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Paulo Salvador distinguido como o melhor jornalista europeu de gastronomia: "Foi uma boa surpresa"

Neste sábado, dia 9, no XVII Congresso Europeu de Confrarias Vínicas e Gastronómicas, em Albufeira, Paulo Salvador recebeu o prémio de "Melhor Jornalista Europeu de Gastronomia do ano de 2019", atribuído pela organização internacional CEUCO - Conselho Europeu de Confrarias. Numa entrevista exclusiva à SELFIE, Paulo Salvador fala sobre este reconhecimento, assume que a gastronomia se tornou numa grande paixão e até revela a sua especialidade na cozinha.

Igor Pires

Como é que vê este reconhecimento?

É uma surpresa, porque estes são prémios - como outros que já recebi e que, felizmente, são vários - aos quais não concorri. Portanto, não sabes se te é atribuído ou não. Neste caso, nem conhecia a organização sequer e foi uma boa surpresa. 

"Best European Gastronomy Journalist 2019" é um dos prémios mais importantes do congresso. Depois deste, qual gostava de receber?

Felizmente, tenho o prazer de fazer aquilo de que gosto, sem estar a pensar nisso. E eu nunca concorri a todos os prémios que já recebi relacionados com a gastronomia - e já são quatro, inclusive internacionais. Portanto, nunca apelei a nenhum júri para me avaliar. Vieram sempre no decorrer do que vou fazendo com o prazer que tenho. Este prémio não me pressiona para mais coisa nenhuma que não seja continuar a fazer o que gosto de fazer. 

Quando começou no jornalismo, alguma vez imaginou dedicar-se mais a esta área?

Não, nunca pensei em dedicar-me à gastronomia até 2009-2010. Foi aí que decidi fazer uma grande reportagem sobre esta temática e que teve um impacto brutal não só em termos de audiências, mas também em mim. Comecei a interessar-me por aquele mundo. 

A gastronomia tornou-se a sua grande paixão?

Completamente. É uma paixão a que me dedico diariamente e acho que faz todo o sentido, porque há muitas histórias que, como jornalista, me interessam. 

"Sabores do mar português" é o tema deste ano do congresso. Qual o sabor do mar que prefere?

Para além da água salgada, peixe fresco. Aliás, eu fiz uma grande reportagem sobre o peixe português - "O Melhor Peixe do Mundo" -, que também ganhou um prémio. 

E entre carne ou peixe, do que mais gosta?

Agora, mais peixe. Há uns anos, mais carne. Agora, também mais vegetais do que há um tempo, mas sobretudo tenho uma noção muito mais clara de que o importante é variar.

Qual o prato favorito?

Não tenho pratos favoritos, porque não há quase prato nenhum de que não goste. Aliás, para fazer reportagens, já comi coisas horríveis. Já comi peixe podre. Já comi coisas muito más. 

Além de apreciador de um bom prato, é também apreciador de vinho? Qual a região vínica de que mais gosta?

Também sou apreciador de vinhos. Não é por acaso que sou fundador do "Wine Summit" em Portugal, um congresso mundial que acontece em Cascais, desde 2017, e que faz uma reflexão sobre o mundo do vinho. Gosto cada vez mais de vinhos, aprendo a gostar cada vez mais de vinhos. Quando vamos provando cada vez mais, vamos conseguindo distinguir as coisas e ganhamos gosto por isso. Não sou um especialista em vinhos, de todo, mas já consegui perceber aquilo de que gosto. Gosto muito - e cada vez mais - dos vinhos do Dão e da Bairrada. São vinhos muito elegantes, muito frescos, não são tão pesados. Mas há alturas em que não há nada como um Douro.

Também é um bom cozinheiro ou é só um bom garfo?

Eu sei cozinhar. Não tenho precisado, porque a minha ex-mulher cozinhava fantasticamente. Mas sei cozinhar e agora estou a tentar desenvolver outra vez as minhas capacidades de cozinhar. Invento muito. Meto-me na cozinha e sei o que quero fazer em termos de sabor, mas vou misturando coisas e, se me perguntarem como fiz, já não consigo repetir. Mas gosto muito de experimentar coisas que eu acho que depois fazem sentido no sabor final. 

Prefere cozinhar ou que cozinhem para si?

Depende da altura. Eu gosto muito quando cozinham bem. Mas, por necessidade e também por algum prazer, gosto de fazer alguma coisa para os amigos. Além disso, como passo muito tempo em restaurantes, às vezes farto-me e só me apetece estar em casa e preparar um cuscuz e está feito. Sem nada mais trabalhoso. 

Qual é a sua especialidade?

Um caril de peixe. Gosto muito de fazer um caril de peixe, com "milhentos" pós e ingredientes, sementes que vou comprar aos mercados indianos, nepaleses, por aí fora. Gosto muito de fazer isso, porque é um prato que sei fazer e nunca sai igual.

Com quem aprendeu a cozinhar?

Não sei. Vi muitas pessoas a cozinhar, mas, quando comecei a viver sozinho, há muitos anos, comecei a cozinhar e, nessa altura, não sei com quem aprendi. 

Tem por hábito dar jantares em casa para os amigos e familiares?

Sim. Quando levo amigos a casa, gosto que eles comam bem e gosto que bebam ainda melhor. Gosto de receber pessoas e que elas tenham o prazer de uma boa mesa. 

É possível conquistar alguém pelo estômago?

Completamente, eu acho que sim. Eu acho que há mulheres com uma capacidade tal para cozinhar que, facilmente, conquistam um homem pelo estômago. Acho que é um elemento de interligação muito importante tal como a empatia.

Depois de "Coisas do Comer" e de "Mesa Nacional", já tem ideias para um novo formato?

Quero continuar a fazer o "Mesa Nacional". Quero ver se, em 2020, fazemos mais uma temporada. Vou fazendo coisas mais ou menos avulsas e exclusivas, conforme aquilo que vai surgindo. 

E porque vem aí mais uma edição de Pesadelo Na Cozinha, já encontrou muitos "pesadelos" por este país? E masterchefs?​

Não tenho encontrado muitos "pesadelos", porque, quando vou a um sítio, já sei com o que posso contar. Mas já tive desilusões. Já tive "pesadelos" em locais que, supostamente, deviam ser um "paraíso". Há expetativas muito elevadas com determinados sítios da moda e, depois, vamos lá e, basicamente, encontramos um "balão de ar". 

Veja, agora, a imagem do prémio recebido por Paulo Salvador - e o momento da entrega do mesmo - na galeria de fotografias que preparámos para si.

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