A primeira, e a maior pergunta de todas, é: queres curar as tuas feridas e dar o que nunca recebeste, sentindo inicialmente essa dor de assumires o que te faltou ou queres manter-te na tua zona de conforto, perpetuando feridas e eventualmente traumas? A partir desta primeira resposta surgem as restantes questões, que mudarão (ou não) a forma como encaras a parentalidade. Numa sociedade que sobrevaloriza a criança que é submissa, que não tem voz, que obedece cegamente, que engole as suas emoções, é relativamente simples adotar a postura de pai/mãe que tenta contê-la e, dessa forma, "vencer". Acontece que, nesse caso, a criança perde. Isto é bem mais profundo do que perder naquela decisão ou pedido - ela perde a confiança em nós, em si, no mundo, perde a capacidade de ser flexível, de ser assertiva (não agressiva, nem passiva), perde a certeza de que merece ser respeitada. Na interação com os nossos filhos precisamos de responder à pergunta, com tudo o que isso implica: queremos vencer os nossos filhos ou dar-lhes o amor, a segurança e a proteção que necessitam para vencer ao longo da vida? Estamos juntos.
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