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Paulo Futre emociona-se, ao fazer revelação: "Sentia-me um analfabeto"

O antigo futebolista Paulo Futre esteve na casa do "Big Brother Famosos", da TVI, na noite deste domingo, dia 27, como convidado especial.

Desafiado a partilhar a respetiva "Curva da Vida", Paulo Futre, de 56 anos, escolheu, apenas, um momento para explorar. No entanto, revelou, desde logo, em conversa com Cristina Ferreira, que a apresentadora ia perceber o "porquê" daquela escolha.

"Nasci no Montijo, a 28 de fevereiro de 1966. Em 1974, fui para a primeira classe. Em 1979, fiz o primeiro ano do ciclo e deixei de estudar. E também comecei a trabalhar como bate-chapas. Tinha 13 anos. Em 1980, com 14 anos, escrevi uma carta à minha primeira namorada, que se chamava Cecília. Uma carta de cinco linhas. Foi a última vez que escrevi duas linhas seguidas, até 2004, 24 anos depois", começou por dizer o antigo futebolista.

Nesta viagem no tempo, Paulo Futre regressou até ao Euro 2004, competição de futebol realizada em Portugal. Na altura, o antigo futebolista recebeu uma chamada do "diretor do jornal desportivo mais importante do mundo, o jornal 'Marca'". "Liga-me e diz-me: 'Paulo, era uma honra, para nós, que escrevesses, depois de cada jogo de Portugal'. Eu disse-lhe: 'Para mim, também seria uma honra, mas eu não sei escrever'. Disse-lhe, custou-me. Se fosse o pé esquerdo, com a caneta, talvez conseguisse escrever, mas as mãos eram cegas. Sentia-me um analfabeto da escrita. E ele disse-me: 'Como queremos tanto que estejas connosco, eu meto um jornalista a falar contigo e tu dás a tua opinião. Depois de cada jogo, ele liga-te e tu dás a tua opinião'", recordou.

Cristina Ferreira interrompeu-o. "Custou-te, enquanto homem feito, teres que dizer que não sabias escrever?", perguntou a apresentadora. "O que querias que eu dissesse? Que sabia escrever? Senti vergonha, mas tive de dizer a verdade ao homem. Não podia inventar", respondeu o convidado especial do "Big Brother Famosos", da TVI.

No entanto, tudo mudou com a chegada da meia-final do torneio. Portugal jogou contra a Holanda (atualmente Países Baixos) e venceu a partida, o que nos levou à final da prova. "Comecei a chorar, como todos os portugueses. Chorava 'baba e ranho', feliz. Falei com o meu filho: 'Paulinho, fica aí em casa, que o pai vai ligar-te daqui a pouco. Eu, hoje, vou escrever, o teu pai vai escrever'. O gajo começou a rir, não é? Dizer-lhe que ia escrever era o mesmo que dizer-lhe que ia à lua. O jornalista ligou-me e eu disse-lhe: 'Quem vai escrever sou eu. Envia-me só o e-mail'. Cristina, quem começou a escrever não fui eu, foi o meu coração. Meto um papel à frente e aquilo saiu tudo escrito com o coração. Quando levanto o papel, vi que aquilo era um idioma diferente. Não era português, nem era espanhol. Só eu é que entendia. Se visses aquilo à tua frente, era igual a chinês", recordou.

Entretanto, Paulo Futre ligou para o filho e, "como ele fala os dois idiomas", ajudou-o a estruturar o artigo, de forma a ficar "perfeito". "Quando o meu filho terminou de ler - ele tinha 14 ou 15 anos - fez uma pausa. Já não se riu. Estava a chorar, de verdade. Eu enviei aquilo e, dez minutos depois, ligou-me o diretor do jornal e disse-me: 'Eu não sou português, mas há muito tempo que uma crónica não me emocionava. Foi algo maravilhoso'. Um analfabeto a ouvir aquelas palavras...", contou, emocionado.

O antigo futebolista recebeu, então, uma proposta, uma vez que o diretor da publicação não queria perdê.lo enquanto cronista. "Estive 15 anos com eles, Cristina. Um analfabeto a escrever para o melhor jornal desportivo do mundo. 15 anos, até 2019. Hoje, escrevo para o 'Mundo Deportivo', outro grande jornal. Já escrevi para 'A Bola', para o 'Record', que foi um orgulho tremendo para o meu pai", destacou.

Paulo Futre explicou, então, o que o levou a escolher esta história. Em causa está o facto de todos os futebolistas quererem ser treinadores quando terminam a carreira. "Mas não chega para todos", frisou. "Estou a escolher isto pelo Kenedy. Os jogadores de futebol não são estúpidos. Podem fazer muitas coisas mais. Falta esta figura, depois do futebol, há outra vida. Falta uma figura para ajudar os futebolistas. Se há gente séria é os jogadores. O Kenedy é um craque, é boa gente. Queria ser treinador? Sim, e teve uma oportunidade ou duas. Não deu. E agora? Caiu. Quantos é que não caem? De 100 jogadores, 90 têm muitos problemas. Falta esta figura. Só isto", rematou.

Cristina Ferreira não quis deixar de elogiar o testemunho do convidado especial do reality show. "Numa única história, conseguiste ser inspirador para milhares de pessoas. No nosso percurso, podemos ser tudo o que quisermos", atirou.

Veja, agora, o vídeo da "Curva da Vida" de Paulo Futre.

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