Apesar de em Portugal haver tanto sol, há muitas pessoas que têm défice de Vitamina D, conforme explica a nutricionista Mafalda Rodrigues de Almeida, que esclarece que "as vitaminas são micronutrientes essenciais no organismo, e que têm que ser obtidos através da dieta, uma vez que não podem ser sintetizadas pelo corpo humano".
Estas dividem-se em dois grandes grupos, de acordo com um critério de solubilidade:
- hidrossolúveis (solúveis em água);
- lipossolúveis (solúveis em gordura e por isso têm que ser veiculadas através de uma fonte de gordura alimentar).
Sendo lipossolúvel, a vitamina D encontra-se presente em poucos alimentos, "sendo aqueles em que se encontra em maior quantidade os peixes gordos (salmão, cavala, sardinha e atum), óleos de fígado de peixe e gema do ovo", elucida a nutricionista, acrescentando que também se encontra em suplementos alimentares e que existem alguns alimentos, como leite, cereais de pequeno-almoço e gorduras vegetais que são fortificados com esta vitamina, "o que significa que há uma adição de vitamina D ao alimento, para que este contenha um maior teor da mesma".
Além disso, "a absorção desta vitamina é bastante maior quando consumida juntamente com alimentos ricos em gordura, devido à sua natureza lipossolúvel. No entanto, não está estudada qual a quantidade ideal de gordura a consumir para que seja absorvida a maior quantidade possível".
A vitamina D tem, ainda, a particularidade de poder ser produzida por ação da radiação ultravioleta da luz solar na pele, "considerada a forma mais eficaz para obtenção desta vitamina. No entanto, esta produção está dependente de diversos fatores como a estação do ano, a pigmentação da pele, o uso de protetor solar, a quantidade de pele exposta e a idade", esclarece Mafalda Rodrigues de Almeida, que acrescenta que "a vitamina D promove a absorção de cálcio, e que, desta forma mantém adequadas as concentrações de fósforo e cálcio. Um nível adequado de vitamina D no organismo parece proteger contra distorções músculo-esqueléticas (quedas e fraturas), doenças infeciosas, autoimunes, cardiovasculares, diabetes mellitus tipo 1 e 2, vários tipos de cancro, entre outras".
Ao contrário do que acontece com as vitaminas hidrossolúveis, que, no caso de se encontrarem em excesso no organismo, são eliminadas pela urina, as vitaminas de natureza lipossolúvel, como a vitamina D, não conseguem ser eliminadas dessa forma, sendo acumuladas quando se encontram em excesso no corpo humano. Se esta acumulação for em grande quantidade, pode levar a uma hipervitaminose, que ocorre quando a vitamina atinge um nível tóxico no organismo o que pode trazer danos renais e cardiovasculares. "É importante ressalvar que é bastante improvável e difícil chegar a um estado de hipervitaminose, apenas através do consumo de alimentos, sendo, a toma de suplementação indevida a causa mais frequente", alerta a nutricionista, advogando que, para obter os benefícios da suplementação é preciso usar a dose adequada e recomendada por um profissional de saúde. "A suplementação de vitamina D está indicada para casos específicos, como é o caso de adultos com deficiência comprovada, síndrome de má absorção, insuficiência renal crónica e situações de maior gravidade clínica como osteoporose ou fraturas", explica, acrescentando: "Para além disto, considera-se que, apesar dos suplementos alimentares poderem ser uma via para o aumento do consumo de vitamina D, os alimentos fortificados representam um melhor custo-benefício."
Tendo em conta o atual contexto da pandemia de coronavírus, a nutricionista afirma: "Não há nenhuma recomendação que indique benefício no uso de suplementos de vitamina D contra Covid-19, mesmo tendo em conta a diminuição da exposição solar na situação de quarentena. É importante deixar claro que a toma de suplementos alimentares ricos em vitamina D não é estritamente necessária, uma vez que é possível atingir a ingestão recomendada através da alimentação ou exposição solar e que, no caso de suplementação esta não deve nunca ser realizada sem o acompanhamento por um profissional de saúde habilitado, podendo correr o risco de estar a suplementar sem necessidade e em doses inadequadas."