Assumindo que foi um desafio estrear-se na emissão especial, Cláudio Ramos confessou que viveu "um dia de emoções misturadas". "Chorei assim que entrei no carro, de volta a casa. Chorei quando cheguei a casa, porque sou assim, também. Tenho tanto de forte como de frágil. São muitas coisas misturadas numa pessoa em poucos dias. Mas a vida é assim, estamos todos mais frágeis com o que está a acontecer, e percebi quão importante é estar na linha da frente", descreveu o apresentador.
Depois de se ter mudado para a TVI, Cláudio Ramos disse, ainda, que houve alterações na forma de fazer televisão nos últimos tempos, fruto da pandemia de coronavírus. "Percebi, mais ainda que a televisão que se faz hoje não é televisão que deixei há dois meses. É uma televisão mais vazia de gente, sem o calor do público presente, sem o afeto do toque e apenas com a conversa dos olhos por trás de uma máscara. Isso derrubou-me. Talvez por estar há tanto tempo em casa sem ir a estúdio o choque foi maior, porque parece que, de repente, a pandemia nos roubou também o lado humano por trás das câmaras. Não abracei a Fátima com quem voltei a trabalhar, quinze anos depois, e me recebeu de braços abertos, não abracei a alegria da Fernanda, não agradeci ao Teixeira com um abraço apertado a surpresa boa que tem sido nesta mudança, não abracei a minha Maria, que estaria a estrear-se com igual responsabilidade e precisaria de um abraço como precisei eu, não abracei o Manel nem lhe disse ao ouvido 'finalmente dividimos estúdio'… Falámos todos à distância, sem dizermos nada uns aos outros… Não abracei a equipa, que se foi apresentando aos poucos, atentos, dedicados, com olhos brilhantes e caras tapadas por máscaras que são a defesa. É a prova real do que tantos profissionais de televisão estão a fazer nestes dias para que, em casa de cada um, exista companhia. Esta é a televisão que temos, feita também ela por heróis. Pequenos soldados do audiovisual, que escondidos marcham para que a emissão se cumpra. É emocionante ver. É arrepiante o silêncio e eu, depois de chegar a casa, trocar mensagens com meia dúzia de amigos, tombei", contou o apresentador, de 46 anos, no texto que publicou no blogue "Eu, Cláudio" para fazer um balanço da estreia.
Depois de fazer um mea culpa acerca dos erros que cometeu ao longo da emissão, o apresentador, que se estreou ao lado de Fátima Lopes, recordou, também, o adiamento da estreia do "Big Brother" e agradeceu a solidariedade dos portugueses durante a emissão especial, que permitiu angariar 258.007€. "A realidade é lixada… Mas é a realidade que temos e é com ela que temos de lidar, é esta realidade que temos de fintar. E vamos fintando. O 'Big Brother' foi adiado por conta da pandemia, eu estava fechado em casa há mais de trinta dias e sai ontem, sob fortes medidas de segurança, para ir a Queluz, pela primeira vez, estrear-me na antena da TVI numa missão nobre. É isto que importa. O Universo sabe o que faz e o resultado total da emissão, com o valor acumulado da generosidade de todos, é o que tem de ficar na memória. É ele que nos dá a sensação de dever cumprido e absoluta gratidão pelos espectadores, que, estejamos nós em que antena estivermos, reconhecem o trabalho e acompanham, opinam, criticam, aplaudem… Na prática são eles que mandam em nós e é para eles que trabalhamos", afirmou, antes de confessar: "Quando cheguei a casa, chorei. Chorei, porque percebi, no terreno, que o mundo nunca mais será o mesmo. Não se iludam. E isso é difícil de engolir."