Poderá a diabetes afetar a saúde oral? 

Se tiver diabetes, é aconselhável que consulte regularmente o seu médico dentista. As pessoas com diabetes correm um risco mais elevado de terem problemas de saúde oral. 

  • 14 nov 2022, 16:00
João Espírito Santo
João Espírito Santo

A diabetes mellitus faz parte de um grupo de doenças metabólicas que se caracteriza por altos níveis de glicose no sangue. 
 
É causada, quando o corpo não produz qualquer insulina ou não produz a insulina suficiente ou não usa bem a insulina. Podemos dividi-la em dois tipos, tipo 1 e tipo 2, sendo mais frequente a tipo 2.

Estes doentes, muitas vezes, fazem medicação, pelo que é importante estarem controlados. A diabetes pode surgir em indivíduos de qualquer idade. É recomendado que os doentes informem o médico dentista da patologia, bem como do tratamento e da vigilância que está a ser executada. A revisão da histórico médico do paciente e a avaliação dos sinais e sintomas orais de diabetes deve ser efetuada regularmente. 

A diabetes não controlada pode cursar com uma série de manifestações orais, destas podemos destacar a xerostomia, o síndrome da boca ardente , a cicatrização de tecidos e feridas mais dificultada e demorada, o aumento de infeções, infeções secundárias por candidíase; aumento da glândula salivar parótida; gengivite e/ou periodontite. 

Os doentes que têm diabetes podem apresentar concomitantemente outras patologias. No geral, as consultas matinais são as mais aconselháveis, uma vez que os níveis de cortisol endógeno são tipicamente mais elevados neste momento. O cortisol aumenta os níveis de açúcar no sangue e o risco de hipoglicemia é menor. 

Para pacientes em uso de insulinoterapia de curta e/ou longa ação, as consultas devem ser agendadas para que não coincidam com o pico de atividade da insulina, o que aumenta o risco de hipoglicemia. 

É importante confirmar com o paciente se comeu normalmente antes da consulta e tomou todos os medicamentos programados. 

Se um procedimento for planeado com a expetativa de que o paciente irá alterar os hábitos alimentares normais antes do tempo (por exemplo, sedação consciente), a dosagem de medicamentos para a diabetes poderá ter de ser modificada em consulta com o médico do paciente.

Se o consumo alimentar do paciente for afetado após a cirurgia oral, deverá ser estabelecido antecipadamente um plano para equilibrar os medicamentos para a diabetes do paciente e a ingestão de alimentos. 

Pacientes com diabetes bem controlada, geralmente, podem ser tratados de forma convencional para a maioria dos procedimentos cirúrgicos. 

Ao tratar pacientes com diabetes mal controlada, o tratamento dentário pode precisar de ser adiado até que a diabetes do paciente seja considerada estável ou melhor controlada. 
A colocação de implantes dentários é, geralmente, segura e confiável em pacientes com diabetes adequadamente controlada.

Em pacientes com diabetes mal controlada, a colocação do implante pode ter um prognóstico imprevisível, osteointegração atrasada e maior risco de falha. 

A doença periodontal é, normalmente, vista em pessoas com diabetes e é considerada uma complicação da diabetes. Curiosamente, a relação entre diabetes e doença periodontal é vista como bidirecional, o que significa que a hiperglicemia afeta a saúde oral, enquanto a periodontite afeta o controlo glicémico. 

A diabetes e o tabagismo são ambos considerados fatores de risco para a periodontite. Há algumas evidências de que o tabagismo e a diabetes podem ter um efeito sinérgico, embora o(s) mecanismo(s) responsável(eis) não seja(m) claro(s), uma vez que as alterações no microbioma oral, a resposta inflamatória e mesmo a saúde periodontal não são consistentemente relatadas como alteradas, quando se comparam pessoas com diabetes que fumam e não fumam. 

A diabetes também pode afetar a sua boca de outras formas, e pode dificultar a cura, após certos tratamentos dentários ou se se desenvolverem feridas orais. 

Em suma, é importante manter a boca saudável e visitar o dentista, regularmente. 

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