Selfie Sem Filtros

Ana Arrebentinha: "Teria desistido de tudo para cuidar do meu pai"

Convidada da rubrica SELFIE SEM FILTROS, Ana Arrebentinha abriu o coração e confessou que teria desistido da carreira para cuidar do pai, que morreu quando a comediante tinha apenas 20 anos.

"Quando o meu pai morreu, claro que fiquei revoltada, porque foi uma coisa de repente. O meu pai falou comigo num sábado, no domingo morreu e, de repente, é uma chapada. Eu vejo essa imagem como quando tu és pequenina, dás a mão ao teu pai e à tua mãe, e alguém te larga a mão. Foi o que eu senti, naquele dia. Ele largou-me a mão, a mim e aos meus irmãos, e foi....", começou por recordar Ana Arrebentinha.

"Nunca me senti tão perdida na vida como quando ele morreu. Só agora, passados seis anos, é que as coisas começam a ficar mais suaves. Quando tu ouves alguém dizer que não há um dia em que não se pense naquela pessoa que morreu, é verdade! Vai ser, sempre, o homem da minha vida. Foi o homem mais bonito que conheci na minha vida", contou.

Na altura, a comediante assumiu o papel de pilar da família: "Senti que tinha de ser eu! Fui eu que escolhi a roupa para o meu pai, quando ele morreu, porque ninguém era capaz, e, a partir daí, é que vês que tens de levantar a família. És a mais nova, mas tens de ter essa força, e eu tive de ter essa força, não sei de onde… Vi a minha mãe muito em baixo, e eu tive que a ir 'buscar'".

Hoje, o maior medo de Ana Arrebentinha é perder a mãe: "Eu sou muito 'filha galinha' com ela. [...] Se a perco, já não tenho mais ninguém. Tenho os meus irmãos, mas já não tenho pai nem mãe. Fico sozinha, e eu tenho muito medo disso, porque é uma coisa que tu não controlas."

Também por isso faz questão de a mimar, como sempre fez com o pai: "Estou sempre a dizer que gosto dela, a dar-lhe abraços, a dizer-lhe coisas bonitas, porque eu acho que temos de dizer. Eu sempre disse ao meu pai que gostava muito dele, então, quando ele faleceu, fiquei de consciência tranquila, porque não deixei nada por dizer. Ficam é coisas por viver. Eu tinha 20 anos, quando o meu pai morreu, e aí é que vês que é quase como vais dormir, acordas e já passaram 20 anos… Foi o que eu senti, quando o meu pai morreu. Acho que não deixei nada por dizer, mas ficaram coisas por viver."

"Tu deixas de ver essa pessoa. De repente, já não tens aquela pessoa para ligar, nunca mais vais ter para o resto da tua vida. Ele anda sempre comigo, mas nunca mais o vou ouvir, nunca mais vou chegar a casa e ver que ele está lá, apesar de o sentir lá sempre, em todo o lado, mas nunca mais vai voltar e tu tens de saber viver com isso", confessou.

"Se calhar, se ele estivesse cá, hoje, numa cama, eu iria para junto da minha mãe, cuidar do meu pai. Desistia de tudo. Desistia de tudo, de certeza absoluta, e ia cuidar dele. Nem ia pensar duas vezes. Podia arrepender-me, mais tarde, ou não, mas ele precisaria de mim naquela altura...", frisou.

Questionada sobre aquilo de que mais sente falta, Ana Arrebentinha abriu o coração: "O que sinto mais falta é da voz dele. O meu pai tinha umas mãos iguais às minhas, só que os dedos eram muito grossos, e tinha uma pele muito rija, era pele de quem trabalhava no campo, e eu consigo, ainda hoje, sentir a pele dele. Sinto falta disso, do olhar dele, do sorriso dele."

Também por isso, se pudesse voltar a estar com o pai, a comediante preferia o silêncio, um silêncio que diria tudo: "Não lhe dizia nada, só lhe dava um abraço… Se me dissessem que só tinha um dia para estar com ele, não o largava o dia inteiro. Acho que ele também não me dizia nada, só me abraçava. Às vezes, encontro-o, por aí, em sonhos, só que, depois, fico tão entusiasmada e acordo. Mas acho que ele também não me ia dizer nada, ia abraçar-me."

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