniano. A primeira grande experiência, de grande impacto para mim, foi um cerco a Yasser Arafat, em que havia um recolher obrigatório em Ramallah. E todas as vezes que fui à Cisjordânia ou à Faixa de Gaza foram muito marcantes para mim. Depois, houve eleições que tive muito gosto em acompanhar - é sempre um privilégio, penso eu. Mas umas que, para mim, foram, realmente, muito significativas foram as eleições que elegeram Barack Obama, em 2008. Lembro-me perfeitamente dessa noite, em Chicago [nos Estados Unidos]. Havia muita esperança nessa noite. Foi muito bonito.

Agora, segue-se um período de descanso?
Absolutamente. Quero aproveitar o verão, como se tivesse voltado à escola [risos]. Tenho muito para ler e tenho coisas para fazer. Acredito que o mundo é dos audazes, que as coisas vão acontecendo e que a vida vai dando. A vida dá.

Mas já sabe o que vai fazer no futuro?
Não, não, não. Não tenho qualquer plano estritamente profissional neste momento. Não tenho absolutamente algo pensado. E, neste momento, só me apetece desligar-me de toda esta experiência. Porque foi mais de metade da minha vida... Portanto, vou precisar de um período para me desligar.

E até de fazer um período de luto, não?
Não sei, não sei... Estou expectante com isso. Não sei o que vou sentir. Para já, estou muito contente e aliviada por fechar um ciclo e fechá-lo bem. Mas sei que vou ter de alimentar o meu espírito e a minha cabeça. Disso, tenho a certeza.

Veja, agora, o vídeo do momento em que Cristina Reyna se despede dos espectadores da CNN Portugal.

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