TVI

Virginia López conta tudo em novo livro: "Falta muita empatia, tanto nos reality shows como na vida"

Em entrevista à SELFIE, a escritora Virginia López revela tudo sobre o livro que assina a propósito da passagem pelo "Big Brother Famosos".

Quando nasceu a ideia de escrever "Só Eu Sei Porque Estive na Casa": antes de entrar no "Big Brother Famosos" ou depois de sair?
O convite foi feito nesse sentido: ser a primeira escritora a participar neste programa, para viver a experiência desde dentro e, depois, poder contá-la num livro. Quando entrei, não sabia ao certo como seria esse livro, porque, primeiro, tinha de viver a experiência. O meu objetivo era ficar lá dentro pelo menos 21 dias, mas, afinal, fiquei pouco mais de um mês.

O que podemos esperar deste livro?
O título do livro é uma frase cliché, que já ouvimos muitas vezes, quando os concorrentes dizem "só estando lá"... E é verdade. O livro trata disso, de como é viver na casa e do que se sente, para lá do que se vê pela televisão. E também porque é que este tipo de formato suscita ainda tanto interesse no público e o que é que podemos aprender lá e levar para a nossa vida. Está contado como se fosse um guião, uma história, de forma leve, entretida, mas que ao mesmo tempo permite ao leitor refletir sobre ele próprio. Como seria se eu estivesse lá dentro? Muitas pessoas até me dizem que gostariam, mas não têm coragem. O livro trata disso, dos desafios, da coragem, dos preconceitos, da pertença, das relações pessoais e de como é viver levado ao limite, sem intimidade e com estranhos. E tudo gravado!

Foi fácil reunir tudo o que quis contar nesta obra?
Se calhar, "fácil" não é a palavra certa. Nada é fácil num reality show, sobretudo quando a decisão é ir lá e viver tudo, intensamente, para depois ser contado num livro. Como não tinha o computador, tinha de guardar comigo todas as experiências vividas e as emoções sentidas, para depois poder contá-las. Na vida, não há verdades absolutas, muito menos neste livro. Conto alguns episódios e posso ter deixado outros de fora. Não é um diário, é uma viagem pelos bastidores do programa, desde a minha experiência, o que eu vivi, senti e aprendi e como o leitor pode refletir de que forma isso encaixa na sua própria vida.

Quanto tempo demorou a escrever o livro? Como foi o processo de escrita?
Quando saí da casa, não foi fácil, porque lá lesionei-me, parti o ligamento anterior cruzado e o menisco e tive de ser operada em maio. Então, o processo de escrita bateu com a operação e o pós-operatório. Escrevia de manhã e, à tarde, ia para a fisioterapia. Não preciso do joelho para escrever, mas preciso da cabeça e, estando limitada daquela forma e com dores, no início, não foi fácil. Mas foquei-me nisso, em perceber tudo o que estava a sentir e o que tinha sentido na casa, para escrever este livro. Demorei mais ou menos dois meses. Eu sou bastante rápida no processo de escrita. Quando tenho as ideias, elas fluem com bastante facilidade para o computador.

Depois deste livro, vamos passar a olhar para o "Big Brother" e demais reality shows de outra forma? Corre-se o risco de desvanecer o encanto por este género de formato televisivo?
Não era esse o meu objetivo. Eu perguntava-me: "Como seria estar lá dentro? Porquê é que as pessoas vão? Valerá a pena? Teria coragem para tal?" Estas perguntas são habituais nos telespectadores, mas também as fazemos na nossa vida. Afinal, somos mais corajosos do que pensamos e também podemos aprender algo com um programa assim. De tudo, na vida, se aprende. Mas, para isso, é preciso quebrar os nossos próprios preconceitos e, para isso, é necessária a empatia, isto é, colocar-nos no lugar do outro, olhar com os olhos do outro. Falta muito disto, tanto nos reality shows como na vida, no geral. Se há algo que o livro pode trazer é isso: uma reflexão sobre os preconceitos, as primeiras impressões, a fama, que é um conceito relativo, os haters nas redes sociais e os valores, que é o que verdadeiramente importa.

