Entrevistas

Já conhece Fernando Gomes? Entrevistámos o fenómeno do humor em Portugal

A SELFIE esteve à conversa, em exclusivo, com o humorista Fernando Gomes.

Como surgiu o humor na sua vida?
Sempre esteve presente graças aos meus amigos. Todos têm um sentido de humor extraordinário e estamos constantemente a rir e a fazer piadas. Estar rodeado de pessoas assim programou-me de forma a reconhecer humor em qualquer situação.

Há uns tempos, os seus vídeos começaram a circular no Instagram. O que aconteceu? Foi devido a partilhas de várias pessoas?
Sim, tenho muitas partilhas. As pessoas dizem-me que estão fartas de ver o mesmo conteúdo reciclado por todos os criadores e que sou uma lufada de ar fresco. Acho que é isso. Não encontrei em português o tipo de conteúdo que eu queria ver e decidi fazê-lo.

Qual tem sido o feedback dos seus seguidores?
Positivo e abundante, de tudo o que se possa imaginar. Pais que adoram ver os vídeos com os filhos, psicólogos que recorrem aos meus vídeos com os pacientes, pessoas que dizem que ver os meus vídeos é a única coisa que alegra o dia delas. Muitos fãs, elogios e aplausos. Pedem-me para fazer mais e mais e nunca parar. Uma pessoa disse-me que sentia que ia morrer se não tivesse mais vídeos meus. Eu dou o meu melhor e não tenciono parar. Aliás, ainda agora comecei.

Tem um reels com mais de quatro milhões de visualizações. Qual o sentimento?
Não achava que o meu tipo de humor fosse tão abrangente e sinto uma gratidão enorme em ter a aprovação de centenas de milhares de pessoas. Ao mesmo tempo, é apenas a materialização daquilo que manifestei. Desde o dia 1 que faço vídeos para milhões de pessoas. Sinto responsabilidade pelo que digo e um desafio de fazer vídeos cada vez melhores.

Faz tudo sozinho?
Sim, escrevo, filmo e edito tudo sozinho, tal como a maioria dos criadores, penso eu. Sempre fui um autodidata e one-man show, em tudo.

Em que se inspira para os vídeos?
Situações do dia-a-dia e em outros criadores. A maior parte das minhas ideias surge, aparentemente, do nada, ou quando estou a ver outros vídeos. Empenho-me ao máximo para não copiar ninguém. A primeira regra para tudo o que eu crio é ser original. E, tal como na música, por vezes tenho de fazer um esforço ativo para parar de ter ideias.

Quem são os seus ídolos? Nacionais e internacionais.
Por mais banal que pareça, admiro o Mr. Beast pela capacidade criativa e todo o trabalho de filantropia. De Portugal, sou muito fã do Peter Castro, que é, por acaso, um dos meus melhores amigos. O Peter é DJ e produtor, cria conteúdo absolutamente hilariante, educativo e necessário. Ele inspira-me e motiva-me. É daquelas pessoas que todos deveríamos ter do nosso lado. É um visionário e um farol verdadeiramente incontornável no nosso país.

Qual o seu sonho, relativamente a esta área?
Eu comecei a fazer vídeos apenas para me divertir. Por isso, sinto que me estou a preparar para algo que ainda não sei o que é. Quero entreter as pessoas e vou agarrar as oportunidades que me trouxerem mais entusiasmo. Quero ter um legado do qual me orgulhe e ser um dos maiores entertainers portugueses, seja através dos vídeos, da minha música, ou o que quer que o futuro me reserve.

E, agora, fale-me da sua veia musical. Como surgiu esse seu gosto pela música?
No secundário, aprendi a tocar guitarra e bateria com os meus amigos e divertimo-nos muito a fazer música. Comecei a compor e cresceu uma ambição enorme de gravar as minhas próprias músicas. Gastei o primeiro dinheiro que ganhei em material de gravação e nasceu o James Nova, em 2019. Desde aí, e com um esforço sobrenatural que me levou várias vezes às profundezas do meu ser, lancei sete músicas que não têm, nem de perto, o reconhecimento que eu sei que merecem. Nunca tive grandes oportunidades nem mentores, aprendi a tocar instrumentos, a cantar, a produzir, a escrever, a fazer tudo sempre sozinho, ai de mim se não fosse eu. Mas não tenho outra alternativa, o mundo tem de ouvir a minha música. Fazer música é a minha grande paixão.

Chegou mesmo a concorrer ao Festival da Canção?
Sim, em 2023. Durante o ano em que produzi 'My Fado', sonhei todos os dias em trazer a vitória da Eurovisão para Portugal. Infelizmente, não era o que procuravam na altura. Um dia, talvez pise um palco assim tão grandioso para fazer jus ao meu próprio fado. 'My Fado' fala sobre não conseguir viver sem alguém, nem conseguir viver com esse alguém. Fala daquela sensação de querer tanto uma pessoa que sentimos que quase vamos enlouquecer e é uma imploração para ser libertado desse destino. Não pretendo normalizar nem romantizar nada disto, mas nunca se fizeram músicas boas sobre relações saudáveis e era o que eu sentia na altura. Está disponível em todas as plataformas, 'James Nova - My Fado'.

Tem composto músicas ou, agora, está mais focado no humor?
Estou focado no humor e quando vi a reação em massa aos meus vídeos, percebi que poderiam até ser uma alavanca para o James Nova. Componho e produzo sempre que posso, e canto quase todos os dias. Serei sempre músico em primeiro lugar. Tudo o que eu sempre quis foi uma oportunidade para mostrar ao mundo quem sou a nível musical. E quem sabe se essa oportunidade não vem de mãos dadas com os meus vídeos.

 

 

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