Entrevistas

Bibá Pitta fala abertamente sobre o futuro da filha Madalena: "Agora, penso de outra maneira"

Em entrevista à SELFIE, Bibá Pitta fala sobre a filha Madalena e de como a própria convive com o preconceito por ter síndrome de Down.

Continuamos ou não a ser um país preconceituoso?
Sempre! Continuamos. Claro que menos, mas as pessoas são preconceituosas. Há muitos julgamentos que são errados.

E consegue proteger sempre a Madalena desse preconceito ou é inevitável ela dar de caras com ele?
Com certeza que sim. Mas ela nunca tem de ter medo daquilo que ela é. Nunca! E nunca deve deixar de ser a pessoa que é, de viver. E a minha filha Madalena tem uma coisa extraordinária: a autoestima. Só por causa disso, já ganhou.

Há uns tempos, vimos a Madalena numa campanha de moda. Ela gostaria de enveredar por essa área? Tem algum sonho que manifeste?
A Madalena gosta principalmente de montar a cavalo - adora equitação, não falta! -, de ter os seus amigos, de sair de manhã para a escola... E também adora o mesmo que todos nós adoramos: dançar, jantaradas, ver novelas... Ela é uma menina encantadora.

E como se olha para o futuro?
Já sabia que essa pergunta vinha. Não há qualquer problema em perguntar-se. Acho que se deve perguntar tudo. Quando eu morrer, já cá não estarei. Mas uma coisa é certa: todos os dias, desde 1992, quando a minha primeira filha, Maria, nasceu, tento educar os meus filhos de forma a que eles percebam que são do mesmo sangue, melhores amigos e que precisam uns dos outros. No meio dos meus quatro filhos, há uma que precisa de mais e que conta com eles. Agora: também está tudo preparado de forma a que a Madalena esteja segura dela própria. Que nada lhe faltará também.

Ou seja, não há qualquer receio.
Não posso ter, porque, se tivesse receio, não viveria. Estaria todos os dias amargurada, não só por ela como todos os meus filhos e os meus netos. Se me perguntar se, aos 20 anos, pensava de uma maneira e, agora, penso de outra, sim. Sou o mais sincera possível quando digo que, hoje, aos 58 anos, sinto mais essa partida. Só por uma razão: tenho a certeza de que nunca ninguém vai amar tanto a Madalena e cuidar tão bem dela como eu, que sou a mãe dela [longa pausa].

Ter esta estrutura familiar ajuda a que não haja esse receio.
Eu não vivo com esse receio. Vivo da melhor forma possível, que é estar todos os dias a viver com a minha família, a festejarmos as vitórias e a levantarmo-nos das derrotas. Esse receio não é o meu foco.

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