Porquê a escolha de Marco Costa para o prefácio e de Marie para o posfácio?
Porque representam isso de que estava a falar: como podemos ficar amigos de pessoas com quem, à partida, achamos que não temos nada em comum. E, ao contrário, como, às vezes, passamos a vida ao lado de pessoas de quem, afinal, não gostamos assim tanto... por diferentes razões. Isso são os valores, que unem e desunem. No programa, mais ainda, porque somos apenas 12 ou 14 pessoas num mundo completamente isolado. Depois, o público escolhe favoritos com base nesses valores. E está tudo certo. Eu escolhi-os a eles como símbolo das amizades improváveis, das surpresas boas que a vida nos traz quando nos permitimos ser surpreendidos, do bom que é quebrar os nossos próprios preconceitos, não julgar pelas aparências e porque lá dentro, mais do que amigos, os três fomos uma família. Sem desmerecer os colegas - estou muito grata a todos, com todos eles aprendi e trago amigos para a vida -, Marco e Marie, para mim, representam tudo isso, daí o convite para o prefácio e para o posfácio e para estarem comigo na capa do livro. É uma homenagem à amizade.

Deu o livro a alguém para que o pudesse ler antes do lançamento?
Não, apenas aos meus editores, Rui e Cristina. Gosto de ser livre no processo de escrita. Eu costumo dizer: devemos dançar como se ninguém estivesse a ver e escrever como se ninguém fosse ler. Para sermos fiéis a nós. Claro que, quando escrevo, penso no leitor, mas não fico presa à ideia de: "Será que vão gostar? Será que vai vender? Será que deveria mudar algo?" Prefiro seguir a minha intuição e entregar ao leitor um livro do qual me sinta orgulhosa e que possa colocar ao lado dos outros que já escrevi. Este é diferente, sem dúvida, e, por isso, que sejam os leitores a tirar as suas próprias conclusões.

Está tudo neste livro ou ficaram de fora segredos suficientes para um segundo volume?
Ficam sempre "segredos", coisas por contar, episódios que não cabem ou que não eram tão importantes no momento da escrita. Mas aquilo que pretendia com a experiência está feito. Ir lá, viver na primeira pessoa e contá-lo à minha maneira. Porque só eu sei porque estive na casa. Mas, agora, os leitores vão poder sentir como se estivessem lá dentro, mas sem ter de estar! Segundo volume? Não, não justifica. Mas convido outras pessoas a contar as suas histórias.

Marie revelou, em primeira mão, à SELFIE, que vai lançar um livro e que, para o concretizar, contou com a sua ajuda. Qual foi o seu papel?
O livro chega ao mercado no dia 10 de novembro, já está em pré-venda e a correr muito bem. Assim que conheci a Marie dentro da casa e comecei a ouvir a sua história, senti que devia estar num livro, porque ela é uma inspiração para muitas pessoas e uma lição para muitas outras. Por isso, assim que saí da casa, falei com o meu editor para facilitar o processo. O livro está lindo. Estão lá a Nelinha e a Marie, a menina da Estela e a artista plástica que Portugal ainda não descobriu totalmente, mas que é maravilhosa. Os textos, poemas, reflexões, etc., tudo é dela, assim como os desenhos. Eu ajudei a montar o puzzle, a conduzir a história, a dar estrutura... Estou muito feliz e orgulhosa do livro e, sobretudo, dela.

Já está a preparar o seu próximo livro?
Todos os dias acordo às cinco da manhã para escrever. Sou uma contadora de histórias, adoro ouvir histórias para, depois, contá-las, por isso fui jornalista. Até que entendi que não eram as notícias dos telejornais as que eu queria contar mais. Do que mais gosto é de escrever biografias e histórias de amor e de superação, ajudar as pessoas a contar as suas histórias, seja para um livro, para uma palestra, para vender mais... Quando aprendemos a contar histórias, temos mais sucesso na vida. Eu vou continuar à procura de histórias que valha a pena contar num livro, quer sejam minhas - e, sim, estou a terminar um romance -, quer de outras pessoas, como o caso da Marie.

Relacionados

Patrocinados