"Nas gavetas da vida, que guardamos no cérebro, vamos acumulando memórias, conquistas e desilusões, alegrias, tristezas e, no limite, tragédias", começou por desabafar Judite Sousa, numa publicação que realizou no Instagram.
"Neste bullying emocional em que vivemos, onde não temos certezas de nada, estamos mais stressados. E, porventura, mais sozinhos. Próximos e distantes. Frágeis e fortes. São as estradas da vida que nos levam a cair, a reerguermo-nos, a recomeçar ou então, agarrados ao coração, a ficarmos a chorar baixinho", continuou a jornalista, de 60 anos.
"Lembrei-me destas palavras quando, ontem, senti a voz trémula e as lágrimas quase a soltarem-se dos olhos do Miguel Sousa Tavares. E pensei como é difícil libertarmo-nos de uma profissão que nos está colada à pele e, ainda mais difícil, quando se jogou na roleta da vida, se perdeu tudo e há uma voz (António Lobo Antunes falava na voz que inspirava a sua prosa) que nos diz: 'Vive uma nova história, dá uma nova oportunidade a ti mesma'", prosseguiu Judite Sousa, referindo-se à última entrevista realizada por Miguel Sousa Tavares, que se despediu do Jornalismo numa conversa com Marcelo Rebelo de Sousa, transmitida na TVI.
"Qualquer que seja a adesão à realidade, é à volta das forças e fraquezas, nesta era da globalização digital, que tenho andado a escrever, nestes últimos meses. Não é fácil. A escrita pode ser um exercício de uma forte violência psicológica. Vamos ver", rematou a jornalista.