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Sandra Felgueiras desabafa: "Foi um dia difícil"

No Instagram, Sandra Felgueiras fez um emotivo desabafo acerca de um dia importante para a jornalista.

"Ontem [quinta-feira, dia 14], foi um dia difícil. Difícil para pessoas que todos os dias lidam com colegas precários que deveriam receber o dobro, que não merecem viver num apartamento partilhado com amigos depois dos 30 e, pior ainda, sem qualquer perspetiva de mudança", começou por escrever Sandra Felgueiras, num desabafo que fez no Instagram, a propósito da greve geral dos jornalistas.

"Quando recebi um prémio da SPA, em 2019, disse ao Presidente da República, que estava na plateia naquela noite, que era incompreensível atribuírem um prémio de melhor programa de informação a uma equipa com vários precários. Referia-me ao 'Sexta às 9' da RTP, extinto pelas razões que conhecem, mas que tanta diferença fez neste país durante dez anos. Passaram cinco anos desde esse prémio. Eu continuo a pensar o mesmo, mas pergunto-me: 'O que fizeram desde então todos aqueles que me aplaudiram na altura? Cruzaram os braços? E saíram ontem à rua?'", continuou a jornalista, antes de continuar: "Ou fazem como Marcelo: escrevem ou gritam que estão ao lado do jornalismo porque sem ele não há democracias fortes e, depois de a notícia sossegar, voltam às suas vidas?".

"É preciso fazer mais. Foi preciso haver um descalabro na Global Media para que, de repente, todos acordassem", considerou Sandra Felgueiras, assumindo: "Não fiz greve para dar voz aos grevistas. Alguém tem de ser o mensageiro, mesmo quando restam poucos para fazerem notícias numa redação. E eu gosto de acreditar que ajudo a fazer a diferença. Parar um dia não faz qualquer diferença. O que faz a diferença é não desistir todos os dias de mostrarmos com o nosso trabalho que nós, jornalistas, fazemos a diferença."

Sandra Felgueiras rematou: "A verdade é que muitos de nós não têm feito a diferença. A grande maioria nem sequer se preocupou nos últimos anos com a desgraça em que mergulhavam milhares de colegas. Não era nada com eles. Eu estou de consciência tranquila. Comigo, não há silêncio. Nem inacção. Ontem, eu e o Zé Alberto [Carvalho] acreditámos ambos que seríamos muito mais eficazes se não falássemos de nós enquanto classe, como aconteceu nas ruas onde decorreram as concentrações de jornalistas. Acreditámos e continuamos a acreditar que o mais importante é dar voz ao essencial. E o essencial é que a sociedade mudou, os hábitos de consumo mudaram e é legítimo que outros tenham ocupado o nosso espaço. Cabe-nos também a nós reconquistá-lo. Com trabalho e muita solidariedade e sensatez."

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