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Antigo ministro Morais Sarmento revela que esteve entre a vida e a morte: "Não era suposto estar aqui"

Nuno Morais Sarmento abriu o coração, em conversa com o jornalista Vítor Gonçalves.

Nuno Morais Sarmento
Nuno Morais Sarmento

Vítor Gonçalves recebeu Nuno Morais Sarmento no programa "Grande Entrevista", da RTP3, que foi para o ar na passada quarta-feira, dia 10.

A certa altura, o antigo ministro revelou que, nos últimos três anos, esteve duas vezes entre a vida e a morte, devido a um cancro no pâncreas.

"Foi, talvez, o desafio mais difícil que até agora enfrentei, porque eu tinha terminado recentemente um tratamento oncológico e estava ainda a recuperar", começou por dizer.

"Foram três anos da minha vida, um primeiro ano sem diagnóstico certo e, portanto, progressivamente incapacitado", continuou.

"Tratava-se de um insulinoma, que é um tumor no pâncreas. Todas as intervenções que envolvem o pâncreas têm uma grande tendência para se complicarem e, neste caso, complicou-se, depois da cirurgia. Acabaram por ser 18 meses de hospital, 12 cirurgias, 16 anestesias gerais, cinco meses de cuidados intensivos e não há muitas palavras para descrever a violência que isto foi. Não me recordo de um único dia nos últimos três anos em que não tenha tido dores e sofrimento físico. Chega a um ponto em que já não se tem resistência", confidenciou Nuno Morais Sarmento.

"A resistência veio alguma de mim, mas, em primeiro lugar, da Filipa, a minha mulher, sem a qual, de certeza absoluta, eu não estaria aqui. E, depois, uma sensação quase física que eu tive durante esse tempo, da força e da energia das pessoas que, de alguma forma, estavam a acompanhar. Família e amigos", contou.

De seguida, o advogado revelou, ainda, que os médicos chegaram mesmo a chamar os filhos para se despedirem do pai.

"Eu tive duas vezes, uma não estava consciente, da outra estava, em que o médico chamou os meus filhos para se despedirem de mim, o que é uma coisa de uma violência, mais para eles do que para mim. Tive um pé cá e um pé lá, tenho perfeita consciência. Não vi um túnel e luz no fundo, se calhar porque não vou para o céu, mas do que vi, pelo contrário, foi uma realidade errada, disforme, desconstruída e que me fez resistir e não querer passar. Não sei o que era o depois, mas tenho a absoluta certeza de que a vida não acaba aqui", assegurou.

"Isto é um tempo extra, não era suposto eu estar aqui. A vida deve ser aproveitada, mais do que eu a aproveitava", finalizou.

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