Margarida Amaral protagonizou uma carreira de mais de 50 anos, tendo sido a primeira artista a cantar nas emissões experimentais da RTP, na Feira Popular, em Lisboa, em 1956.
O convite para atuar na RTP foi do jornalista Raul Feio, que trabalhava na então Emissora Nacional, tendo sido o primeiro apresentador da televisão pública.
A cantora, que nasceu a 10 de março de 1928, em Lisboa, tinha iniciado o percurso artístico nos programas de José Oliveira Cosme, no Rádio Clube Português.
Mais tarde, Margarida Amaral apresentou-se para provas na Emissora Nacional, onde se manteve até à desativação desta, em dezembro de 1975 para dar lugar à Radiodifusão Portuguesa (RDP).
Margarida Amaral foi avaliada por um júri composto pelos maestros Belo Marques e Tavares Belo, o compositor Nóbrega e Sousa e o chefe dos serviços musicais da Emissora, Pedro do Prado.
A aspirante a cantora passou então a fazer parte do Coro Feminino da Emissora e mais tarde do Quarteto Feminino da estação. Prosseguiu a carreira nos quadros da Emissora, tendo sido solista da Orquestra Típica Portuguesa. Foi num espetáculo transmitido em direto de Pombal, da Orquestra Típica, sob a direção do maestro Belo Marques, em julho de 1949, que estreou um dos seus maiores sucessos, "Alô".
Um outro sucesso seu foi "Viva o Sporting" (Artur Ribeiro/Jaime Filipe), que festejou a vitória do Sporting, em 1964, na Taça das Taças, frente ao MTK de Budapeste, graças ao "cantinho de Morais", como ficou celebrizado o golo de João Paulo da Encarnação Morais.
Do repertório de Margarida Amaral fazem parte êxitos, como "Dorme Meu Menino" (Manuel Azambuja/Nóbrega e Sousa) e "Estoril" (José Ludovice/Fernando d'Eça Leal), posteriormente gravada por Lina Maria Alves e Paula Ribas.
A cantora recriou com sucesso a canção "Camélias" (Alberto Barbosa, Luiz Galhardo da Silva e Xavier de Magalhães/Raul Ferrão), uma criação de Corina Freire, que apresentou no programa televisivo "Melodias de Sempre", do qual fez parte do elenco, a convite do produtor Melo Pereira.
Numa entrevista à RTP, a cantora referiu as "condições difíceis" em que trabalhou, tendo percorrido "o país do Minho ao Algarve" e, apesar de convites para atuar nas então províncias ultramarinas portuguesas, nunca aceitou. O facto de ter um filho prendeu-a, justificou.
Com "Vai-se a Noite num Ai" (Mariana Filomena/Germâni Correia), classificou-se em 2.º lugar num concurso de Marchas de Lisboa.
"Nas Voltinhas do Marão" (António Pedro), "Andam Cantigas no Ar" (Aníbal Nazaré/Fernando de Carvalho) foram outros êxitos seus, assim como "O Que Têm os Teus Olhos"; "Expressão"; "Vira do João"; "Sol Português" e "Festa dos Aventais".
O velório da cantora realizou-se no passado sábado, dia 7, na Igreja do Cristo Rei, na Portela, no concelho de Loures, nos arredores de Lisboa.