Goucha

Manuel Luís Goucha questiona Judite Sousa: "Em algum momento pensaste pôr termo à vida?"

Manuel Luís Goucha entrevistou Judite Sousa, na passada quinta-feira, dia 5, no programa "Goucha", da TVI. A jornalista falou sobre o filho, que morreu em junho de 2014.

Judite Sousa marcou presença no programa "Goucha", da TVI, da passada quinta-feira, dia 5, e, entre outros temas, falou sobre a morte do filho, André Sousa Bessa, que aconteceu em junho de 2014, após um acidente numa piscina.

"Em algum momento pensaste pôr termo à vida?", perguntou Manuel Luís Goucha, face à situação dolorosa que a jornalista teve que enfrentar. Judite Sousa respondeu, prontamente, que "sim". "Houve uma situação, que foi pública, de resto, foi manchete dos jornais. Acontece com muita frequência, quando se dá a morte de um filho, porque a morte de um filho não é a mesma coisa que a morte de um primo ou de uma prima, de um pai ou de uma mãe", acrescentou.

A pivô da CNN Portugal revelou, ainda, que "a morte de um filho tem uma dimensão completamente distinta e, portanto, nesses casos, muitas vezes, as pessoas caem em situações limite". "E, obviamente, isso aconteceu comigo, como foi público e notório", continuou.

Porém, Judite Sousa afirmou que está "completamente curada". "O médico disse-me, há cinco meses, que eu estou 'impecável'", frisou.

A paragem que a jornalista fez na carreira, durante cerca de três anos (regressou em novembro de 2021, pela porta do mais recente canal de informação da Media Capital), foi fundamental para a recuperação. 

"Fiquei a fazer o meu luto, que não tinha feito há sete anos. Quando o André faleceu, não houve ninguém, a começar pelos médicos, que dissesse que eu tinha que parar para fazer o luto do meu filho. Por isso, voltei a trabalhar em setembro [três meses depois da morte do filho]", recordou. 

Agora, Judite Sousa considera que a decisão de ter "mergulhado" no trabalho, como forma de tentar camuflar a dor, não foi a correta. "Vim a perceber mais tarde, nas conversas que fui tendo com os médicos, que o luto devia ter sido feito nessa altura, mas não foi", lamentou.

"Acabei por fazer o luto nestes últimos três anos. E foi uma coisa pacificadora porque o tempo não resolve o problema de fundo. O Cardeal Tolentino Mendonça disse, uma vez, que 'a morte de um filho é um naufrágio'. Subscrevo, inteiramente. Sinto-me uma naufraga para a vida toda. Eu e o pai", frisou, visivelmente emocionada.

"Quando morre um filho, nunca se consegue fazer o luto, na sua plenitude. Mas tem de se fazer alguma coisa. Foi isso que fiz nestes últimos três anos", completou, avançando que "o tempo" ajuda "a ver os acontecimentos trágicos de uma outra forma: com mais serenidade e ponderação".

"Quando, há cerca de cinco meses, fui contactada para poder integrar o projeto da CNN Portugal, eu perguntei ao médico que me seguia se estava em condições de voltar a trabalhar, de encarar a opinião pública e os espetadores. E ele disse-me que sim. E foi com base nessa opinião que eu decidi que poderia voltar a trabalhar", rematou.

Veja, agora, o vídeo da entrevista de Judite Sousa.

Caso esteja a sofrer de algum problema psicológico, tenha pensamentos autodestrutivos, ou sinta necessidade de desabafar, deverá recorrer a um psiquiatra, psicólogo ou clínico geral, podendo, ainda, contactar uma das seguintes entidades:

- Conversa Amiga (entre as 15h e as 22h) - 808 237 327 (número gratuito) e 210 027 159

- SOS Voz Amiga (entre as 16h e as 24h) - 213 544 545

- Telefone da Amizade (entre as 16h e as 23h) – 228 323 535

- Telefone da Esperança (entre as 20h e as 23h) - 222 030 707

- SOS Estudante (entre as 20h e a 1h) - 239 484 020

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