Entrevistas

"Tia Cátia" fala abertamente sobre luta contra cancro: "Abala-me mais a doença da minha mãe do que a minha"

No ano passado, a "Tia Cátia" foi diagnosticada com um cancro da mama e, pouco tempo depois, a respetiva mãe começou a lutar contra a mesma doença. Em entrevista à SELFIE, Cátia Goarmon fala sobre as duas batalhas.

Como está, hoje, a "Tia Cátia"?
Estou ótima. Acho que a minha maneira de pensar, se calhar, até me ajudou a ultrapassar isto de uma forma rápida. E também a viver, porque também se aprende com isto.

O que aprendeu?
Confirmei aquilo que eu achava: cada dia é uma dádiva e temos de aproveitá-lo. Mesmo que o dia de amanhã não aconteça, porque isso pode acontecer, temos de ter a consciência de que vivemos sem culpa e que as coisas estão resolvidas. Não haver um pedido de desculpa para fazer, não haver aquela coisa de "Devia ter feito mas não fiz". Acho que é muito importante vivermos o dia. Este ninguém nos tira. Amanhã, há de ser melhor ou, pelo menos, igual.

Como foi este período de luta?
Foi mais uma luta. Quando me aparecem os desafios à frente, sejam eles melhores ou piores, é para resolvê-los.

Mas também ajuda haver uma boa estrutura familiar.
Ah, sem dúvida! Sem o meu Francisco, sem os meus filhos, sem a minha mãe, sem os meus irmãos, sem os meus primos e sem os meus amigos, teria sido muito mais difícil... Nós nascemos sozinhos e morremos sozinhos, é uma verdade. Mas, neste percurso que é a vida, quanto mais bem acompanhados estivermos, muito melhor.

A sua mãe também ficou doente na mesma altura.
Esteve doente, fez quimioterapia e já foi operada.

Isso abala-a...
... Abala-me mais do que a minha doença. Com a minha, eu pensei: "Pronto, tem de ser. Vamos embora, vamos resolver isto". Com a minha mãe, é diferente, porque eu não posso agarrar na doença dela. No fundo, tive de nutri-la, dar-lhe ferramentas e dar-lhe colinho para que ela pudesse ultrapassar. E está a ultrapassar! Obviamente, com uma idade diferente e um cansaço diferente... Mas nós somos quatro irmãos e somos muito unidos.

Nunca faltou amor.
Não, de todo.

No seu caso, houve sempre uma grande vitalidade. Surgiu sempre aparentemente bem.
Sim. A verdade é que eu não parei. Parei só uma semana, depois da operação.

Isso ajudou?
Ajudou imenso! Nós temos de nos dar colo, é verdade, mas não podemos tornar-nos vítimas. Porque não somos vítimas! Se Deus nos deu aquela situação, é porque temos capacidade de ultrapassá-la. Mas eu não parei porque também não sei parar [risos].

É um defeito?
Não sei se é um defeito... Porque eu também me sinto bem em não parar. Às vezes, as pessoas dizem-me que eu tenho de parar. Mas, se eu parar, não vou sentir-me tão bem. Não me faz sentido ficar de castigo só porque tenho de parar.

Veja, agora, na galeria que preparámos para si, as melhores imagens da "Tia Cátia".

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