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Psicóloga Teresa Paula Marques: "O primeiro Natal sem o ente querido"

Nesta altura, a família costuma reunir-se e é, por isso mesmo, uma época agridoce, já que, se por um lado é agradável convivermos com pessoas que muitas vezes pouco vemos durante o ano, por outro lado, é nestes momentos que está mais presente o vazio deixado pela morte de alguém.

Psicóloga Doutorada em Psicologia
  • 23 dez 2022, 11:41
Teresa Paula Marques
Teresa Paula Marques

Costumo dizer que só quando éramos crianças é que o Natal era sinónimo de felicidade. A nossa imaturidade fazia-nos acreditar que existia um velhinho de barbas brancas que nos presenteava por nos termos portado bem ao longo do ano. Com o avançar dos anos, a fantasia esvai-se e dá lugar à realidade que poderá ser bastante dura.

Quando se perde alguém, as datas que o calendário sublinha, sejam elas o Natal, a passagem de ano ou o primeiro aniversário, são sempre bastante penosas. A alegria dos outros é-nos insuportável, já que parece abrir-nos ainda mais a ferida que temos no peito.

Mas que fazer quando os familiares e amigos insistem na nossa presença? Apesar da boa vontade que os outros demonstram, tenha presente que lhe assiste o direito de recusar os convites, caso sinta que vai ser algo muito doloroso. Porém, se aceitar, aproveite o momento, sem sentir culpabilidade por se estar a distrair. Este aspeto é deveras importante, já que as pessoas enlutadas mergulham de tal modo na tristeza, que, quando algo lhes traz um pouco de felicidade, têm receio de estar a trair a memória de quem partiu. Nada disso é verdade! Aliás, o seu ente querido certamente gostaria que a vida continuasse e não é por se divertir que o vai esquecer. Contudo, há que haver um cuidado redobrado para que não entre em excessos, já que as pessoas que, à partida, têm tendência para consumo excessivo de bebidas alcoólicas podem encontrar aí um escape.

Normalize o seu sofrimento. É natural que esteja infeliz, que se sinta perdido/a… tudo isso faz parte do processo de luto. Procure um "ombro amigo" e desabafe, chore a sua dor. Os seus amigos compreenderão o que sente e não vão exigir de si um comportamento que, neste momento, não consegue ter. 

Caso opte por recusar os convites, porque não fazer algo diferente, como uma viagem, ou então integrar um projeto de solidariedade e dedicar estes dias a quem, como você, necessita de apoio e carinho? Seja qual for a sua opção, tenha sempre presente que as pessoas só morrem quando são esquecidas, e no que depender de si, isso nunca acontecerá.
Boas Festas!

Prof. Dra. Teresa Paula Marques
Psicóloga Doutorada em Psicologia

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