O "Big Brother 2024", da TVI, estreou-se na noite do passado domingo, dia 24, e a SELFIE esteve à conversa com o comentador Pedro Crispim.
"Tenho a consciência que é um universo novo para a maioria deles. Tenho plena consciência de que, inicialmente, vão estar com alguma resistência quanto ao facto de mostrarem outras camadas de si enquanto pessoas e de que vão pondo algumas máscaras que acreditem que funcionem. Fórmulas que já viram antes e que acreditem que funcionem. Mas, na verdade, o jogo tem muito mais interesse para mim quando são reveladas essas outras camadas dos jogadores. Quando começam a fazer essa 'desfolhada', é muito mais estimulante para mim. Enquanto comentador e telespectador", começou por nos dizer.
De seguida, o stylist falou sobre Jacques Costa, concorrente que assumiu estar "a viver um ano de autodescobrimento e que se identifica como pessoa não-binária". "Em relação aos temas, às causas e às pautas que são levadas para a casa, acho muito bem e acredito que um reality show, apesar de ser algo ligeiro, leve e divertido, também pode conter, para mim, algum tipo de aprendizagem e informação que se perpetue no tempo. Considero que o projeto reality show vai muito além do óbvio. Sim senhor, há esse verniz todo de entretenimento, que faz todo o sentido, mas, se existirem determinados tópicos cujo debate seja necessário, vou sempre aplaudir. É isto que acontece com a Jacques", introduziu.
"Acho que se deve falar de tudo, não deve haver fantasmas nem medos. Não devem haver assuntos proibidos em televisão. Somos pessoas, falamos e comunicamos para pessoas e, como tal, o mundo vai muito além dos nossos horizontes. Neste sentido, sinto que é um leque de concorrentes que, à partida, vai desencadear narrativas muito interessantes e debates muito necessários. É um casting muito, muito bem conseguido. Espero que todos vão ao encontro das minhas expectativas", continuou.
"Em relação à Jacques. O meu aplauso vai, primeiramente, para a TVI. Realmente, é um assunto que necessita de ser falado, desmistificado e debatido. Mas vamos ver uma coisa: quando alguém agarra essa pauta ou quando alguém encerra em si essa realidade - porque isto é uma questão de identidade, nada tem que ver com sexualidade -, isso tem de ser muito bem explicado e tratado. A montra que é o 'Big Brother' transporta uma oportunidade única de realmente passar a mensagem, de comunicar e de ensinar. Por isso, espero que exista essa consciência, caso contrário foi tudo em vão e é como morrer na praia. Há, de facto, ali uma oportunidade de ouro para o tema ser esmiuçado, explicado e resultar, de alguma forma, numa normalização, mas as coisas têm de ser estruturadas e bem defendidas, para terem o seu crédito. Na verdade, é essa a minha verdadeira expectativa em relação ao tema", confidenciou.
"Somos todos tão diferentes, não temos de ser iguais, nem temos de nos atacar por sermos diferentes. Temos de dar espaço para entender e para conseguirmos evoluir enquanto sociedade", frisou, ainda.
Por fim, Pedro Crispim abordou o momento em que Jacques Costa admitiu, em conversa com Cláudio Ramos, que prefere ser tratada pelo pronome feminino. "Confesso que fiquei um pouco baralhado, mas, possivelmente, é limitação minha ou ignorância minha e passo a explicar o que me baralhou: se a pessoa defende que é não-binária e não se identifica com as gavetas em que são colocados o homem e a mulher, então depois quando lhe é perguntado a pessoa responde que quer ser tratada no feminino? Naquele momento foi assim, na gala, e fiquei um bocadinho baralhado. Mas, se calhar, sou eu que sou limitado em relação a este tema. Por isso, estou muito interessado para ver o tema desenvolvido", admitiu o comentador do formato.
"Acho que, acima de tudo, temos de olhar para os concorrentes sem julgamentos e dar uma oportunidade de todos juntos aprendermos alguma coisa. Não faz mal a ninguém, a aprendizagem nunca nos deixa para trás. Mas também acredito que a Jacques seja muito mais do que a questão que está em cima da mesa", rematou.