Entrevistas

Pedro Fernandes lança livro infantil: "Escolhi o tema por ter sofrido de bullying"

O radialista Pedro Fernandes revelou, em entrevista à SELFIE, como surgiu a ideia de escrever um livro infantil. A obra vai fazer parte dos manuais do terceiro ano letivo.

Pedro Fernandes já plantou várias árvores e tem dois filhos. Faltava-lhe, apenas, escrever um livro, um feito que também já realizou. Chama-se "O gigante com pés de princesa" e trata-se de uma história infantil que aborda um tema delicado: o bullying.

Em conversa com a SELFIE, o animador da RFM revelou todos os detalhes desta aventura. Do papel da apresentadora Fátima Lopes neste processo, ao facto de ter sofrido, também ele, bullying, na escola.

Como surgiu esta ideia?
Os meus filhos pediam-me, neste caso, o mais novo, pedia-me para lhe inventar histórias, na altura de ir para a cama. Esta história já a devo ter contado ao Martim, para aí há uns três anos. Acabou por ser uma das que gostou mais e, depois, pediu-me para contá-la vezes sem conta. À medida que ia contando, ia acrescentando coisas. Também me esquecia de alguns pormenores e ele corrigia-me. Foi por isso que eu a escolhi para me iniciar nesta aventura.

Esta história fala sobre o bullying. Escolheu este tema por algum motivo especial?
Escolhi o tema, precisamente, por ter sofrido bullying na escola. Tive bastantes episódios. Andei, até à quarta classe, num colégio de freiras, em Lisboa, onde a minha mãe era professora. Era muito protegido. Não eram as freiras que lecionavam, mas o colégio era de freiras. Quando mudei para o quinto ano, os meus pais também mudaram de residência, viemos para a margem sul e fui para uma escola pública e o choque foi muito grande. Os meus pais trabalhavam, na mesma, em Lisboa, e eu ia sozinho para a escola. Fiquei um bocadinho desenraizado e, nessa altura, sofri um bocadinho. Havia, ali, sempre um clima de, quase, terror, na escola, de quando é que ia levar porrada. Foi, assim, durante muito tempo. Nem sei se, na altura, falei sobre isso com os meus pais, já nem me lembro.

Por que motivo acha que isso acontecia?
Era só embirração de bullies. Há miúdos que, realmente, tiram o dia, neste caso, vários dias, meses e, até, anos, para encherem de terror os outros. Como eu era mais tímido, mais introvertido, seria um alvo fácil, não sei. Foram tempos difíceis. Felizmente, consegui dar a volta por cima, mas há miúdos que não conseguem e andam ali numa espiral, que pode levar a um caminho muito feio. Voltando ao livro, recorri aos gigantes e ao tamanho dos pés deles, para falar sobre isso. É um tema atual e achei que seria uma boa forma para despertar as crianças para isso, de que é errado fazê-lo aos outros.

A Fátima Lopes teve um papel preponderante neste caminho...
Ela já nem se lembrava, mas na entrevista que lhe dei, no "Conta-me", da TVI, ela sacou a informação de que eu inventava histórias, da minha mulher, presumo, e pediu-me para lhe contar uma, resumidamente. Foi esta que eu contei e, no fim, disse-me que a história era muito bonita e que devia escrever um livro. Aquilo ficou-me na cabeça e, com a pandemia, quando dei por mim com mais tempo, e em casa, decidi pegar no conselho dela. Compliquei um bocadinho, porque decidi escrever em rima e demorou mais tempo, por causa disso. Quando lhe liguei, para apresentar o meu livro, ela já não se lembrava desta história e ficou muito feliz. Percebeu que tinha tido um papel importante na concretização de um projeto. Não fazia sentido ser outra pessoa a apresentar o livro e fiquei muito contente por ela ter aceitado o convite.

O livro ainda agora "nasceu", mas já conta com uma grande conquista...
Vai fazer parte dos manuais do terceiro ano letivo. Vai ter um excerto do texto para os miúdos interpretarem e analisarem. É um orgulho enorme saber que o texto está a ser tão bem recebido. Neste caso, por quem tem esse papel e responsabilidade de organizar os manuais escolares. Acaba por ser um selo de garantia de alguma qualidade.

Imagine esta situação hipotética: se o Pedro voltar a ser pai, o seu próximo filho pode vir a ter que analisar, na escola, um texto escrito pelo próprio pai.
(Risos) Exato! Tinha a sua graça.

Pensa em escrever mais livros?
Quando me lancei na escrita deste primeiro livro, sinceramente, o meu sentimento, ou o que eu achava, é que ia ser um one shot, ou seja, escrevia esta história e ficava encerrado este capítulo de escrever um livro, plantar uma árvore e ter um filho. Porém, nos filhos, repeti, e nas árvores, também. Portanto, nos livros, sou capaz de repetir, também (risos). O público dirá se vale a pena, ou não, repetir a experiência. Diverti-me imenso no processo e obtive ótimas reações. Vamos ver se tenho mais ideias.

Mas, neste caso, irá manter-se nos livros infantis? Ou podemos ser surpreendidos?
Com o ritmo da minha vida, não tenho muito tempo para escrever uma coisa mais pesada, ou mais profunda, tipo um romance. A escrita infantil é uma coisa que dá muito trabalho, mas é uma coisa mais concentrada. Os livros têm 30 ou 40 páginas, mas têm menos texto e mais ilustração. O tempo da escrita de outro tipo de obras é muito maior e eu, no meu dia a dia, não tenho esse tempo. Para já, só me vejo a escrever este tipo de literatura infantojuvenil, mas nunca se sabe o dia de amanhã. Talvez, quando me reformar, terei mais tempo para me debruçar sobre outros temas (risos).

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